PMs são denunciados por chacina em Salvador

Madrugada do dia 06.02. Cidade: Salvador, Bahia. Bairro: Cabula. Segundo relatos da população, a Polícia Militar executou 19 jovens (informações da imprensa falam em 12). Segundo a PM, os policiais foram recebidos a tiros. Para o governador, Rui Costa (PT), os policiais são como artilheiros na frente do gol.

Esse é o breve resumo de uma matéria que fizemos sobre mais uma chacina promovida pela PM no Brasil. O caso ficou bastante conhecido na cidade.

No dia 18.05 (mais de três meses depois), o Ministério Público comprovou o que a população local já sabia: “Houve tudo nessa vida, menos confronto. O que ocorreu foi execução. Execução sumária.”, afirmou o promotor Davi Gallo. Segundo ele, o motivo para a chacina teria sido vingança. Era uma resposta a traficantes que tinham ferido um tenente no pé. Nove policiais envolvidos devem responder por homicídio qualificado e tentativa de homicídio. Cada PM deve pegar, segundo o promotor, no mínimo, 168 anos de prisão.

“Alheios à determinação da PM”?

O promotor apurou o caso e denunciou os nove policiais. É óbvio que eles devem pagar pela chacina. Porém, Gallo afirmou que os policiais “agiram em razões próprias e alheios à determinação da PM”.

É possível que não tenha havido nenhuma determinação oficial para a chacina. Mas, se foi assim, por que o deputado federal Soldado Prisco (PSDB-BA) afirmou que “os policiais estavam ali defendendo a sociedade”? Por que o governador disse, então, que os policiais “são como artilheiros na frente do gol”? O fato é que a destruição da juventude por parte da PM não é um raio em céu azul! O caráter repressivo, vindo da ditadura, não precisa de nenhuma determinação oficial para matar e torturar!

No fundo, a declaração do promotor visa isentar um dos entulhos deixados pela Ditadura: a Polícia Militar. A ação criminosa dos trabalhadores da polícia tem toda relação com o treinamento que eles recebem para o ingresso na instituição. Assim como tem toda relação com a história de repressão da Ditadura no período de 1964-1985.

Para o tenente-coronel da PM de São Paulo, Adilson Paes de Souza, em entrevista no site da UOL (ver matéria no nosso site: http://juventuderevolucao.org/blog/2014/04/09/coronel-da-pm-fala-pela-desmilitarizacao-da-policia/) “O sistema de segurança pública existente na Constituição de 1988 é o mesmo sistema de segurança pública existente no período militar. Não houve mudanças significativas. […] Então, o sistema de segurança pública que existe até hoje é o sistema concebido na ditadura. Isso tem de mudar.”

Todos os casos de assassinatos por parte de policiais militares só demonstra uma necessidade: o fim da Polícia Militar!

Rodrigo Lantyer, militante da JR em Salvador.