A guerra na Ucrânia e suas consequências na Europa foi o tema do ato-debate ocorrido no dia 18 de abril, promovido pelo Diálogo e Ação Petista (DAP), na Quadra dos Bancários em SP e teve como palestrante Lucien Gauthier, dirigente do Partido Operário Independente (POI) da França e editor do jornal Informações Operárias. 

Esse ato, a fim de aprofundar a discussão sobre a guerra, contou com a presença de militantes vindos de diversas cidades e estados e várias figuras do PT como José Genoino, ex-deputado constituinte; vereador Eduardo Suplicy; João Batista Gomes, da Executiva Nacional da CUT; Markus Sokol, da Executiva Nacional do PT e do Comitê Nacional do DAP; assim como Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Lula; Aloísio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo: e o deputado federal Vicentinho (PT) que enviaram mensagens. No palco havia ainda um militante da JRdoPT, o Jonathan Dino do Distrito Federal.

De acordo com um militante vindo do Paraná, a atividade lhe deu ainda mais confiança sobre a luta contra a guerra que ele leva para sua universidade, pois essa mesma posição é defendida também por tantos fora do Brasil. Um exemplo disso são os russos que resistem em seu próprio país sobre a pena de serem presos, o que já encarcerou mais de 19 mil; ou como na Itália, onde portuários recusaram embarcar armas da OTAN para a Ucrânia.

Uma outra jovem, estudante do ensino médio em São Paulo, disse ter gostado muito que o palestrante não esqueceu da juventude, pois ele disse que, nas guerras, os que mais sofrem são as mulheres e os jovens. Trazer isso fez com que seus amigos, que saíram da Vila Maria pra acompanhar o evento, também tenham parado pra pensar que se “é a gente que mais sofre”, então quem ganha com a guerra? 

2% do PIB para orçamento militar

Enquanto isso, Biden segue forçando, por meio da OTAN, os países da União Europeia a elevar seu orçamento militar para 2% do PIB. Se os trabalhadores não ganham com isso, ganham as empresas de armamento que, desde o início da guerra, lucraram mais de R$ 40 bilhões. Mas a guerra é uma necessidade para este setor do regime capitalista, pois o mercado mundial é estreito, pequeno demais para a quantidade de mercadorias que precisam ser vendidas e para isso acontecer deve-se “desbravar” novos mercados que já estão ocupados. Nesta guerra intercapitalista, os beneficiados não são os tantos civis que morrem em massa e nem o povo russo que sofre com as sanções. 

De acordo com The New York Times, as sanções à Rússia, que começa por abater a população desse país, serão responsáveis por aumentar a fome no mundo. O MC Tupac, em uma entrevista para a TV-E em 1992, disse que “eles conseguem dinheiro para a guerra, mas não conseguem acabar com a pobreza”. Mas, para não deixar isso tão evidente, o que fazem, após elevarem os gastos com guerra e investirem em mais armas, é fingir que não tem dinheiro e dizer que todo mundo terá de fazer um esforço, terá que “apertar os cintos”. É nesse sentido que Macron apresenta um projeto de cobrar mensalidade pelas universidades públicas e gratuitas.

Além desses assuntos, Lucian Gauthier também trouxe a questão da eleição francesa ocorrida na semana anterior. Lá, o único candidato que se posicionou contra guerra e pela saída da OTAN, Jean-Luc Mélenchon, surpreendeu nas pesquisas alcançando 22% dos votos, ficando em primeiro entre jovens e ganhando votos massivos nos bairros populares, mesmo se apesar disso  ficou fora do segundo turno por conta de uma política de divisão operada pelo PCF. 

Tratando de outros assuntos correlacionados à guerra na Ucrânia – que em breve poderá ser assistido em vídeo do evento – que surgiram nas perguntas feitas pelos participantes, o evento prosseguiu com a entrega de um ramo de trigo para cada uma das pessoas numa espécie de ato simbólico. Essa ação deixou gravado na mente de todos que é este pequeno cereal que  ficará mais caro aumentando o preço dos alimentos.

De pé, ó vítimas da fome

Evocando o caráter internacional do ato-debate trazido pelo DAP, aderente ao CILI (Comissão Internacional de Ligação e Intercâmbio), o ato terminou cantando o Hino da Internacional Comunista, escrito na época da Comuna de Paris. E a riqueza de detalhes trazidas pelo companheiro francês mostrou a resistência de franceses, italianos, russos, ucranianos, alemães e tantos outros que não querem ver o mar de sangue das guerras passadas se repetir, mas também não querem ver o fantasma da fome voltar a assombrar suas famílias. E na busca de ajudar a organizar a luta, como na construção da Conferência Europeia de emergência contra a guerra, o hino da Internacional convoca a resistir: De pé, ó vítimas da fome!

A Juventude Revolução sai deste evento fortalecida e com a convicção de que, diante do cenário imperialista de “guerras e revoluções”, as guerras podem ser vencidas, o direito à autodeterminação dos povos pode ser conquistada, desde que a resistência seja organizada. E no âmbito das cidades, escolas, universidades e locais de trabalho prosseguiremos com esta luta!

É desse modo que reforçamos o que já dissemos em nota:

Não à guerra!

Nem EUA, nem OTAN, nem ONU e nem Putin!

Pelo fim da OTAN!

Por um futuro para juventude sem guerras e exploração!

Nenhuma anexação!


Leo Ratão – do Conselho Nacional da JRdoPT

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Por favor, digite seu nome