Genocídio da Juventude Negra não é “deslize de comunicação”!!

Virou noticia o fato de que vazou do comando da Policia Militar de SP, na cidade de Campinas uma ordem para que num determinado bairro uma abordagem fosse realizada focando especialmente jovens negros e pardos entre 18 e 25 anos, que estivessem reunidos em grupos de 3 a 5 pessoas.

Em sua defesa o comando da policia militar afirmou em nota que se tratava de um pedido baseado na busca de um grupo com “características específicas, que por acaso era formado por negros e pardos”.

Já o Porta Voz da PM em São Paulo, Capitão Eder Antônio de Araujo, em entrevista ao Portal G1 classificou o “incidente” como um “deslize de comunicação”.

Desculpas da Policia Militar à parte, os dados oferecidos pelas pesquisas sobre o número de assassinatos no Brasil, incluindo aqueles cometidos pela policia, teimam em refutar o argumento de “deslize de comunicação”.

Segundo o estudo Mapa da Violência, Só no ano de 2010 ocorreram 49.932 homicídios no Brasil, dos quais 26.854 eram jovens entre 15 e 29 anos, a maioria negros (74,6%).

A Polícia, militarizada por um decreto da ditadura em 1969, é responsável por grande parte dos assassinatos de jovens nas periferias. São comuns os registros de “resistência seguida de morte” que aparecem em Boletins de Ocorrência (BO) e que recentemente passaram a ser questionados.

E para além das ordens escritas, há provavelmente as não escritas, mas igualmente dadas e cumpridas. Reportagem recente da Caros Amigos entrevistou um policial civil responsável por investigar os grupos de extermínio instalados na PM de SP, auto denominados “caixa dois”, que na verdade são a continuidade dos esquadrões da morte da ditadura. Na reportagem o Policial constata que a matança pela policia é “cultural, institucional, vem da formação deles. Além disso, há muito incentivo dentro dos batalhões.”

Já neste ano, está sendo investigada a possibilidade de que Policia Militares tenham cometido uma chacina na Zona Sul de SP, no Campo Limpo, em que pelo menos 4 jovens foram mortos. E um homem que gravou um vídeo de PMs assassinado um pedreiro no ano passado também.

Nas periferias, contra os jovens, principalmente os negros, muitas vezes a PM atira primeiro e pergunta depois. E muitos dos assassinatos, registrados nos BOs como “resistência, seguida de morte”, são na verdade execuções da policia, realizadas com tiros na nuca, nas costas, na cabeça ou nas costas, como denunciaram procuradores de SP em audiência no ano passado.

Os números são de guerra e a prática é de genocídio! Passou da hora de acabar com essa herança da ditadura militar e desmilitarizar a PM, cuja estrutura, condenada, onde imperam baixos salários e proibição de auto organização dos trabalhadores para melhorem suas condições, está comprometida com a  corrupção, a violência e o preconceito!

Jorge, é militante da JR em São Paulo