A CENA HIP HOP em Santa Maria (DF)

Em meio a grande ofensiva contra a juventude por meio da PEC 171/1993 que tramita na Câmara dos Deputados e visa alterar a maioridade penal para dezesseis anos, a juventude de Santa Maria – DF realiza uma tarde com muita música e arte, mostrando que é isso a juventude quer e precisa. No sábado (30/05), aconteceu o evento cultural A CENA HIP HOP, impulsionado pela Juventude Revolução, Gangster City e a Família Hip HOP que são dois movimentos culturais e sociais da cidade com apoio da Santa Fya Sound System, do Sinpro-DF e do Sindsep-DF.

O evento contou com público de cerca de 500 pessoas, além da presença de grupos de rap da cidade, batalhas de MC’s, apresentações de break e campeonato de skate. E a convite de Marcius Siddartha, professor da rede pública de Santa Maria e ex-militante da Juventude Revolução, o cantor e militante social GOG, conhecido como o poeta do Rap Nacional e um grande inspirador para a juventude periférica e o rap no DF e no Brasil marca presença e faz uma grande apresentação.

A partir de faixa, colagem de cartazes e das palavras de ordem puxadas pela Juventude Revolução a atividade se tornou um ato contra a redução da maioridade penal quando a maior parte dos grupos que se apresentaram falou no assunto e se posicionaram contra a redução. GOG em meio a sua apresentação fez questão de fazer uma fala sobre isso:

“Eu nunca vi um jovem dando depoimento, sempre as pessoas com a idade lá em cima falando disso. Eu quero dar um depoimento meu, a minha palavra, porque é muito importante as pessoas que falam assim “ah, eu não concordo com o GOG”, mas pelo menos elas vão ter que falar assim “pelo menos o GOG se pronunciou!”[…] Vou contar pra vocês meu argumento, eu sou a favor da maturidade da redução da maturidade cultural!”

Menos de 2% dos homicídios no Brasil são cometidos por adolescentes entre 16 e 17 anos, mas usam argumentos falhos para criminalizar a juventude, principalmente a juventude negra e pobre, que são os que mais sofrem com a polícia militarizada, a falta de perspectivas em uma sociedade baseada em desigualdades sociais.  É necessário que se invista em educação de qualidade e em alternativas para a juventude que precisa de lazer e cultura, mas tem seus direitos tolhidos quando as únicas coisas que lhes são oferecidas são o crime e as drogas, falsas alternativas que no fundo jogam os jovens negros num beco sem saída.

 

Falar de redução da maioridade penal ao mesmo em que se têm cortes de R$ 70 bilhões no orçamento nas áreas sociais, inclusive na educação é literalmente tirar os jovens da escola e nos colocar na cadeia, é nos tirar qualquer perspectiva de futuro e nos entregar para as escolas do crime que hoje é o sistema penitenciário brasileiro. A Juventude Revolução segue deixando seu recado e se organizando nas escolas, nas universidades, nos espaços culturais para seguir travando a luta em defesa da juventude!

A JUVENTUDE PRECISA DE EDUCAÇÃO, CULTURA E LAZER! NÃO DE DROGAS NEM DE CRIMINALIZAÇÃO NA FAVELA!

Natália Botelho, militante da Juventude Revolução no DF e Entorno.