João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, foi espancado até a morte em uma loja da bilionária rede francesa de supermercados em Porto Alegre. O fato ocorreu um dia antes da data em que é celebrada o Dia da Consciência Negra. A empresa vem à público dizer que “lamenta” o ocorrido e que resolverá a situação demitindo os funcionários envolvidos, inclusive um deles era PM, como se apenas isso resolvesse os vários casos de racismo em suas lojas. Funcionários recebem ordens e se agiram repetidas vezes desta forma é porque há intenção da empresa com essa prática. Este não é um caso isolado nas lojas da rede Carrefour ou em qualquer outra loja ou estabelecimento de grande porte. Nós negros e negras somos sempre alvos da perseguição das forças de “segurança”, seja da polícia militarizada, guarda, vigilância etc. que são orientadas a proteger o patrimônio dos brancos ricos de quem teve o seu patrimônio material, histórico e cultural roubado por um processo de sequestro e escravidão que constituiu o Brasil enquanto nação.
Este país foi construído com o sangue do povo negro, que ainda hoje vive as duras penas que a brutalidade da escravidão lhe herdou. Fome, desemprego, trabalhos precários, criminalidade e genocídio é o que tem sido reservado por este sistema para o povo preto, com o aval de um governo declaradamente racista, que compara os quilombolas a animais. Quando o governo Bolsonaro, detentor do poder do Estado, vai a público chamar negros de animais e defender o extermínio operado pela polícia militar contra a população negra e pobre, se autoriza moralmente que práticas como essas sejam toleráveis. Não por acaso, pouco tempo depois do assassinato na loja, o vice presidente, general Mourão, foi a público dizer que não existe racismo no Brasil, mostrando de vez a face racista deste governo.
Enquanto isso, este mesmo governo corta recursos para todos os níveis da educação pública, retira direitos trabalhistas, rebaixando a renda e a qualidade de vida da população, e aumenta os investimentos na área militar. João Alberto, assim como milhões de brasileiros, vivia de bicos e foi vítima da lógica racista desse sistema, onde negros e pobres são vistos como problemas sociais que devem ser exterminados.
Assim como o caso George Floyd nos EUA, João Pedro, Ágatha, Miguel e a imensa lista de pessoas negras assassinadas todos os dias no Brasil pela lógica racista do sistema capitalista, o assassinato de João Alberto, e mais nenhum outro, pode passar ileso. É preciso gritar que vidas negras importam, organizando atos exigindo punição aos mandantes destes crimes, mas para além disso, exigindo condições dignas de vida para a população negra que é alvo da política assassina desse sistema e dos governos que o mantém.
Juventude Revolução do PT