Sobre a situação da reitoria da UFSC

Em 27 de novembro a Juventude Revolução e a União Catarinense das e dos Estudantes (UCE) estiveram presentes na aula pública “Resistência ao abuso de poder e ao fascismo”, realizada na Universidade Federal de Santa Catarina. A atividade teve como objetivo discutir o Estado Democrático de Direito e a Autonomia Universitária. Tivemos a oportunidade de debater nossas posições sobre o Estado de Exceção que vivemos, principalmente em relação aos últimos acontecimentos da universidade.

A UFSC passa por momentos incertos quanto à sua administração, visto os acontecimentos que tiveram início com a ação da Operação Ouvidos Moucos que afastou o reitor sem provas concretas e com acusação de obstrução de justiça. No dia 14 de setembro, a Polícia Federal prendeu 7 pessoas na universidade, incluindo o então reitor, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, culminando no suicídio do mesmo no dia 02 de outubro. A PF e Ministério Público Federal o prenderam e afastaram da universidade em uma investigação sobre desvio de recursos sem ter apresentado nenhuma prova e sem dar a Cancellier a chance da plena defesa.

No dia 10 outubro, o Conselho Universitário da UFSC (CUn) aprovou a permanência da vice-reitora de Cancellier, Alacoque Erdmann, no cargo de reitora até 2020, contudo o Ministério da Educação entrou em contato afirmando que há uma nota técnica que estabelece os procedimentos necessários para a escolha de novo reitor. Nesse meio tempo, a reitora em exercício suspendeu o afastamento do corregedor geral da universidade, membro que trabalha juntamente ao MPF nas investigações na UFSC. O chefe de gabinete da reitoria e outros membros da universidade sofreram pressão do MPF para deixarem seu cargo o que resultou em vários pedidos de exoneração por parte dos citados. A UFSC, assim como diversas universidades brasileiras, passam por um crise, reflexo do estado de exceção que vivemos hoje e do judiciário que extrapola seus limites e avança colaborando com um projeto de sucateamento da educação pública brasileira e a destruição dos direitos dos trabalhadores e da juventude.

No dia primeiro de novembro ocorreu uma sessão extraordinária do CUn objetivando decidir como se dará o processo de escolha do novo reitor, após afastamento médico da reitora em exercício. Ubaldo Balthazar, diretor do Centro de Ciências Jurídicas e membro mais antigo do conselho, é aprovado por unanimidade reitor pro tempore até 26/04/2018, prazo solicitado ao MEC para a nomeação do novo reitor, além disso haverá uma consulta à comunidade universitária no dia 24 de março. A recente licença médica do corregedor geral da universidade mostra uma reviravolta na história, já que ele vinha trabalhando juntamente a PF nas investigações e é uma figura representativa das perseguições que o sistema educacional público brasileiro vem vivendo.

É essencial termos a clareza que a operação envolvendo a Corregedoria Geral da União(CGU), Ministério Público Federal, a Polícia Federal e Judiciário demonstram o apodrecimento das instituições e seus órgãos, além de, no caso em específico, atacar o caráter público da universidade. Os acontecimentos na UFSC não são casos isolados. Situações de perseguição, fechamento de universidades, redução de bolsas e cancelamento do PIBID são partes do plano imperialista para o destruição de direitos adquiridos através de muita luta do povo. Não há como confiar nas instituições do país e para a revogação de todos os retrocessos e contrarreformas a saída é eleger Lula presidente para que ele convoque uma constituinte soberana com o intuito de reverter as medidas golpistas e abrir caminho para as reformas populares.

Raíssa Lira – militante da Juventude Revolução de Florianópolis

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