Sobre Educação, volta as aulas e entidades estudantis

Contribuição ao debate da PNJR 2021


No estudo “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar“, publicado em janeiro de 2021, a Unicef estima que aproximadamente 4,1 milhões de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos tiveram dificuldade de acesso ao ensino remoto em 2020 e que cerca de 1,3 milhão abandonaram a escola. Pesquisa da DataFolha do mesmo mês aponta que aproximadamente 4 milhões de estudantes brasileiros entre 6 e 34 anos deixaram as aulas em 2020, o que significa 8,4% de evasão escolar.  oltamos à níveis de 20 anos atrás em desigualdade social onde os jovens que sofrem com este cenário tem cor, endereço e renda: negros e indígenas, do Norte e Nordeste, jovens das periferias, jovens pobres. Na educação isso se reflete no ENEM mais branco e elitista da década: a prova que já chegou a ter 8,7 milhões de inscritos, este ano teve apenas 3,1 milhões e devido ao governo Bolsonaro dificultar o acesso à taxa de isenção da prova, apenas 362 mil inscritos eram negros, enquanto em 2016, por exemplo, o número foi de 1,1 milhão!

Essa é a realidade da educação dos tempos da pandemia: uma educação remota-virtual onde ninguém aprende nada e exclui os mais pobres dentre quais os mais afetados são negros; exclui aqueles que não tem condições materiais como um computador ou celular para acompanhar as aulas, não tem internet estável e um espaço adequado de estudo.

O governo Bolsonaro segue com suas políticas que aumentam o desemprego, desvaloriza o salário mínimo enquanto o preço dos alimentos continua subindo, obrigando os jovens a ajudarem suas famílias ou abandonarem os estudos.

E a volta às aulas?

As aulas presenciais, mais que uma possibilidade, já são realidade em vários estados. E com condições ou não para as aulas voltarem, elas voltam. É o caso da Bahia, onde professores e alunos sofreram ameaças de cortes de salários e bolsa e, mesmo sem tomar medidas para assegurar um retorno seguro, o governador ignora o fato de não haver testagem, transporte escolar e a vacinação paralisada. 

Existe um sentimento legítimo dos estudantes e trabalhadores de quererem a volta das aulas, seja pelo ensino remoto que segue precário ou por não ter onde deixar os filhos quando vão trabalhar. Fato é que, como no Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e São Paulo as aulas já voltam. Ao invés de mobilizar os estudantes para defender as medidas necessárias para o retorno presencial, a UNE, UBES se colocam  contra a volta às aulas, não buscam negociar condições, apresentar exigências e reivindicações e ao apresentar como única medida para as aulas voltarem o quadro de imunização completa dos professores e jovens.  

O que devemos fazer?

Em primeiro lugar devemos compreender que está em jogo nosso direito ao ensino de qualidade.. Por isso, é hora de irmos à porta das escolas e universidades com expressão própria para ajudar os estudantes a se organizarem nas reivindicações necessárias para que se tenha segurança e qualidade no ensino. 

Onde as medidas sanitárias não forem cumpridas (ao ver faltar álcool gel, máscaras, etc.) devemos cobrar que os governantes cumpram o quanto antes! Se os governantes jogam para nós um ensino sucateado, responderemos com mobilização e reivindicações que ajudem a superar a realidade das escolas e universidades.  É o busão lotado, a falta de EPIs, testagem em massa e vacinação que devem ser exigidos para poder superar o fracassado ensino remoto.  É hora de ouvir a demanda dos estudantes e fortalecer as entidades estudantis para conseguir dar respostas à situação. A indignação dos milhares de jovens que saem às ruas por todo país mostra que existe muita disposição de luta para superar os problemas na Educação e garantir que as universidades e escolas retornem o quanto antes com qualidade e segurança.

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