Ditadura nunca mais!
Neste 1º de abril de 2021 se completam 57 anos do golpe que lançou o Brasil na ditadura militar, que persistiu de 1964 a 1985. Esse golpe foi patrocinado pelo imperialismo estadunidense que buscava preservar sua posição de controle sobre a América Latina, sobretudo após a revolução cubana em 1959, alguns anos antes. Com a mão de ferro dos militares se deu início a uma perseguição sistemática do movimento operário, do movimento do campo e do movimento da juventude. Várias organizações políticas definidas como terroristas e lançadas na clandestinidade, diversos militantes presos e torturados ou assassinados, sobretudo a partir de 1968 com a edição do Ato Institucional nº 5. A ditadura se manteve até que o movimento dos trabalhadores conseguiu reunir a força necessária para grandes mobilizações como as greves no final da década de 70, que viriam a desembocar em seguida na fundação do PT em 1980 e da CUT em 1983. Com a aprovação da famigerada Lei da Anistia em 1979 os militares saíram ilesos de seus crimes cometidos. Ainda hoje precisamos levantar a bandeira da punição para todos os assassinos e torturadores da ditadura, para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça.
É preciso varrer o entulho da ditadura!
A ditadura acabou mas no processo de redemocratização as instituições políticas do país foram preservadas. Um dos principais efeitos disso na vida do jovem é a existência da Polícia Militar. Ela foi fundada antes da ditadura, é verdade. Mas nesse período adquiriu a doutrina da segurança nacional, que hoje é utilizada para realizar verdadeiras operações de guerra contra o povo preto e pobre nas periferias do país. Uma doutrina onde se bate primeiro pra depois perguntar o nome. Onde um jovem negro é suspeito de crime simplesmente por ser negro, e pode vir a ser assassinado dentro de sua própria casa como João Pedro, ano passado no Rio de Janeiro.
Em entrevista que compartilhamos aqui no site, um tenente-coronel da PM afirma que o sistema de segurança pública previsto na Constituição de 1988 é o mesmo da ditadura, não hove nenhuma mudança significativa. Um sistema que, a pretexto da segurança nacional, considera que existe um inimigo interno a ser combatido. Sabemos muito bem quem: a população negra e pobre, sobretudo jovem, que luta para sobreviver na selva de pedra do capitalismo. É preciso mudar esse sistema. Uma verdadeira Assembleia Constituinte Soberana seria capaz de varrer todo esse entulho e abrir caminho para reformas importantes como a desmilitarização das polícias, o que representaria um passo importante na luta pelo fim do genocídio da juventude negra.
Bolsonaro genocida é apoiador da ditadura!
Não é de hoje que sabemos que o genocida é entusiasta do período mais nefasto da história do nosso país. Não esquecemos a absurda homenagem ao torturador Brilhante Ustra que ele realizou, ainda como deputado, para justificar seu voto favorável ao golpe contra a presidente Dilma Rousseff do PT. Hoje o poder executivo está recheado de militares e a Lei de Segurança Nacional criada pela ditadura para perseguir os movimentos populares é usada a torto e a direito para silenciar aqueles que se opoem ao governo como os 25 jovens detidos em Uberlândia/MG por criticá-lo na internet ou os 5 petistas em Brasília por estender faixa denunciando o genocídio que vivemps. Bolsonaro usou a PF para intimar a professora Erika da UFRPE a depor por seu sindicato instalar outdoors acusando o genocida por sua política na pandemia.
Hoje, neste 1º de abril, relembramos os 21 anos de ditadura militar para atualizar nossas bandeiras de luta em defesa de um futuro digno para a juventude, uma luta que realizamos ao lado dos trabalhadores. Hoje o Bolsonaro tenta nos sufocar e retirar nossos direitos, por isso gritamos “nenhum dia a mais para esse governo”. As demais instituições políticas não ficam para trás e ao lado do executivo aplicam uma política de destruição. Não aceitamos. Nenhum dia de paz para esse sistema!
Hélio Barreto, membro do CNJR