As instituições apodrecidas mostram a quem servem

Semanas atrás publicamos em nosso site sobre a importância da desmilitarização da polícia, após o acontecido na favela do Acari, Rio de Janeiro. A morte de Maria Eduarda, a execução de dois jovens por dois policiais militares, mostrou ao Brasil, mais uma vez, o papel que a PM aplica para com a juventude, principalmente a juventude negra. Esse fato não é novo em nosso país. Ano passado a chacina de jovens na Cidade de Deus reforçou essa tradicional e horrível história, como também em Vigário Geral, Carandiru, Bahia, onde em 15 dias, a polícia militar baiana matou 15 jovens em Salvador, isso faz parte de uma política de Estado destinado a atacar a população mais pobre do nosso país.

O Rio de Janeiro pode ser usado como exemplo para entender a política para a juventude negra. A instalação da UPP nas favelas cariocas, na época, com a  desculpa de política de pacificação, mas com o objetivo claro de valorização dos territórios, para o mercado imobiliário, deixou claro que as mortes, em grande maioria, são feitas pelos policiais. Nos locais onde os homicídios diminuíram, ou aumentaram, pós UPP, reforçam que a violência para com a juventude negra é uma violência legalizada. Onde a polícia decide o momento onde haverá tranquilidade ou assassinatos. A Polícia Militar é mais uma das instituições podres do nosso Brasil, que estão no bojo dos entulhos que herdamos da ditadura.

Dia 19 de Abril mais uma vez, a política de genocídio da juventude foi exaltada pela justiça brasileira, deixando claro a que lado o judiciário está, desde “bater o martelo”, para o golpe dado por Michel Temer, ou fazendo como  o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, do 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, que continuando a caminhada do judiciário apodrecido, determinou a soltura dos policiais Fábio de Barros Dias e David Gomes, que foram FLAGRADOS executando dois jovens, já rendidos, em Acari. O juiz afirmou ter ouvido “a voz das ruas” e que o palco dos fatos “retrata o local dominado por organização criminosa”, e por isso seria justificada a soltura dos dois policiais. É de se assustar! O vídeo que viralizou na internet, flagrou exatamente o momento da execução, onde os dois jovens mortos não apresentavam qualquer tipo de resistência! Execução a sangue frio. Essa é a forma como as instituições do país tratam a população das periferias brasileiras, legalizando o genocídio da juventude negra e pobre do nosso país.

O Caso de Rafael Braga

As manifestações de 2013, quando milhares de jovens foram às ruas, deixando claro que havia um buraco enorme entre a população e o Congresso, marcaram um momento importante do movimento da luta, pois deixou nítido que a população, principalmente a juventude, não se sentiam representadas por nenhuma dessas instituições podres, e que era necessário reformá-las, através de uma constituinte para varrer os entulhos herdados da ditadura militar. Foi nesse momento que a tática Black Bloc ficou conhecida, tática essa que é um desserviço pra luta, foi também esse um momento de turbilhão de acontecimentos no Brasil. A vida do país nunca mais foi a mesma.  É nesse cenário, de grande movimentação, que a história de Rafael Braga aparece.

Rafael Braga foi o único preso nas manifestações. Rafael era catador de latinha e foi detido por estar com um desinfetante, acusado de carregar material extremamente inflamável. Na última semana, Rafael foi condenado a 11 anos de prisão. A condenação foi baseada em depoimentos unicamente dos policiais que o prenderam. Na condenação de Rafael, aparece também acusação de porte de 0,6 gramas de maconha, 9,3 gramas de cocaína, um rojão, além do desinfetante – catalogado como material incendiário e explosivo -. A defesa de Rafael alega que houve implantação dos materiais. Rafael Braga, em seu depoimento, afirma que foi agredido pelos policiais, que queriam que o mesmo entregasse traficantes da região onde mora. Após as agressões e a tentativa de obrigar Rafael em delatar os traficantes, os policiais implantaram as drogas e rojões, detendo-o.

Apesar de haver testemunhas que afirmam que viram os policiais levando Rafael para um local, longe “de suas vistas”, os depoimentos não foram levados em conta pelo juiz. Rafael não foi e nem será, o primeiro e último, dentro desse sistema e dessas apodrecidas instituições,  jovem pobre e negro a ser condenado sem julgamento.

O caso de Rafael ilustra o caso de vários jovens do país e reforça a importância da luta contra os ataques de Temer e a importância de passar a limpo o nosso país, através de uma constituinte, para que possamos varrer os entulhos, inclusive a PM e Judiciário, para que possamos fazer as reformas populares que queremos, e possamos garantir a soberania nacional para darmos melhores condições de vida para a juventude e trabalhadores.

Nós da Juventude Revolução estamos lado a lado na luta pela Ocupação de Brasilia dia 24/05 na ocasião da votação do desmonte da previdência e para a construção de uma Greve Geral maior e mais forte, na continuidade do combate da histórica Greve Geral de 28/04, para que situações como a de Acari não sejam mais comuns nas periferias do Brasil.

Liberdade à Rafael Braga!

Vladimir da Silva – militante da Juventude Revolução

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