“Dora Leal, assim não dá, sem segurança não dá pra estudar!”

Nessa última segunda-feira (31/03), na cidade de Salvador, a Juventude Revolução esteve presente na manifestação contra o assassinato do estudante de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Charles Muller.

O estudante foi vítima de um assalto em frente a uma das Residências Universitárias da UFBA. Charles, que estava concluindo seu curso, foi mais um jovem assassinado pelo descaso do Estado, no que diz respeito à Segurança Pública, e da Universidade, que há alguns anos já tem em “suas mãos” reivindicações dos estudantes como: melhor iluminação na Universidade e aos seus redores; Guarda Universitária; instalação de câmeras nas proximidades dos campi etc.

As Residências Universitárias da UFBA, em particular, sofrem constantemente com a violência: invasões, falta de ronda policial, assaltos constantes. Tudo isso em residências que ficam próximas ao campus! A rua onde se localiza a Residência Frederico Perez, em frente a qual Charles foi assassinado, não tem praticamente nenhuma iluminação!!!

O direito de estudar é cerceado todos os dias pela violência! Os jovens correm riscos cotidianamente e são os que mais sofrem com esse grave problema social. Quantos dos nossos precisarão morrer?


“Eu não quero ser mais um!” 

Como muitos estudantes disseram na reunião com a reitora: aconteceu o que já prevíamos! Em duas ocasiões, os residentes, com apoio de outros estudantes, ocuparam o Centro de Processamento de Dados (CPD) e pararam a universidade pra apontar os problemas de assistência estudantil em geral. A pauta da segurança estava inclusa. Ou seja, não foi por falta de aviso!

Os estudantes gritaram “eu não quero ser mais um” e “Dora Leal, assim não dá, sem segurança não dá pra estudar!”. Essa foi a clara demonstração da linha política dada ao ato: é necessário lutar pelos nossos direitos! O movimento levou Dora Leal, reitora da UFBA, a comparecer à Reitoria pra ouvir os estudantes. No outro dia, técnicos foram visitar a Residência Universitária.

Qual a saída?

É importante atentar também para os outros acusados de envolvimento no ocorrido: Lailson dos Santos, 20, identificado e preso quando estava a caminho do trabalho – uma empresa de limpeza terceirizada; e um adolescente de 17 anos.

 

Ambos jovens, assim como Charles, com seus direitos negados pelo Estado. Lailson sofre com a exploração da terceirização, ou seja, é negado o seu direito a ter um trabalho digno! É necessário refletirmos: o que levou esses dois jovens (se foram eles) a cometer o crime? Pergunta feita pede resposta: ausência de educação e saúde públicas de qualidade; falta de oportunidades de emprego com salário digno (fim das terceirizações e contratos temporários); falta de acesso irrestrito à cultura, diversão, esporte, lazer.

A juventude não pode se enganar. Somos vítimas de um só inimigo: o capitalismo que retira todos os dias os nossos direitos! Por isso, a Polícia militar na universidade ou a redução da maioridade penal não são soluções para o problema da violência. Ao contrário, a PM é a principal assassina dos jovens e repressora das manifestações; e a redução da maioridade penal só daria mais espaço para ampliar o genocídio da juventude, principalmente negra.

Esse drástico exemplo tem relação direta com diversos debates que a Juventude e os Trabalhadores precisam se apropriar como as Terceirizações, Segurança Pública, Guarda Universitária, Maioridade Penal etc. Sabemos que, infelizmente, esse é “só” mais um exemplo do extermínio cotidiano da juventude. Seja pelos mecanismos diretos de extermínio como a Polícia Militar, a milícia e o crime organizado; seja colocando a juventude contra si mesma como na disputa pelo emprego, pela vaga na Universidade ou simplesmente por um lugar na sociedade, onde lamentavelmente é predominante a lógica do ter para ser.

A JR publicou uma nota (disponível aqui para download) lamentando o assassinato e se solidarizando com os familiares e amigos de Charles nesse difícil momento. No ato, distribuímos a nota, que foi bem recebida pelos estudantes. Muitos leram e outros nos parabenizaram pela iniciativa e conteúdo da nota.

Para além da indignação pelas perdas, fica a necessidade de organizar a Juventude e os Trabalhadores para garantirmos, além da sobrevivência, o acesso à Educação, Arte, Cultura e Lazer.

E é para organizar a juventude de forma independente que a Juventude Revolução realiza de 01 a 04 de maio, em Brasília, o seu 13º Encontro Nacional! E lá, Charles será lembrado!

 Charles vive!

Guarda universitária já! Assistência estudantil de qualidade! Por um plano emergencial de segurança na UFBA!

Não à PM no campus! Não à redução da maioridade penal!

 Rodrigo Lantyer e Rafael Borges, militantes da JR em Salvador – BA.