Nesta quinta (13), milhares de manifestantes se reuniram para o quarto ato contra o aumento da passagem. A Juventude Revolução esteve na manifestação. A ação da PM, comandada pelo Sr. Governador Geraldo Alckmim para proteger o aumento da passagem de Haddad e do próprio governador foi vergonhosa. A PM honrou o fato de ser uma instituição herdada da ditadura militar.
Mas as manifestações certamente vão continuar. E serão mais fortes!
Confira abaixo a entrevista com um estudante da USP, preso no inicio do ato, e o relato de jovens trabalhadores e estudantes.
Entrevista com Tiago, estudante da USP:
JR: Como foi sua prisão, em que momento ela ocorreu?
Tiago:- Eu tava no viaduto do chá. Tinha acabado de chegar. Assim que entrei a PM me abordou pedindo pra abrir a mochila. Primeiro tentei não abrir. Eles forçaram e acharam um vinagre. Por isso ele me conduziu até a base que tava na praça do patriarca. Lá várias pessoas já tinham sido detidas com vinagre, capacete de ciclista, tinta. Levaram pra DP sem motivo a não ser ser um possível manifestante. dalí levaram pra delegacia.
O que você viu na delegacia?
Levaram a gente, não fizeram nenhuma acusação. E não parava de chegar gente. Mais de 100 pessoas só no 78 DP. Não parava de chegar trazidos pelo choque, pela PM.Tiraram foto, ouviram e dispensaram.
E agora, o que é preciso fazer?
Temos que continuar a ir pros atos. Não pode parar, essa repressão não pode assustar e temos que continuar até a manifestação conseguir conseguir a redução. E acho que ela deve aumentar. As pessoas estão revoltadas!
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Relatos dos manifestantes
“O cassetete no povo, muita bomba”
relato de Naby, estudante da USP:
“Cheguei 17h45 no Teatro Municipal. Encontrei uma galera amiga. A marcha saiu umas seis da tarde, acompanhei até a Consolação. Na altura da Praça Roosevelt notei um empurra empurra. Quando olhei pra trás, vi os PMs batendo com o cassetete nos manifestantes, que começaram a empurrar para frente. A partir daí foi muita bomba. Em instante algum eu vi uma tentativa da PM de conversar ou entrar em acordo. O cassetete no povo, muita bomba. Desencontrei do pessoal que eu tava e fui sentido Augusta. Aí, avisaram que a tropa de choque tava lá em cima, na Augusta com a Paulista. Pra não bater de frente fomos pra Bela Cintra. No fim da rua demos de cara com o choque. De repente apareceu bomba no meio do povo, disseram que vinha do helicóptero… A galera recuou, descendo a Bela Cintra. Aí eles começaram a atacar a gente simultaneamente, nas duas pontas, e a gente não tinha pra onde correr. Uma das tropas saiu e nós conseguimos cair na Consolação, onde estava a maior parte da manifestação, e o Choque continuou reprimindo. Essa hora foi a mais complicada, muito gás, muita gente passando mal, tinha senhoras, eu vi uma criança. Nisso consegui sair de lá e ir para a Alameda Santos, esperei até 21h45, que foi quando o choque deu uma trégua na Paulista e a gente conseguiu sair. Minha amiga ficou presa numa garagem que eles tinham conseguido se refugiar. Quando o Choque, viu eles começaram a jogar bomba dentro do estacionamento, eu tava no telefone com ela ouvido as bombas e a galera gritando.
No próximo ato eu vou de novo. Acho que é um direito que a gente tem de sair na rua, de gritar, de protestar e exigir que o estado faça o que é o nosso direito. Eles não querem que a sociedade saiba do nosso direito de manifestar.”
“Parecia o que meu pai contou do AI-5”
Relato de Kelly, Jovem estudante de Geociências
“Fui na concentração no Teatro municipal e apesar de algumas revistas tudo estava muito tranquilo, a manifestação saiu pela rua Itapetininga e seguiu até a Ipiranga.
