Na dolorosa semana em que perdemos os jovens João Pedro (14 anos), de São Gonçalo (RJ) e João Victor (18 anos), da Cidade de Deus (RJ) assassinados em ações que contaram com a participação da Polícia Militar, Civil e Federal, infelizmente não vimos em Florianópolis um cenário diferente para a juventude periférica e negra.
No último dia quinze, um adolescente de 15 anos foi assassinado pela Polícia Militar na comunidade Chico Mendes, no bairro Monte Cristo, no “continente”, durante ação que o coronel da PM chama de “operação de rotina”. A PM afirma que o adolescente teria corrido na direção oposta após ser surpreendido pelos policiais. Cerca de trinta minutos após o assassinato, a comunidade reagiu à violência policial jogando pedras, garrafas e rojões, além de montarem barricadas e atearem fogo nas ruas para impedir a passagem dos policiais militares.
Junto ao corpo desse adolescente ainda estão os 12 jovens entre 15 e 24 anos que foram executados pela polícia no último período no Morro do Mocotó, comunidade no centro de Florianópolis, que foram lembrados com 12 cruzes com seus nomes em um ato que familiares organizaram junto à comunidade no último dia quatro. Neste mesmo ato, os manifestantes abriram uma faixa que pedia o fim da violência policial e exigia direitos de vida digna e justiça a todos.
E ainda não parou: ontem recebemos a notícia de que mais um jovem foi abordado de forma violenta e posteriormente agredido física e verbalmente pela Polícia Civil no Mocotó, enquanto o mesmo realizava doação de alimentos e máscaras e inclusive estava usando uniforme da ACAM (Associação de Amigos da Criança e do Adolescente do Morro do Mocotó).
Não bastasse a pandemia do coronavírus que já matou mais de 20.000 pessoas no Brasil e que se apresenta de forma muito mais fatal aos trabalhadores e moradores da periferia, as instâncias da polícia, principalmente a Polícia Militar, seguem violentando e assassinando a juventude negra e pobre de todo o país.
A Juventude Revolução do PT repudia as mortes desses jovens e as contínuas operações policiais que ceifam centenas de vidas negras e faveladas por ano em nosso território e “atiram primeiro para perguntar depois”. Historicamente nossas periferias vivem com a falta de políticas públicas como saúde, educação, saneamento básico e moradia digna. A lacuna da falta destes direitos se intensifica quando o único amparo que o Estado promove nestes espaços é o da militarização.
Enquanto os trabalhadores e a juventude periférica lutam para não morrer de fome ou doença durante a pandemia, o Estado tenta lhes matar seja através das armas de fogo, seja através da falta de leitos e estrutura para combater a pandemia, como se vê explicitamente no governo Bolsonaro.
Não podemos mais tolerar nenhuma morte! Nem em Florianópolis, nem em qualquer outra cidade brasileira! Repudiamos o genocídio da nossa juventude negra e favelada e lutaremos para pôr fim a este Brasil que não permite que pobres e negros tenham o direito de sonhar com um futuro.
#ForaBolsonaro e seu governo autoritáro!
Thayse Reis – militante da Juventude Revolução do PT de Florianópolis