Está sendo chamado para o dia 08 de março (dia Internacional da Mulher) pelo movimento Ni Una a Menos (um coletivo argentino que organizou marchas de protesto contra a violência de gênero em várias cidades da Argentina, Chile e Uruguai em 2015), uma greve internacional de mulheres para protestar contra o “feminicídio, exploração no trabalho/econômica e a desumanização e desierarquização das mulheres”. O movimento está previsto para acontecer em mais de 40 países e aqui no Brasil tem como sua propagandista Luciana Genro (PSOL). Sim, a mesma que declara aos quatro cantos do Brasil que a operação Lava Jato precisa continuar e punir todos os corruptos (quando sabemos que esta não tem e nunca teve a intenção de punir corruptos, e sim destruir as organizações da juventude e da classe trabalhadora, um instrumento de caráter seletivo e ideológico a serviço do judiciário golpista) e que também não houve golpe (mesmo quando a reforma da previdência está batendo à porta para tirar os direitos dos trabalhadores e principalmente das mulheres trabalhadoras as quais parece que foram esquecidas por Luciana Genro).
Movimento batizado de “8M Brasil” nas redes sociais, não se liga aos instrumentos históricos de luta da classe trabalhadora (partidos, centrais sindicais, sindicatos), sem um trabalho de base, aproveita-se de um modelo de convocatória utilizada em outros países e lança recentemente sua convocatória avisando no início que fez adaptações para a realidade brasileira, mas não toca na reforma da previdência e muito menos no Fora Temer. Afinal, qual realidade guiou as adaptações, a realidade da classe trabalhadora ou a realidade pequeno-burguesa?
Desde que o ilegítimo Michel Temer, assumiu o poder através de um golpe jurídico/parlamentar, estamos vivendo quase que diariamente ataques contra os direitos conquistados pela juventude e classe trabalhadora (entrega do pré-sal para as multinacionais estrangeiras, teto dos gastos públicos, reforma do ensino médio, Reforma da Previdência, etc.). Direitos estes que foram conquistados através da luta em conjunto de trabalhadores e trabalhadoras que marcharam em unidade na defesa dos seus direitos e na conquista por novos direitos.
A luta das mulheres por suas pautas específicas, é importantíssima, afinal, dentro da sociedade de classes, elas são as que mais sofrem o peso do declínio capitalista tanto como assalariada quanto como dona de casa, como ainda acontece na maioria das estatísticas brasileiras. O lugar subalterno, a dupla exploração que as mulheres vivem, é a expressão do sistema capitalista que se organiza através da propriedade privada dos meios de produção, que é também o germe do patriarcado. Essas questões só poderão ser superadas com a superação da sociedade de classes e não por “atalhos”. O patriarcado, o lugar subalterno que a mulher ocupa não deixarão de existir por dentro da ordem capitalista, substituir a contradição capital X trabalho por homem X mulher não atingirá a emancipação da mulher enquanto gênero e muito menos enquanto classe.
O capitalismo agradece e até incentiva a contradição homem x mulher
Para manter seu processo agonizante, o capitalismo procura novas formas de tirar o foco da luta de classes e para isso usa a máscara da “humanização” em diversas ocasiões. Uma dessas formas é a ideia de “feminilizar” o capitalismo, empoderar individualmente as mulheres para que estas consigam atingir espaços antes ocupados por homens e mostrar que as mulheres também podem alcançá-los, mesmo que para alcançar estes espaços, as mulheres “empoderadas” pisem em outras mulheres, em outros homens da classe trabalhadora perpetuando a condição de superexploração. Como por exemplo, Christine Lagarde, mulher, dirigente do FMI, organismo imperialista que lança milhares de trabalhadores e trabalhadoras na miséria, que destrói os serviços públicos em nome do capital especulativo.
Exemplo disso é o próprio dia Internacional da Mulher, que surgiu em 1910 por meio de uma conferência das mulheres socialistas e foi concebido com uma jornada de luta das mulheres trabalhadoras. Em 1975, no entanto, a ONU (organismo do imperialismo) absorve o dia 8 de março e troca o vermelho socialista pelo desbotado lilás que passa a estampar a luta feminista. Não é por acaso que o 8M Brasil utiliza o padrão lilás em seus materiais, é o total abandono da luta de classes pela luta de gênero.
O movimento se diz utilizar da greve como instrumento de luta mas não se dirige a ninguém, não se propõe em parar a produção, uma greve sem direção, espontânea, convocada pelas redes sociais que será realizada durante 1h no horário de almoço (entre as 12h30 e 13h30) ou colocando uma bandeira violeta/lilás/roxo na janela.
Dia 08 de Março, mulheres trabalhadoras juntas pela retirada da reforma da previdência!
Compreendemos que a luta contra as opressões, a violência contra a mulher é uma tarefa para a classe trabalhadora e juventude como um todo, e que toda opressão só terá fim de fato com a queda do capitalismo. O que não significa que a luta não deva ser travada, mas precisamos combater e compreender o caráter contrarrevolucionário em que estas “alternativas” se apresentam para a juventude.
Enquanto o movimento de greve propõe colocar “em prática o mundo no qual queremos viver” em uma hora de greve sem mexer nos interesses materiais da burguesia e na estrutura da sociedade de classes, os ataques contra os direitos avançam, a podridão do imperialismo destrói milhares de postos de trabalhos e não escolhe gênero, mas sim a classe. Homens e mulheres da juventude e da classe trabalhadora estão perdendo seus direitos em todo o mundo, estão sendo jogados na miséria nos países destruídos pelas constantes guerras imperialistas, que destroem para depois reconstruírem buscando uma reestabilização econômica.
O governo golpista de Temer, vem atacando desde que tomou o poder, os direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras para assim agradar o mercado financeiro (inclusive o FMI…), a reforma da previdência é a menina dos olhos para os golpistas. Esta reforma destrói toda e qualquer esperança de aposentadoria de homens e mulheres da classe trabalhadora. Equipara as idades de aposentadoria entre homens e mulheres, como se as mulheres tivessem as mesmas condições de trabalho que os homens. Hoje, não existe idade mínima para aposentar, mas considerando a regra 85/95, para a mulher se aposentar com valor integral do benefício, precisa contribuir com 30 anos, e ter 55 anos de idade; ou ela pode se aposentar com 60 anos de idade, desde que tendo contribuído por 15 anos. Pela reforma, para ter o valor integral, ela vai ter de ter pelo menos 65 anos, e 49 anos de contribuição. Um total retrocesso para as trabalhadoras.
Não segmentar, unificar! Os direitos conquistados e a conquista de novos direitos “apenas podem vencer junto com toda a luta de classe do proletariado, apenas podem ser defendidas com métodos proletários de luta e os seus meios de poder” (Rosa Luxemburgo, A Proletária).
Conselho Nacional da JR