REDOBRAR OS ESFORÇOS NA LUTA PELA LIBERDADE DE LUISA HANUNE

A situação se agrava na Argélia. Luisa acusada de conspiração e mais líderes detidos, reforça a necessidade de ampliação da campanha internacional pela liberdade de Luisa Hanune e todos os presos políticos. Por isso, no dia 25/09/2019, voltaremos à Embaixada da Argélia em Brasília para manifestar nossa solidariedade e exigir a libertação.

Abaixo reproduzimos textos da circular nº 2 publicada pelo Acordo Internacional dos Trabalhadores e dos Povos – ACIT.

Junte-se a nós nessa campanha!

Processo iminente?

O canal 3 da rádio nacional, anunciou em 4 de agosto a iminência do julgamento de Said Bouteflika (irmão do presidente Bouteflika), Toufik, Tartag (ex-chefes dos serviços de segurança) e Luisa Hanune. Imediatamente, Me Brahimi, advogado de Bouteflika, negou: “Sou formal, a informação dada pela rádio nacional é falsa. O caso ainda está em instrução”. Sim, mas … o canal 3 é uma rádio nacional, isto é, controlada pelo regime, e sua “informação” indica alguma coisa. Nos próximos dias veremos o que é.

Trata-se de algo que tem um significado: é a tentativa do porta voz do regime de amarrar o destino de Luisa Hanune ao clã do irmão de Bouteflika. É uma vontade do regime, assumida por outros grupos políticos, afirmar que Luisa Hanune não está presa devido ao seu apoio à revolução em curso na Argélia, mas por fazer parte de uma conspiração com o
clã do irmão de Bouteflika.

O que é obviamente contrário aos fatos. O argumento era que ela havia participado de uma reunião com o Irmão Bouteflika e Toufik, uma reunião banal e informal para a qual, como lembrou um líder do Partido dos Trabalhadores na conferência de imprensa do Comitê Nacional pela libertação de Louisa Hanoune em 29 de julho, ela tinha ido a pedido de Said Bouteflika, assessor oficial do presidente, para dizer que “o presidente deve sair assim como o governo e as duas câmaras parlamentares devem ser dissolvidas”.

Foi nestas circunstâncias que Luisa Hanune e o grupo parlamentar do Partido dos Trabalhadores decidiram renunciar ao Assembleia Nacional Popular. Luisa Hanune foi a porta-voz da demanda do povo para que todo o regime fosse embora. E esta é precisamente a razão pela qual o juiz de instrução a acusa de “conspiração para mudar o regime”.

Não há conspiração, mas na verdade um desejo de mudar o regime, que é a exigência de dezenas de milhões de argelinos. Faz quarenta e cinco anos
desde que a ativista Luisa Hanune lutou contra o regime, inicialmente na clandestinidade sob o regime do partido único (que lhe rendeu seis meses de prisão em 1984, e novamente em 1988, durante o levante da juventude em Argel que o regime reprimiu, fazendo quinhentos mortos).

Após a introdução do sistema multipartidário e sua eleição para o Assembleia Nacional Popular, ela continuou a combater o regime e suas políticas de todas as formas. Nos últimos 20 anos, ela teve a oportunidade de conhecer muitos líderes políticos, incluindo o Presidente, Primeiros-Ministros, Ministros, o chefe do Estado-Maior Gaïd Salah e líderes da oposição. Faz parte da política e dos seus deveres como membro do Parlamento apresentar questões, intervir, lutar neste ou naquele caso.

Por exemplo, em 2010, Luisa Hanune e o Partido dos Trabalhadores lutaram contra a privatização do maior complexo siderúrgico da África, vendido para a Arcelor-Mittal. Em 2010, uma reunião com milhares de trabalhadores foi realizada na cidade de Annaba, com os líderes do complexo siderúrgico, membros da UGTA e Luisa Hanune. E não parou por aí, ela dirigiu-se ao presidente, os ministros, multiplicando os passos, para levar essa demanda pela renacionalização.

Em 2013, o governo cedeu e renacionalizou o complexo. Este é apenas um exemplo da luta da militante Luisa Hanune. E contrariamente às afirma-
ções maliciosas aqui e ali, não cessou, especialmente nos últimos seis anos, de concentrar seus golpes contra a fração dominante do regime que vendeu e desafiou todas as conquistas.

Ela Liderou uma feroz luta contra o líder dos patrões argelinos Haddad e a oligarquia que denunciava como predadores, corruptores. E todos sabiam que na Argélia esse patrão era muito próximo do clã Bouteflika e que atacá-lo era atacar esse clã.

Além disso, em 2015, dezanove personalidades argelinas, incluindo combatentes durante a Guerra de Libertação Nacional, como Zohra Drif (que é agora o presidente da comissão de apoio à libertação de Luisa Hanune) e Lakhdar Bouregaâ, herói da luta de libertação nacional, bem como Luisa Hanune, assinou uma carta aberta, “a carta dos dezenove”, ao presidente Bouteflika pedindo para ser recebido por ele, para verificar como a carta dizia “se ele era autor das medidas e leis que lhe são atribuídas”. E esta carta dos dezenove denunciou publicamente o clã oculto que realmente governava o país.

Essa é a realidade da luta de Luisa Hanune. E hoje, Luisa Hanune e Lakhdar Bouregaâ (mujahid de 86 anos) estão presos por causa das decisões políticas do regime.

Comunicado de 31 de julho do comitê argelino.

Adesões à Campanha Internacional

Entidades, partidos e organizações de dezenas de países já enviaram moções. No Brasil mais de 100 entidades já adotaram posição pela libertação de Luisa Hanune. Entre elas estão o PT, a CUT, O PSOL, o PC do B, a UNE, a CMP, a CNTE e muitas outras. Além disso mais de 700 dirigentes, parlamentares e militantes de diversas organizações e entidades enviaram sua adesão individual.

Modelo de moção

Liberdade imediata e incon dicional de Luisa Hanune

Desde o último dia 9 de maio, a secretária-geral do Partido dos Trabalhadores da Argélia, Louisa Hanoune, encontra-se presa por decisão do Tribunal Militar de Blida, após atender convocação a prestar depoimento como testemunha.

Essa prisão é injustificada sob todos os pontos de vista. Louisa Hanoune é uma militante de larga trajetória na Argélia, tendo sido candidata pelo seu partido a presidente da república em três oportunidades – em 2004 foi a primeira mulher argelina a candidatar-se a esse posto, em 2009 e em 2014-, além de deputada da Assembleia Nacional por cinco mandatos consecutivos desde 1997. Louisa é também uma das coordenadoras do Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos.

A sua prisão por um tribunal militar ocorreu às vésperas de grandes manifestações de massa pelo “fim do sistema” que ocupam as ruas de Argel e outras cidades do país todas as sextas-feiras desde 22 de fevereiro passado, com o povo argelino expressando de forma contundente a sua vontade de construir uma democracia verdadeira.

Muitas já são as vozes que se levantam na Argélia e outros países, independente da opinião política de cada um, contra essa arbitrariedade. Nossa organização (sindicato, partido ou movimento) se soma a elas na exigência dirigida às autoridades responsáveis pela sua prisão.

ENVIAR PARA: julioturra@cut.org.br

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