Contribuição ao seminário da Juventude do PT

O golpe de 2016 foi o meio encontrado pelo imperialismo para colocar um governo disposto em ir até o fim na retirada de direitos se apoiando nas instituições apodrecidas. Foi a toque de caixa que Temer aprovou no congresso apodrecido as medidas antipovo até esbarrar na histórica greve geral convocada pela CUT que impediu a contrarreforma da previdência.

Nas eleições Haddad teve 44,87% votos quando achavam que o PT estava morto depois do golpe e da prisão do Lula. Bolsonaro teve 55,13% votos numa campanha que retiraram Lula do páreo, apelou para o caixa 2 para bancar uma enxurrada de fake news, incentivo à violência, com a consequência de um jovem assassinado que estava em carreata pró-Haddad.

O engajamento de setores da juventude em eleger o Haddad é um dos elementos importantes as eleições. Na prática, se dispuseram ao ver o que estava em jogo e o que fazer para enfrentar a política de destruição dos direitos aprofundada pelo golpe. Nos primeiros dias, logo após o 2º turno, ocorreram nas universidades atividades ou assembleias que reuniram centenas de estudantes que declararam o voto 13 por um futuro, logo, por democracia, educação, emprego, direitos trabalhistas, esporte, cultura e lazer.

Foi a resistência do partido que chamou a atenção de vários jovens que reagiram anunciando a disposição em se filiar no partido, se organizar e ser resistência. Querem salvar suas escolas e universidades atacadas pelo desmonte orçamentário da EC 95, ataque à autonomia universitária, com a retirada de conteúdos pela Reforma do Ensino Médio e a Lei da mordaça.

É preciso organizar essa disposição em todos os níveis, nos bairros, nas escolas e universidades, com a UNE e a UBES numa campanha de fortalecimento das entidades de base. A JPT também precisa ocupar um lugar, ter uma política a toda sua militância e, em especial, aos novos filiados petistas.

Alguns elementos para o balanço eleitoral

O aprofundamento da crise no país leva a juventude e os trabalhadores a terem as condições de vida deterioradas. O povo está cansado e tem sede de mudança. A posição do PT de defender o Lula construindo as caravanas que levaram milhares pelas ruas e, em seguida, registrar sua candidatura enfrentando a mídia e o judiciário também colocou o ex-presidente em uma posição de saída real e fez o povo se agarrar na candidatura do PT para enfrentar a situação, tanto que quanto mais a mídia “batia” no PT e no Lula mais nosso candidato crescia na pesquisa e mais o PT se tornava o partido de preferência da população.

Não era admissível para os golpistas capachos do imperialismo permitir a vitória de Lula. Para isso, o judiciário agiu tirando da disputa o principal candidato, abriu caminho para Bolsonaro ser eleito com o discurso antissistema amparado na campanha mentirosa produzida pela indústria das fake news, com apoio de grupos fascistas, contou com a intimidação de empresários contra trabalhadores, forte mobilização de setores das igrejas e, também, com o recuo de Haddad ao abrir da defesa da Constituinte, até elogiar Sérgio Moro e a Lava-Jato para conciliar com as instituições que são contra o povo.

Essa política recuada desenvolvida no segundo turno aliada à pretensa luta contra o “coiso” vazia de reivindicações e desviando-se para o “identitarismo”, agitada especialmente pelo “EleNão”, nos desarmou, nos confundiu com a direita que não defendem os nossos direitos e caiu na armadilha do debate moral colaborando para que o Bolsonaro ganhasse parte de setores da população que eram historicamente eleitores do PT.

É necessário ir a raiz dos erros que pesaram contra nós. Após 13 anos do governo do PT, apesar de ter dado ao povo melhores condições de vida, emprego, saúde e educação, caiu em contradições resultantes da política de conciliação, por exemplo, ao aplicar durante o segundo mandato do governo Dilma o plano de ajuste fiscal do Levy que tentava salvar o superávit primário em detrimento dos serviços sociais, se adaptando as instituições que, nas eleições, violentaram a democracia. Elas seguirão nos perseguindo.

Organizar a resistência: Defender o PT, os direitos e a democracia

Estamos diante de um governo autoritário e disposto a fazer o que Temer não conseguiu. Não significa um governo fascista, pois, pretende governar sob os pilares da constituição de 88 que não mudou as instituições antidemocráticas como o judiciário e o congresso. É um governo que trouxe para dentro mais militares que passaram a tutelar e ameaçar a democracia com vigor. Muitos deles comandaram as tropas brasileiras da ONU que ocuparam o Haiti nos governos Lula e Dilma.

O novo governo se vale dos milicos para garantir os ataques aos direitos e com o judiciário seguir tentando destruir o PT mais do que antes, quando da ação penal 470 prenderam nossos companheiros Zé Dirceu, Genoíno, Vaccari, cuja falta de enfrentamento à época permitiu que hoje mantivessem preso politicamente o Lula e prosseguirá a perseguição ao partido e as organizações sindicais e populares.

Devemos enfrentar esse cenário defendendo os direitos e a democracia com Lula Livre. Não cabem “frente ampla” com a Carmem Lucia, Folha de São Paulo e o PSDB em defesa da democracia como propõe a presidente da UNE. Afinal, não é possível ter democracia sem direitos. Eles não seriam a favor da liberdade de Lula porque eles compactuaram com a prisão política que colaborou para a vitória do Bolsonaro. Tão pouco defendem a previdência e demais direitos que são ameaçados.

Os desdobramentos da situação têm relação com o que fará o PT daqui em diante, ou seja, qual será a política do partido. É necessário fazer um balanço da política desenvolvida nos últimos anos e organizar a militância para a nova situação que se abriu. Podemos ser linha de frente em defesa das entidades estudantis a começar por uma preparação coletiva para o CONEB da UNE, Encontro de Grêmios da UBES e Encontro de APGs.

A Juventude do PT pode ocupar um lugar importante de organizar a juventude nos bairros, nas escolas, nas universidades, nos locais de trabalho na defesa do ensino público, construir uma campanha contra a redução da maioridade penal e junto com o partido voltar para a base social por meio da batalha pela liberdade de Lula.

Juventude Revolução do PT

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