Até a esquina com. Ipiranga estava um verdadeira festa, palavras de ordem, crianças, galera tocando. Quando começamos a subir a consolação, um grupo da tropa de choque apareceu pela rua Régio Freitas atirando bombas de gás, a galera não dispersou e eles saíram correndo para a frente da manifestação no sentido Mackenzie.
A manifestação parou, tinha muita gente, não consigo estimar quantas. A tensão estava armada na praça Roosevelt, mas um pessoal começou a subir para a praça e para a igreja da consolação. Bem, a galera começou a gritar contra a violência e as bombas começaram a vir de cima, sentindo mackenzie. O pessoal começou a voltar na consolação e então começou a vir bombas de lá também, loucamente todo mundo correu para a Praça, usando grades etc.
Eu e um grupinho nos escondemos perto da praça mas não subimos. E então pudemos ver de lado a tropa tomando a praça e estourando centenas de bombas, em seguida a cavalaria se posicionou e começou a subir a Rua Consolação
Vários grupos se dispersaram para lados diferentes, tivemos notícias de uma galera que estava presa em Higienopolis, e outra na Rua Augusta.
Em frente à praça, perto do meu prédio tinha um grupo com com um senhor cadeirante passando mal, deixei eles na portaria do meu prédio e segui para a paulista pela 9 de julho, ali também tinha tropa jogando bombas.
Encontramos vários grupos tentando chegar na Paulista, quando chegamos próximo, na altura da Itapeva vimos a tropa vindo dos dois lados da Paulista, consolação e Paraíso.
Estavam atirando bombas o tempo todo, e nas ruas paralelas havia viaturas da PM parando grupos. Vimos um menino ser revistado e levado, mas não conseguimos anotar placa nem nada, foi tudo muito rápido.
Grupos de PM passando pelas ruas laterais de motos eram constantes, paramos na portaria de um prédio e ficamos algum tempo esperando a poeira baixar, mais bombas, decidimos então descer para nove de julho e voltar para o centro, porque tava difícil tentar reagrupar a manifestação
Enfim, a Praça Roosevelt e a cidade viraram campo de guerra, foi assustador o que vi. Me lembra do meu pai contando do dia em que o AI5 foi instaurado.”
“Votei em Haddad e penso que ele tem a obrigação de ouvir a reivindicação do movimento!”
Luana, Jovem Professora
“Cheguei por volta das 19h15 na A Estação Paulista da Linha 4-Amarela fica sob a rua da Consolação, próxima ao cruzamento com a avenida Paulista.
Já podia perceber o aparato da Policia Militar bem como da Tropa de Choque, logo em seguida eles fecharam o acesso da estação paulista, ao descer para ir de encontro ao ato, estava praticamente atrás da policia e da tropa de choque que já estavam posicionados, fomos encurralados há duas quadras descendo a consolação eu e mais uma estudante que conheci no ato, a tropa de choque atravessou e começou a atirar, nesse momento estávamos na esquina paradas e conseguimos entrar dentro de um estacionamento.
A partir daí ficamos presas na consolação não tinha para onde ir pois estávamos cercados, nesse momentos vários estudantes feridos e alguns aleatoriamente foram presos. Na tentativa de subir a consolação sentido ao metrô o ato persistia pela Bela Cintra, em fração de segundo a rua da consolação foi fechada, nesse momento conseguimos entrar no bar, pois estava tudo cercado. Conclusão a polícia dispersou o ato na Bela Cintra para que os estudantes e jovens fossem para rua da consolação, dentro do bar fechado ouvíamos as bombas a policia mandando recuar e muito barulho e gritaria, nesse momento a fumaça de gás lacrimogêneo tomou conta do espaço fechado que estávamos, mas era possível ouvir os jovens e estudantes pedindo “não a Violência” e “pedindo para que todos sentassem”, sem ter como respirar algumas pessoas passaram mal dentro do bar, conseguimos panos para tentar nos proteger, após 25 minutos o cenário ao sair do bar era mesmo a rua da consolação fechada pela tropa de choque nos dois sentidos, pessoas correndo e algumas no chão machucadas. Ao tentar entrar na estação paulista a mesma estava fechada, quando conseguimos, segui para Trianon MASP onde a estação também fechada minutos antes da policia militar jogar dentro da estação uma bomba de gás lacrimogêneo, verdadeiro cenário de terror e violência dessa instituição herdada da Ditadura Militar.
