Greve na USP: estudantes exigem democracia e atendimento das reivindicações

Os estudantes da USP decidiram entrar em greve geral no dia 1° de outubro, exigindo entre outras coisas, eleições diretas para reitor e uma estatuinte livre e soberana. O movimento, que também mantém a reitoria ocupada, tem ganhado força e depois da ultima manifestação no dia 09/10, um novo ato decidido na ultima assembleia e convocado pelo DCE está marcado para o dia 15/10, com concentração às 17h no Largo do Batata em São Paulo.

Na EACH, greve já dura mais de 30 dias
Já na USP Leste, na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), a greve já dura mais de 30 dias. Estudantes, professores e técnicos administrativos mantém praticamente 100% paralisadas as atividades oficiais na USP Leste. A diretoria está ocupada pelo movimento que mantém uma intensa programação de debates e palestras. Apesar do pedido de reintegração de posse concedido pela justiça, os grevistas decidiram manter a ocupação da diretoria.

Os estudantes mobilizados desde antes do inicio da greve exigiam democracia no campus, com eleição direta pra diretor e paridade nos órgãos colegiados, quando, às  vésperas de uma congregação aberta da faculdade, foram surpreendidos pela denuncia de contaminação do solo, feita após exigência de descontaminação do solo por parte da CETESB.

A questão virou tema da congregação, na qual o diretor disse desconhecer o motivo da fixação das placas, da contaminação e mesmo a proveniência da terra, já que o solo contaminado foi trazido de fora por caminhões em 2011, de acordo com denúncias.

Com a saída do Diretor da reunião, que não deu nenhuma explicação satisfatória, professores, estudantes e funcionários iniciaram a mobilização e decidiram entrar em greve.

Ao problema da contaminação do solo se soma o antigo problema ainda sem solução da presença de gás metano,  altamente inflamável,  além das obras não licenciadas.

Fugindo das responsabilidades e alegando problemas de saúde o Diretor José Jorge Boueri, pediu afastamento e antecipou o processo eleitoral, que, entretanto será feito no modelo da lista triplice, sem que os estudantes possam votar.

Já a CESTESB vai e volta com informações desencontradas. Depois da denúncia e da autuação exigindo a descontaminação, deu parecer dizendo que a contaminação não ofereceria riscos aos estudantes.

A comunidade acadêmica, entretanto não está satisfeita. Para Daniela Testa, estudante do curso de Gerontologia “A greve deve continuar, até o atendimento das nossas exigências. Queremos o esclarecimento da contaminação, a punição dos responsáveis e a saída de toda a diretoria”. Elisamara Guimarães, também do curso de Gerontologia acrescentou “queremos também eleições diretas para diretor, a paridade nos órgãos colegiados da USP e a Estatuinte. Nossa pauta também é pela democracia”.

Para Elisamara, “a greve da EACH ajudou a encadear toda essa mobilização na USP por uma pauta comum, pela democracia, por eleições diretas para Reitor, mas que está relacionada com as reivindicações por estrutura, ensino etc.”
O movimento na USP vem ganhando força, com a ocupação da reitoria e a greve geral estudantil.

No dia 09/10 os estudantes  a manifestação reuniu centenas de estudantes.
No Conselho Universitário a proposta de uma estatuinte, ganhou, mas não levou, porque precisava de maioria absoluta (dois terços). Mas a luta deve continuar. Como explica a própria Daniela “A luta pela democracia, por uma estatuinte na USP é histórica. O Estatuto da USP é do tempo da ditadura e é responsável por essas estruturas de poder que temos até hoje na universidade. É isso que queremos mudar”.

A ultima Assembleia, no dia 10 decidiu a construção de um comando geral unificado, com 1 membro para cada 20 presentes nas assembleias de curso e que a manifestação deve ir ao palácio do bandeirantes, exigir a imediata abertura de negociações.
A questão agora é garantir a unidade de estudantes, técnicos e professores em torno de uma pauta comum a toda a comunidade acadêmica: a Eleição direta para Reitor, Estatuinte Livre e Soberana e paridade nos órgãos colegiados, enquanto na USP leste segue urgente a necessidade de resolver o problema da contaminação do solo.