A alta abstenção de jovens nas eleições é um recado. Um recado dos jovens que não veem saída neste sistema podre

Após as eleições de 2020 um dos fatores que mais chamaram atenção foi o tamanho das abstenções à nível nacional. Com números recordes (o maior nos últimos 20 anos), em algumas cidades, o número de abstenções “foi o grande vitorioso”. Sem sombra de dúvidas, um resultado como esse chama atenção. Só no primeiro turno o número de eleitores que abriram mão de votar foi de 23% e no segundo turno esse número chegou a 29%.

Quando olhamos esses dados sob a perspectiva dos votos vindos dos mais jovens, os números são mais alarmantes! Cresceu em um total de 124% entre os jovens de 18 anos ao se comparar com as eleições de 2016. Em São Paulo, maior cidade do país, o número de jovens que se abstiveram de votar chegou a 142% e na cidade do Rio de Janeiro, segunda maior, chegou a 152%. São jovens e mais jovens que decidiram não participar dessas eleições. Uma abstenção tão alta tem um porquê, e não é obra do acaso.

Especialistas apontam que há um desgaste, aos olhos da juventude, com o que eles denominam de velha política. E estão certos. O que há de mais velho nesse país são, exatamente, as velhas e podres instituições políticas que dia sim e outro também, atacam direitos da juventude e dos trabalhadores. Aprovam a reforma da previdência, agem como pilares de sustentação do Governo Bolsonaro e vêem o povo, a cada dia, perdendo mais e mais empregos, com os sistemas de saúde rumo ao caos, como vimos em Manaus, sem tomarem nenhuma medida! Essas instituições foram as mesmas que em 2016 aplicaram o golpe que pavimentou o caminho para chegarmos onde chegamos. A juventude percebe que, deste velho sistema carcomido, não sairá nada de novo ou sequer uma saída, de fato, para o problema. O aumento das abstenções na juventude é um recado de uma correta insatisfação com este sistema.

O PT precisa ouvir e organizar essa insatisfação

Para nós, o PT tem grande responsabilidade no combate ao Governo Bolsonaro. Esse combate parte, inclusive, por combater essas mesmas instituições que nos golpearam em 2016, dialogando com o povo, para mostrar a quem essas velhas instituições servem. É preciso uma verdadeira oposição ao Governo Bolsonaro, que combata nas ruas, pela testagem em massa, por medidas de emergência que garantam nossa segurança, emprego, por tabelamento dos preços da cesta básica, que organize a insatisfação do povo com a vida que o próprio povo vem vivendo, diante de tanto sucateamento dos serviços públicos e com a deterioração do futuro.

Mas as posições recentes do nosso partido, como o apoio ao Baleia Rossi à Presidência da Câmara e ao bolsonarista Rodrigo Pacheco à Presidência do Senado, tornam-se obstáculos às tarefas necessárias e jogam para confusão, o povo e, principalmente, passa um recado à juventude, que é ao contrário do espírito de insatisfação que levou ao número alto de abstenções. Exatamente por isso que, acreditamos ser um erro que a JPT, por exemplo, esteja em plenárias com a juventude de partidos como MDB, DEM, PSL, Cidadania, Solidariedade, entre outros, que são todos inimigos dos jovens. Desta forma, o PT e a JPT entram em um emaranhado junto com aqueles que nos golpearam, que cortam os nossos direitos, que defendem redução da maioridade penal da juventude, que sucateiam escolas e postos de saúde nos bairros, e vai, assim, se afastando do povo e deixando um recado aos jovens do país, como se o PT fosse igual a todos os outros podres partidos.

Para organizar esses jovens para o combate, é necessário se opor, de fato, a este governo. Não dá para nos aliarmos com os mesmos que nos atacam, traindo assim, aqueles que confiam no PT e aqueles que esperam do partido uma posição diferente da que foi adotada. A podridão desse sistema precisa ser combatida, assim como precisamos combater este governo e, para isso, é preciso entender a insatisfação do povo com esse sistema podre e organizar a luta.

Jeffei – membro do Conselho Nacional da JRdoPT

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