Núcleo Bahia impulsiona a organização dos estudantes de Educação Física e debate rumo do movimento de área.

Estudantes de Educação Física da Universidade Federal da Bahia vêm se reunindo na Faculdade de Educação para debater as pautas do Movimento Estudantil de Educação Física (MEEF) e a intervenção na Executiva Nacional dos Estudantes de Educação Física (EXNEEF). A discussão foi centrada na avaliação do XIX Encontro Regional dos Estudantes de Educação Física (EREEF), que ocorreu entre os dias 11 e 14 de julho, em Salvador. Com cerca de 400 estudantes presentes de todo o Nordeste, foram realizados debates sobre movimento estudantil, formação e megaeventos/esporte.

Num quadro de greve geral na UFBA – professores, estudantes e servidores técnico-administrativos – o MEEF não debateu a greve na educação, se propondo apenas a construir um ato público com os professores e estudantes, mas que não dialogou o suficiente com a sociedade, pela ausência de debate.

Com uma plenária final pouco encaminhativa, questões como a greve nacional dos estudantes e organização política foram discutidas apenas em Grupos de Trabalho, não indo para as mesas e nem saindo como resoluções para o Encontro Nacional. Além disso, o EREEF não é um espaço deliberativo. Todas as decisões e propostas são encaminhadas para o Encontro Nacional, o que faz com que o espaço regional perca seu caráter de mobilização e ação.

Mesmo assim, nós da JR apresentamos três propostas de resoluções: uma moção contra a invasão das tropas brasileiras em uma universidade haitiana e pela retirada das tropas do Haiti que foi aprovada; outra sobre a construção de atividades pela punição dos crimes da ditadura e que a EXNEEF tome parte dessa luta que também foi aprovada; e uma ultima resolução que propunha a EXNEEF se juntar a UNE e reivindicar de Mercadante as pautas da greve que foram entregues em uma marcha dos estudantes em Brasília, esta foi encaminhada para a nacional pela divergência sobre reconhecer ou não a UNE.

UM POUCO DA HISTÓRIA.
O MEEF se organiza na EXNEEF, que historicamente travou lutas por dentro da União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade nacional representativa dos estudantes, e que em 2008, após debates em seu XXIX Encontro Nacional, ocorrido em Porto Alegre, deliberou por não mais reconhecer a UNE como entidade representativa, e também não apoiar a construção e consolidação da Assembleia Nacional dos Estudantes – Livre (ANEL). Nesse quadro, a EXNEEF colocou como central o trabalho de formação de base. Após esse período, em seus encontros regionais e nacionais, a EXNEEF vem mantendo tal posicionamento, sem construir um balanço necessário sobre suas ações e sem posicionamento sobre as entidades gerais. A formação de base pautada pela entidade de área têm sido colocar as discussões específicas, mas não fazendo as devidas relações com as pautas mais gerais. Neste quadro, identificamos como central a retomada deste debate, não de forma polarizada (UNE versus ANEL), mas sim um debate onde os estudantes de Educação Física coloquem a defesa a UNE, pois é a entidade que a maioria dos estudantes se reconhecem, mesmo com todas as contradições da sua direção majoritária, que sem independência política e financeira, serve de instrumento do governo. Além disso, é necessário avaliar as ações da EXNEEF após 2008 e verificar quais os avanços e os retrocessos, e quais devem ser as ações da entidade daqui para frente. Este balanço envolve a construção de pautas gerais que unificam a luta estudantil, como mais verbas para Assistência Estudantil nas universidades, por 380 bilhões para a educação (valor correspondente aos 10% do PIB), conclusão de obras paradas do REUNI e construção de diversas outras, como é o exemplo do projeto do IEFEL (Instituto de Educação Física, esporte e Lazer), que na UFBA está parado no Conselho Universitário desde 2010.

GREVE NA EDUCAÇÃO E PAPEL DO MOVIMENTO ESTUDANTIL.
Por pautas como mais verbas para Assistência Estudantil (1,5 bilhão), por contratação de mais professores com Dedicação Exclusiva e servidores, e por infraestrutura adequada, dentre outras, os estudantes das universidades federais em todo o Brasil entraram em greve. A UNE entregou uma carta a Mercadante, do Ministério da Educação, com uma lista de pautas de diversas universidades e reivindicações nacionais, colocando um prazo de 15 dias para a resposta, o que não aconteceu. Neste quadro, por que não a unidade dos estudantes para exigir a conclusão de 70% das obras do REUNI? Por que não a unidade dos estudantes para triplicar as verbas da assistência estudantil para 1,5 milhões? Por que não a unidade para exigir um posicionamento de Mercadante sobre a carta? É necessário cobrar o atendimento das reivindicações e mobilizar os estudantes em torno da UNE para forçar nossa entidade a colocar no centro as reivindicações da base, colocando as contradições de sua direção para a base estudantil, construindo por dentro uma entidade combativa, independente e de luta.
É chamando a responsabilidade da UNE que a EXNEEF deve mobilizar e organizar sua base. E isso só será feito a partir do reconhecimento da UNE enquanto entidade nacional e de um balanço concreto das suas ações, apontando quais são as tarefas necessárias para organizar o MEEF. É no ENEEF, espaço deliberativo do MEEF, e que este ano acontecerá na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que os militantes de área organizados têm o papel de colocar este debate e impulsionar os estudantes a colocarem suas entidades em movimento. Além disso, temos a tarefa de, num encontro estatutário alterar a resolução que coloca que apenas o ENEEF é um espaço deliberativo. Os EREEFs são espaços importantes e que tratam de questões regionais e também nacionais. Com essa alteração, o MEEF a nível regional ganha mais autonomia em suas ações.
Os militantes da JR tem um papel neste processo, que é impulsionar a organização dos estudantes de Educação Física e de outras áreas a somarem a luta na construção de um movimento estudantil combativo, independente e de luta.

Clara Lima, militante da JR/IRJ em Salvador/BA.

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