2° Encontro Nacional de Grêmios: Direção da UBES nega a democracia! A UBES tem que ser Pra Lutar!

Ocorreu entre os dias 18 e 21 de Janeiro deste ano o 2º Encontro Nacional de Grêmios promovido pela UBES, que teve como sede a capital de Pernambuco, Recife. O Encontro abrigou cerca de 400 delegados para debater as bandeiras a serem defendias pelos grêmios estudantis, porém não foi aberta a deliberação direta ao plenário estudantil, ficando à cargo da Executiva aprovar a carta de resoluções como bem entender, com a direção, portanto, negando à base o direito democrático de decidir.

O Encontro ocorreu paralelo ao Congresso Nacional de Entidades de Base (CONEB) da UNE, e as atividades de ambos ocorreram no campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A falta de comprometimento da Direção majoritária no decorrer do evento trouxe uma série de dificuldades para a organização dos debates e promoção da discussão política entre os Grêmios.

A mesa de abertura do ENG assim como a do CONEB tiveram como tema a questão da memória, verdade e justiça. Nesses dois espaços em que não houve espaço para falas dos estudantes no plenário, a Juventude Revolução se empenhou em organizar um abaixo assinado afirmando a necessidade da UNE e a UBES dedicassem um dia de sua Jornada de Lutas para exigir a punição dos crimes da ditadura militar!

A JR tinha proposta de intervenção em 3 dos vários Grupos de Discussão promovidos pela UBES que seriam: Reformulação do Ensino Médio, Passe Livre e PRONATEC e antes disso participaria do painel que abordava a questão do Petróleo , porém a falta de organização e comunicação dos diretores do evento acabaram implicando na informação errônea do local de realização do painel de debate e cancelamento da maioria dos GDs.

No fim das contas os delegados secundaristas agrupados na Tese “UBES é pra lutar“ impulsionada pela JR se empenharam em discutir sobre Movimento Estudantil no GD que abordava esse tema. Mesmo que o debate tenha ocorrido numa quadra aberta, sem caixa de som com microfone e sem nenhum tipo de iluminação no local buscamos fazer bem o nosso combate. Nos pronunciamentos, os delegados ressaltaram a importância do papel dos Grêmios Livres, que para funcionarem como instrumento de luta dos estudantes devem manter completa autonomia diante das Direções de escolas, Governos e Conselhos. As armadilhas de cooptação das entidades estudantis ao Estado estão ai e devem ser superadas com a UBES presente no dia a dia das escolas, estimulando o estudante a debater e lutar por suas pautas.

Um dos camaradas lembrou o cuidado que devemos ter com propostas governamentais que aparecem como bem feituras, mas no fundo são mecanismos para destruir o ensino e citou a discussão de Reformulação do Ensino Médio feita pelo Ministro da Educação. Outro estudante reafirmou o apoio pela expansão de vagas nas escolas técnicas, mas deixou claro que a condição para tal crescimento deve garantir o envio de verba pública somente para iniciativa pública.

Também se levantou a necessidade de promover mobilizações locais e nacionais colocando no centro a reivindicação por Passe livre irrestrito e ilimitado para os estudantes.

No decorrer do GD a mesa propôs suprimir inscrições e dar por encerrada a discussão, prontamente uma delegada duma escola do DF se levantou e explicou o prejuízo de reduzir a discussão política do Encontro, exigindo da mesa uma postura adequada às funções assumidas. Após pressão dos estudantes presentes o debate prosseguiu até o encerramento das inscrições.

As intervenções empolgaram e despertaram os estudantes, o reflexo disso foi que ao final da discussão todas as delegações presentes gritavam em uníssono: UBES É PRA LUTAR!

Antes do inicio da plenária final a JR se reuniu para uma atividade de formação sobre a Revolução de Outubro dirigida por Alexander que compôs a JR no fim da década de 90. Dando a atividade por encerrada partimos para as intervenções do dia. Estava marcado um ato pela Reserva de Vagas que teria a presença de vários “figurões” como, por exemplo, o Ministro Mercadante. Essa atividade foi seguida imediatamente da plenária final, atividades em que mais uma vez a JR se empenhou em colher assinaturas para o abaixo assinado de petição da inclusão da punição dos torturadores da Ditadura na Jornada de Lutas. Alguns militantes nesse meio tempo se destacaram para procurar a sistematização das propostas apresentadas em GDs, atividade que não aconteceu.

Nossos militantes tiveram acesso ao suposto texto de consenso para resolução apenas por alguns minutos no decorrer da plenária final. O texto não condizia com a realidade dos estudantes, sendo assim nos empenhamos em garantir ao menos uma fala ao plenário e seguir na linha de defesa da punição dos crimes da ditadura e da campanha do Passe Livre Nacional, mas pouco antes do fim da leitura a diretoria executiva ordenou a supressão de todas as inscrições que foi acatada pelas lideranças de todas as forças exceto a Juventude Revolução que foi até todas as instâncias pela defesa da fala que não pode ser realizada.

Um dos diretores executivos da UBES que compõe a bancada do PCdoB nos afirmou que se subíssemos ao palanque para falar, ele mesmo se responsabilizaria por retirar toda a bancada de estudantes do plenário, um ataque a organização estudantil e ao direito a livre discussão. Deixamos claro que os 15 delegados que defenderam a tese UBES É PRA LUTAR no 2º ENG da UBES não estão de acordo com as resoluções aprovadas e tampouco com a organização do evento.

Podemos observar no decorrer do Encontro a falta de democracia interna, o desrespeito a livre expressão, falta de discussão política e a imposição do aparelho da Direção majoritária da UBES. Com tais posturas, eles pretendem afastar os estudantes de dentro da Entidade, assim se perpetuam na Direção servindo de suporte para o Governo continuar aplicando políticas que ataquem a Educação.

A nossa luta deve seguir, explicando a cada estudante o que se deu nesse Encontro e a urgência de continuar combatendo internamente. É junto de todos os estudantes insatisfeitos que pressionaremos a Direção. Devemos pressionar a UBES para fazer ENGs deliberativos e promover discussões plenas e diretas construindo os Grêmios estudantis e o movimento de rua no dia a dia dos estudantes, o que só será possível se garantir sua autonomia financeira do Governo Federal para cobrar as reivindicações.

 Helio Barreto, Militante da JR no Distrito Federal.