Votei em Haddad e penso que ele tem a obrigação de rever a posição dele, e ouvir a reivindicação do movimento! Haddad Foi eleito para isso e não para apoiar essa truculência da PM e aumentar a passagem!”
“Mas a luta contra o aumento segue.”
Priscilla, Jovem jornalista
“Chegamos tarde (19h) por causa do trabalho. Depois de andar por mais de uma hora entre a Praça Roosevelt e a Paulista, desviando da tropa de choque que bloqueava cada uma das ruas, tentando encontrar o ato que não sabíamos que nessa altura já tinha sido dispersado, eu e meus amigos entramos na Paulista perto do MASP. Estava deserto. Em dois minutos, chegou a tropa de choque e saímos correndo. Escapamos por pouco, mas não me senti segura em continuar, especialmente porque estava com dificuldade de respirar. E saí da Paulista, entrando no restaurante para me restabelecer e ver se as coisas acalmavam para tentar ir embora. Foi um pouco depois disso, enquanto comia um salgado, que vejo um fuzil de bala de borracha apontado para o meu rosto, a dois passos de distância. Para meu rosto!!! “Sai!”, foi tudo o que ele disse, o restaurante tinha 3 ou 4 PMs expulsando todos os jovens que estavam lá dentro. E orientando: “volta para a Paulista para pegar o metrô”. Sendo que a estação Trianon-MASP tinha sido fechada pela própria PM e era ali que estava o confronto, pra onde eles queriam nos empurrar.
Meus amigos, trabalhadores, ficaram na Paulista e precisaram entrar num banco para escapar da polícia, mas ficou tudo cheio de gás lacrimogênio, em ambiente fechado. Eles ficaram sufocados, até a hora que conseguiram sair, sem enxergar nada, gritanto: “vinagre!”, que ajuda a diminuir o efeito do gás. O que houve foi uma verdadeira violência arbitrária da PM, ordenada pelos governos, contra milhares de jovens, trabalhadores e a própria imprensa. Mas a luta contra o aumento segue.”
“Valeu muito a pena ter feito parte disso tudo”
Yan , Estudante secundarista
“A minha primeira participação no ato contra o aumento da passagem foi um tanto quanto imprevista. Fui nessa quinta-feira (14/06) com alguns amigos da escola, lembro de não ter expectativas do que iriamos passar, não da pra sentir na pele o que realmente acontece nessas manifestaçãos vendo as reportagens da mídia, na televisão parece que a polícia ”apenas” responde à agressão dos manifestantes, mas não foi isso que vi, as forças armadas não fazem questão de nos tratar com um pouco de dignidade e respeito. Na praça roosevelt eles nos cercaram como dito,não atenderam ao nosso grito ”SEM VIOLENCIA!” , fomos obrigados a sair as pressas de lá, Protestar tranquilamente não era o caso de ninguem ,todos estavam correndo desesperados, muita gente estava passando mal com quantidade de fumaça lançada . Assim, meu grupo de secundaristas não durou 20 minutos, nos perdemos, alguns foram embora já exaustos outros seguiram a multidão rumo à Paulista.
Por outro lado, vale ressaltar a união das pessoas, o quão coletivas estavam. Independente de qualquer particularidade fisica ou social, estavamos juntos, todos se ajudando. havia pessoas distribuindo máscaras, vinagre para os efeitos dos gases, ajudando quem estava passando mal. Um espirito de união como esse não se vê todos os dias, valeu muito a pena ter feito parte disso tudo, me sinto satisfeito em ser uma das 20 mil pessoas presentes que acreditam em um futuro melhor, e que estão dispostas a isso.”