Na USP, ato lança campanha da Comissão da Verdade na universidade.

No ultimo dia 12/06 foi realizado ato que lançou a campanha pela instalação da Comissão da Verdade da USP. Centenas de estudantes lotaram o auditório que contou com a presença de professores, técnico administrativos e convidados, que lotaram o auditório da Faculdade de Economia e Administração (FEA).

Para Marilena Chauí, professora da USP, e uma das debatedoras, o ambiente da USP durante a ditadura era apavorante, “Você vinha para cá e não sabia se voltava para casa, se não seria preso ou torturado. Portanto você não sabia se seus alunos viriam. Se faltavam, você não ousava perguntar por quê. A mesma coisa com relação aos colegas. Havia policiais à paisana nas salas de aula. Nós éramos vigiados noite e dia”.

Além disso, retratou o papel das instituições criadas durante a ditadura e que até hoje sobrevivem na universidade. “As cassações [de professores] não vieram do alto: as congregações se encarregaram de delatar e denunciar. Foram os civis acadêmicos dentro da universidade que fizeram uma ‘limpeza de sangue’. Uma coisa sinistra! Isso não pode ficar em branco. Uma Comissão da Verdade tem que dizer isto. A estrutura da nossa universidade é a que a Ditadura, através do MEC e do acordo MEC-Usaid, introduziu no Brasil, e que na nossa [universidade] se cristalizou. A Comissão da Verdade tem que mostrar quem implantou tudo isso, as datas, os decretos. Precisamos fazer uma devassa do acordo MEC-Usaid, se quisermos democratizar a universidade”.

 O professor Edson Teles da Unifesp, destacou as limitações da Comissão Nacional da Verdade, tanto por apurar um período mais longo que o da ditadura militar (1946-1988) descaracterizando a necessidade de apurar os crimes que a ditadura cometeu, além do fato que uma de suas finalidades é “promover a reconciliação nacional”, ao invés de apurar e punir os criminosos da ditadura.


Entulhos da ditadura sobrevivem na USP

Atualmente ainda podemos ver claramente os entulhos da ditadura dentro da USP, como os repetidos episódios de truculência da Policia Militar dentro do Campus. Em maio estava previsto o inicio da tramitação dos processos administrativos, contra 51 estudantes que participaram da ocupação da reitoria em novembro do ano passado. Porém foi adiado sem data definida, após mobilização de estudantes da USP, UNICAMP e UNESP.

Os processos que foram abertos pela Procuradoria Geral da República podem chegar desde a uma advertência verbal, até a expulsão dos estudantes, como ocorreu em processo similar em dezembro do ano passado, no qual seis estudantes foram expulsos após participarem da ocupação de um prédio da moradia estudantil, que estava sendo usada por um órgão da reitoria. Um verdadeiro ataque a democracia e a organização dos estudantes na USP, que são verdadeiros reflexos do entulho da ditadura militar na universidade, até porque o documento em que a reitoria se embasa para a acusação, é dessa época.

Como relata a professora Heloisa Borsari, presidente da Adusp, “Em paralelo à importância histórica que cerca o pedido de criação da Comissão, é preciso situar o atual momento vivido pela USP, sob a gestão do reitor João Grandino Rodas, em que vigora um conjunto de políticas repressivas e autoritárias, com perseguições e práticas punitivas contra estudantes, servidores técnico-administrativos e docentes”.

A Juventude Revolução que esteve presente no ato se soma na USP a construção dessa comissão e à luta pela punição de todos os criminosos da ditadura. É hora da mais ampla unidade para punir os assassinos e torturadores que continuam a solta e começar a varrer os entulhos da ditadura que sobrevivem.

Joelson Souza, é militante da JR em São Paulo  – SP

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