Ontem, dia 8 de março, no Sinserpu (Sindicato Servidores Publicos municipais) a JRdoPT de Juiz de Fora, realizou a formação de verão para discutir a autonomia da JPT e a construção do fim do governo Bolsonaro. A formação discutiu a história da JR, do PT e a importância da autonomia financeira e política das organizações de juventude para fazer a luta pelos direitos dos jovens.
Além disso, aproveitamos a importante data para discutir a origem do dia 8 de março e as amarras que as mulheres sofrem na sociedade capitalista. Foi utilizado o texto “A família, a juventude, a cultura”, de Leon Trotsky, para discutir os feitos da Revolução Russa no que diz respeito a questão da mulher.
O dia 8 de março surgiu a partir de uma greve de mulheres trabalhadoras na Rússia em 1917, organizada pela Internacional Comunista dos Trabalhadores, que foi pontapé inicial para os movimentos que culminaram na Revolução Russa.
Numa tentativa de apagar o movimento dos trabalhadores, a verdadeira história foi alterada, uma movimentação de classe foi distorcida para uma movimento de gênero – como se houvesse uma polarização homem x mulher – e a cor vermelha da luta foi substituída pelo roxo, que a ONU – instrumento do imperialismo estadunidense – introduziu.
Os trabalhadores estão no mesmo barco, todos tem que lutar pela sobrevivência e contra os abusos do patrão, e as mulheres trabalhadoras, de maneira, mais específica, travam uma luta maior, ao terem que lutar por um salário igual ao dos homens, pelo direito à licença maternidade, pelo direito ao aborto legal e contra o assédio moral e sexual e tantas outras pautas gritantes que precisam de trabalho específica dentro das organizações da classe.
Ainda hoje, mulher é vista como propriedade do homem e do lar, tendo que se submeter a tratamentos abusivos, a dupla jornada e aos trabalhos não remunerados de cuidado, que segundo pesquisa da OXFAM, rende 10,8 trilhões de dólares não pagos. Imagina a que pé a econômica mundial ficaria se esse dinheiro fosse pago às mulheres?
Dentro do capitalismo, não existe possibilidade de justiça e igualdade plena para mulheres, pois ele precisa que estas sejam tratadas como propriedade reprodutiva do lar e que seus direitos sejam mínimos ou nenhum, para que assim continuem sendo tratadas como mão de obra barata e sem capacidade de organização política.
Na nossa realidade, as lutas pelas pautas concretas trarão conquistas e melhorarão a capacidade de organização das trabalhadoras. Então temos que estar na luta pela conquista de novos direitos e pela não retirada dos que já possuímos.
Em Juiz de Fora, tanto no ato do 8M quanto na formação, foi pautado a reivindicação da delegacia da mulher 24h, pois ela fica aberta alguns dias da semana por algumas horas. Como fazer valer a lei Maria da Penha assim? Além disso, Ana Luiza, militante secundarista da JR, relatou uma movimentação que ela e o grêmio da escola fizeram pela exoneração de um professor que estuprou alunas, onde a escola se fez conivente e tentou barrar a mobilização dos estudantes de toda maneira.
As formações, de autonomia da JPT e da questão da mulher, foram essenciais para melhor compreensão da situação que vivemos e dos avanço do obscurantismo no país. A luta que precisamos desenvolver tem que passar pelas escolas, universidades e bairros, agrupando jovens em torno de uma política coerente na luta pelo fim do governo Bolsonaro.
Raíssa Lira – Militante da Juventude Revolução de Juiz de Fora/MG