
A agenda de volta às aulas presenciais está em curso em vários estados do Brasil. Em alguns deles, já é uma realidade, como é o caso do Amazonas, e em outros, a volta está muito próxima, como é o caso do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo e Minas Gerais. A juventude e educadores resistem aos governos que pressionam pela retomada, mas sem apresentar propostas acerca das condições de segurança necessárias para que ela se efetive.
Em Manaus (AM), onde as aulas presenciais foram retomadas no dia 10 de agosto, em um mês já foram cerca de 1,7 mil profissionais afastados por coronavírus. No Espírito Santo, o plano de retomada das aulas presenciais chegou a estabelecer um protocolo com orientações sobre como atuar diante de possíveis mortes, sugerindo que “havendo óbitos de alunos ou de profissionais da escola, e se for algo desejado pela comunidade escolar, o grupo pode organizar ritos de despedida, homenagens, memoriais, formas de expressão dos sentimentos acerca da situação e em relação à pessoa que faleceu”. Parece piada, mas é um exemplo concreto do tamanho do descaso dos governos com a vida dos estudantes e funcionários.
No Rio Grande do Sul, onde as aulas presenciais para escolas privadas e públicas da Educação Infantil já estão permitidas desde o dia 8 de setembro, com previsão de retomada do Ensino Médio no próximo mês, o governo mandou um “termo de responsabilidade” para os pais dos estudantes assinarem assumindo o risco da possibilidade de contaminação. Sem mencionar nenhuma medida de segurança além do distanciamento social, o documento diz que este será organizado a partir do preenchimento dos termos, ou seja, nem isso foi pensado ainda. Um absurdo, é roleta russa com a vida dos estudantes!
Queremos estudar, mas com segurança!
A juventude quer estudar, quer voltar pra escola pra ter ensino de qualidade e não esse “faz de conta” que é o EAD, que metade dos estudantes sequer tem acesso, se preocupa com o ENEM chegando em janeiro, com o ENCCEJA em dezembro. Porém, para a volta às aulas presenciais acontecerem, é preciso muito mais que simples promessas. O sucateamento da escola pública é uma realidade que o governo Bolsonaro faz questão que permaneça, cortando bilhões do orçamento da educação. São diversas escolas em todas as regiões do Brasil sem estrutura mínima, o que traz altos riscos de contaminação. Como voltar às aulas presenciais em um cenário como esse? Os governos têm a responsabilidade de garantir testagem em massa para a comunidade e todas as medidas de segurança necessárias na possibilidade de volta.
O que fazer?
A luta tem que travamos é na linha das exigências e garantias de segurança. O governo quer voltar às aulas presenciais? Não é só o distanciamento social que precisa ser organizado, são necessárias mudanças na estrutura da escola para garanti-lo, testes para toda a comunidade, além dos alunos, professores e funcionários, EPI’s, é preciso garantir a alimentação dos estudantes através da merenda escolar, condições de segurança e proteção, entre outras coisas. Não tem papo furado, queremos ter acesso ao nosso direito que é educação pública de qualidade, queremos viver!
Por isso, seguiremos organizando reuniões amplas, abaixos-assinados, atos em frente às escolas ou SEDUC’s (Secretárias de Educação), colagem de cartazes, etc, ajudando os estudantes a resistirem, junto com a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que tem a responsabilidade de organizar os estudantes na luta por essa reivindicação.
Convidamos todos a participarem das nossas reuniões de núcleo para organizar a mobilização, exigindo testagem e condições de segurança para a retomada das aulas presenciais. Vem com a gente!
Márcia Damke, Conselho Nacional da JRdoPT (RS)