Em seu 5º Congresso, a juventude do PT discute sobre a Federação com PSB.

Nos dias 18,19 e 20 de dezembro ocorreu em São Paulo a etapa nacional do 5º Congresso da Juventude do PT. Com mais de 700 delegados eleitos nos diferentes estados do país, o congresso aconteceu de forma híbrida, elegendo a nova direção nacional da JPT. A JRdoPT esteve presente com seus delegados, eleitos sobre a tese “O que está em jogo no 5º Congresso da Juventude do PT?”.

Mesmo que com diversas limitações políticas, principalmente, devido à forma (online/híbrida) que foi escolhida para o congresso acontecer, nós estivemos presentes na defesa das emendas que apresentamos ao congresso. Ao todo, 7 emendas foram apresentadas por nós que discutiam:

1- sobre a política de alianças – retomado ao que foi aprovado pelo próprio PT no seu 6º e 7 º congresso nacional;

2 – não à federação com o PSB;

3- constituinte;

4- desmilitarização da PM;

5- Queremos estudar – defesa do retorno da luta nas entidades e pela retomada do ensino presencial com medidas de segurança;

6- a luta nas ruas e

7- autonomia da juventude.

A questão da Federação com o PSB

Das 7 emendas, 6 foram aprovadas em consenso. Apenas a que colocava a questão pelo “não à federação com o PSB” não foi aprovada na sistematização e, nós da JRdoPT colocamos ela à voto no plenário.

Assim como em todo o partido, há muita confusão na juventude quando o assunto é a federação. Alguns acham que é a mesma coisa que constituir uma aliança eleitoral, outros acham que é apenas uma tática temporária que, após as eleições, acabará; com tudo voltando ao normal e, outros defendem que é um passo em defesa de uma frente de esquerda no país. É exatamente o contrário disso.

A federação é uma camisa de força que será colocada sobre nosso partido, impedindo com que ele saia da mesma, pelos próximos quatro anos. Ao entrar em uma federação com o PSB, por exemplo, o PT, no dia após a aprovação da federação, estará em um mesmo bloco político com o PSB em todo o país. O PSB está longe de ser um partido de esquerda, está longe de ser um partido “socialista”, em diversos lugares o PSB é muito mais bolsonarista do que progressista. Ou seja, o PT ficaria preso a um partido que, em diversos estados e municípios, defende uma política completamente ao contrário de nós.  A Federação fará com que os vereadores petistas, por exemplo, fiquem sufocados nesse bloco, o mesmo com deputados federais, estaduais e etc., sufocando, assim, também, o próprio partido como tal que, se sair da federação antes dos 4 anos, sofrerá perda do Fundo Partidário, por exemplo.

É importante lembrar que, quando falamos de PSB, falamos sobre o PSB de Tábata Amaral, privatizadora, do Márcio França em SP – sempre ligado aos setores de direita – entre outros. É, de fato, o futuro do nosso partido que está em jogo. Uma proposta como essa deveria ser discutida em um Congresso do partido, com os militantes sendo consultados e ouvidos. E não sendo uma decisão de cúpula imposta ao PT, apoiando uma proposta vinda do lavajatista ministro Barroso, que avança, mais ainda, num processo de judicialização dos partidos.

Outro discurso que precisa ser combatido é o da defesa da construção da frente ampla de esquerda. Muitos usam exemplos como Uruguai e Chile para dizer que é esse o motivo das federações. Esse discurso é mentiroso e engana os militantes honestos que, querendo sair desta situação que o país se encontra, querem sim, um governo progressista que avance com as reformas que são necessárias no país.

A frente de esquerda no Uruguai nasceu após uma greve geral de 1973, que consolidou o Frente amplio, que disputou as eleições no país e se cristalizou durante a clandestinidade. Essa greve geral, resistência dos trabalhadores, impôs a unidade entre os partidos de esquerda uruguaios. Ou seja, não era um acordo de cúpulas dos partidos, mas sim uma construção vinda de um movimento vivo dos trabalhadores. Já a Concertación, usada sempre como exemplo, foi um acordo do Partido Socialista no Chile com o “centro” a Democracia Cristã, que não se pretendia ser “frente de esquerda”. Esta unidade com todos esses setores representou, nos 30 anos de concertación, um total recuo aos ataques sofridos pelos trabalhadores. Esses 30 anos de aliança pesaram, tanto que, nas explosões sociais que aconteceram em 2019, o PS não podia sair às ruas, rechaçado pela juventude que gritava “não são por 30 pesos, mas pelos 30 anos de alianças”… a aliança sem programa político, assim como uma federação em conjunto com setor como o PSB, que vai ao contrário do que defendemos, teve sua experiência falida no Chile e não será diferente no Brasil.

É preciso explicar à juventude essas questões, para que não sejamos enganados. O partido precisa nos ouvir. Precisa ouvir seus militantes! Foi sobre esses argumentos que defendemos nossa proposta de não à federação com o PSB. O resultado nos impressionou!

Perdemos a votação. Porém, com  votação apertada (43 a 66), com o plenário dividido, precisou de contagem dos crachás – um por um. Tivemos mais votos dos companheiros que acompanhavam online e uma parte significativa de votos aos que estavam presentes. É importante para a continuidade do combate esses votos.

Os votos online

Como o congresso era híbrido, alguns companheiros acompanharam de forma online. Presencialmente, estavam, majoritariamente, dirigentes dos quais, também, recebemos alguns votos. A maioria dos que estavam online, militantes de base do partido, votaram conosco, e terem votado com a JRdoPT representa que temos terreno para discussão do tema e um trabalho árduo a ser feito.

Após nossa defesa, diversos militantes que estavam presentes no plenário gritavam “juventude petista não se alia com golpista”, alguns companheiros e companheiras vieram discutir conosco afirmando que, nunca tinham percebido a discussão sob a nossa ótica, que mudaram de posição ao ver a nossa defesa e alguns que, mesmo não votando com a gente, porque seus grupos haviam tirado posição, concordam conosco e não com a posição de seus grupos. Esse terreno que se apresentou ali no congresso é o terreno que existe no partido. A militância está confusa e quer ser ouvida, quer entender o que está acontecendo.

De nossa parte, como JRdoPT, defendemos nossas posições neste congresso e nos preparamos para 2022, um ano em que o combate deve seguir nas ruas para derrubada deste governo Bolsonaro.


Jeffei

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