Contribuição da Juventude Revolução do PT ao Congresso Nacional da Juventude do PT
A situação nacional, assim como a mundial, é explosiva. Em vários países, com suas particularidades, ocorrem revoltas nas ruas, muitas das vezes atropelam as organizações tradicionais e questionam o sistema como no Chile e Peru. Acelerada pela pandemia, a crise do sistema capitalista em podridão, usa desta situação para avançar os ataques sobre os trabalhadores e a juventude. Não é diferente no Brasil, onde essa podridão, representada pelo governo Bolsonaro, avança contra o povo e a soberania nacional, aumentando a miséria da população.
Na juventude a situação é grave. Milhares estão sem estudar, fora das escolas, aumentando assim a desigualdade social que vem protagonizada pelo desemprego que atinge 28,9% dos jovens. A evasão escolar e o genocídio da juventude preta e pobre, representada na recente chacina no Jacarezinho, dão o tom da realidade. Enquanto a juventude fica sem poder estudar, sem aulas presenciais, os governos aproveitam da situação para aprofundar, mais ainda, a destruição dos serviços públicos. É o que vemos com a PEC 32 da Reforma Administrativa, as privatizações dos Correios e Eletrobrás. Os cortes no orçamento da educação têm impactado diretamente a assistência estudantil e os recursos necessários para adotar as medidas para a volta às aulas presenciais com segurança como vacinação, testagem em massa, ampliação de salas de aulas, contratação de novos professores etc.
As universidades correndo risco de fecharem as portas, colocam o futuro do país e a da juventude na berlinda. Em relação à produção científica, o apagão do CNPq representa o descaso do governo, e a falta de bolsas, que garantem a permanência dos estudantes nas universidades pelo país, tornam-se cada vez mais escassas. O incêndio na Cinemateca representa exatamente o que esse governo, obscurantista, que sufoca a arte, a vida e a juventude em nosso país, é. Os jovens que se lançam ao mercado de trabalho se deparam com portas fechadas e sem direitos, o Congresso aprovou a Medida Provisória 1045/2021, que acaba com os direitos trabalhistas, regulamentando a “uberização” do trabalho da juventude com a carteira verde-amarela. A juventude se vê tendo que escolher entre o trabalho sem direitos ou o desemprego que bate recordes, tendo a maior taxa dos últimos anos, segundo IBGE.
A crise institucional toma conta da vida política nacional, não como uma novidade, mas como decorrência da podridão de um sistema que pavimentou o caminho de Bolsonaro ao poder, desde o golpe de 2016 e, depois, com a prisão de Lula, impedindo que o povo pudesse, de fato, escolher seu presidente. São todos coniventes e responsáveis pela crise que o país está mergulhado. Do judiciário ao executivo, todos têm responsabilidade em relação à aventura autoritária de Bolsonaro e seus generais que sufocam o país sob a tutela militar. O povo na fila do osso representa a realidade brasileira, da qual a juventude não quer mais suportar e, por isso, retomou as ruas para não morrer nem de covid, nem de fome e nem da violência policial. Para o PT, a melhor resposta à fome que assola ao país deve ser ajudando a organizar a luta para derrubar este governo, não pode dispersar suas forças na arrecadação de alimentos. Não é função do partido esse tipo de assistência.
A retomada das ruas confirma: Ninguém aguenta mais! Fora Bolsonaro e seus generais!
Os recentes atos que tomaram conta das ruas foram, em sua maioria, protagonizados pela juventude. Assim como um cartaz na Av.Paulista que afirmava “quem espera nunca alcança”, a juventude foi às ruas com o desejo de derrubar Bolsonaro e todo seu governo. O recado foi claro: não podemos esperar até outubro de 2022 para dar fim a este governo, pois, quanto mais tempo Bolsonaro fica a frente do país, mais aumenta a fome, miséria e a violência. A saída para essa situação virá do movimento dos trabalhadores e juventude nas ruas.
Se os generais e o governo desfilam com tanques com ameaças golpistas e tentam intimidar o povo, é preciso mais do que nunca responder com luta nas ruas! A tarefa que está colocada para a Juventude do Partido dos Trabalhadores é a de organizar os jovens de norte a sul do país, para a derrubada deste governo. Os mais de 100 pedidos de impeachment protocolados no Congresso, demonstram que não será dessas instituições que virá a saída para a situação. O “centrão” carrega consigo o DNA da velha política, desde a ditadura, do antigo Arena. A saída muito menos virá de uma aliança com golpistas e burgueses, ou num “bloco democrático” como defende o PCdoB, ou de uma frente amplíssima, com PSDB e bolsonaristas arrependidos de última hora. A verdadeira saída está nas ruas, com a força do povo. E, ela recoloca no debate o caminho da convocação de uma Assembleia Constituinte Soberana, que permita, não só revogar os ataques que nos foram impostos de Temer a Bolsonaro, mas fazer as reformas que não foram feitas nos 13 anos de governos do PT. Isso significa refundar as instituições do país que defendem os interesses das elites e do imperialismo e não as demandas mais profundas da juventude e do nosso povo de justiça social e soberania nacional.
É assim que acabaremos com a tutela militar, referendada no art.142 da Constituição, que dá às Forças Armadas o poder de garantir a lei e a ordem, acima de tudo e todos. É uma ameaça constante à soberania popular que deve ser extinta através de uma Constituinte. Essa tutela, que não é questionada nem pelo STF, muito menos pelo Congresso, se apoia na Constituição para controlar a vida política do país. Os militares se colocam acima do bem e do mal e ameaçam o povo, que cada vez mais percebe que, assim como todo o governo Bolsonaro, são responsáveis pelas mortes na pandemia e fazem parte da podridão do sistema. É assim que desmilitarizaremos a polícia militar brasileira, entulho vivo dos tempos da ditadura, que pronta para guerra, invade favelas, comunidades e casas, matando, principalmente, a juventude preta e mais pobre do país.
Por uma Juventude do PT autônoma
A juventude que tomou as ruas pelo país, não precisou e nem pediu autorização de ninguém. Quando muitos ainda defendiam que era preciso “ficar em casa”, manifestações tomavam conta das ruas. Esse espírito independente, que não espera ordem ou autorização, é o espírito de uma verdadeira juventude autônoma.
A autonomia não são cotas para servir de massa de manobra nos PEDs. Nem deve ser apenas um artigo a ser votado ou referendado no congresso. A autonomia deve se tornar a forma real de como a JPT deve se organizar e decidir agir, ter finanças próprias, mobilizar e buscar os meios de ganhar os setores jovens que se colocam em movimento contra esse governo; seja no movimento estudantil, seja na própria luta por reivindicações da juventude, nos bairros e comunidades pelo país.
Os jovens que vem ao partido precisam ter uma real organização de juventude, que aja e represente os seus sentimentos. Que possa lutar agora para por abaixo o governo, sem ter que esperar a próxima eleição em 2022 como defendem alguns dirigentes do partido. Isso só dá tempo a Bolsonaro para armar sua tropa e, de outro lado, à burguesia, capacho do imperialismo, para encontrar sua terceira via para as eleições.
O que se viu nas ruas foram milhares de jovens buscando uma saída pela resistência. A disposição que se viu nas ruas, que existe nas comunidades, e amplos setores jovens é o terreno para construir uma verdadeira organização autônoma de jovens que seja capaz de andar com suas próprias pernas, a fazer sua própria experiência, errando e acertando. É inaceitável o atropelo da Sorg Nacional, apoiado por certos dirigentes da JPT, que impôs modificações no regimento do V Congresso da JPT, passando por cima do que vinha sendo acordado ali como, por exemplo, a realização de etapas presenciais desse fórum da juventude petista.
Queremos ter uma verdadeira organização política de jovens que seja capaz de ajudar a juventude brasileira a construir uma saída junto com o povo e os trabalhadores para a atual situação do país levando, até o fim, o combate ao governo Bolsonaro que alimentará as mudanças radicais a serem feitas no país.
É o nosso futuro que está em jogo. O V Congresso da Juventude do Partido dos Trabalhadores precisa se colocar à altura dos desafios.
Ninguém aguenta mais. Fora Bolsonaro e seus generais!