Baixo engajamento dos jovens evidencia crise política no Brasil

Dados do TSE apontam que a quantidade de eleitores registrados na faixa de 16 a 17 anos, onde o voto é facultativo, é a menor da história. A queda da participação da juventude nos pleitos não é uma novidade, e vem se acentuando eleição após eleição. Já nas municipais de 2020 a queda dos votos nessa faixa etária foi de 55%. Ali se argumentou que a pandemia da COVID-19 foi o motivo para as abstenções. O fator do vírus pode ter sido um agravante, mas por si só não explica porque em 2004 eram 3,6 milhões de eleitores nessa idade e em 2020 apenas 1 milhão. Especialistas começam a falar em crise de representação política, que alguns buscam corrigir com a dita “representatividade” estimulando candidaturas jovens. Mas o problema não é só que a maioria dos políticos são “velhos distantes da realidade jovem”. A questão vai mais fundo, e tem a ver com o papel que as instituições políticas como o Congresso Nacional e o judiciário vêm jogando no país. 

A juventude viu suas condições de vida e sua perspectiva de futuro serem dilaceradas, sobretudo desde 2016. A taxa de desemprego nesse setor fechou em quase 30% em 2021, o que guarda relação direta com a Reforma Trabalhista de Temer que o Congresso aprovou. Medidas como a “carteira verde amarela” apenas aumentam a indignação, já que buscam corrigir o problema com vagas de empregos sem direito algum.

A situação das escolas e universidades também preocupa. Falta de estrutura e profissionais, de bolsas e outros benefícios, são diversos problemas que derivam dos sucessivos cortes de verbas aplicados por Temer e Bolsonaro. Tudo isso no bojo da EC 95 (teto de gastos) aprovada no Congresso em 2016 sob forte rechaço da juventude em protestos massivos e ocupação de escolas. Dali também veio a reforma do ensino médio que retira conteúdos essenciais das escolas e contribui para o aumento da evasão, que com a implementação do ensino remoto na pandemia atingiu 171% na faixa de 9 a 14 anos. Daí se explica o descrédito. Fica claro que a ação das instituições políticas está destruindo o futuro dos jovens, e a resposta que vem das ruas também é dada nas urnas. 

É preciso construir uma saída à altura dessa crise

Dos milhões de jovens indignados e desacreditados do sistema políticos, muitos esperam da candidatura Lula/PT uma alternativa a todo esse caos gerado pelas instituições lideradas pelo genocida Bolsonaro. É preciso reconstruir e transformar o país que foi destruído na última década. A reforma trabalhista precisa ser revogada para gerarmos empregos com direitos. A reforma do ensino médio e a EC 95 precisam ser revogadas para que os conteúdos retornem às escolas, e com eles milhares de jovens que evadiram. As instituições políticas que pariram Bolsonaro precisam ser reformadas para que atendam os anseios dos jovens e trabalhadores, o que só uma Constituinte Soberana poderia efetivamente conquistar.

Esse programa de verdadeira ruptura com o sistema político podre precisa de aliados, mas seria possível nos aliando com inimigos, inclusive bolsonaristas arrependidos, como Alkimin “ladrão de merendas”? Lula deveria se afastar definitivamente desses inimigos e se aproximar do povo oprimido que espera do PT uma postura diferente nesse sistema podre. Não à toa foi quando Lula preso injustamente adotou um tom mais radical contra o Judiciário que milhares de jovens se filiaram ao partido para lutar nessa crise. Muitos desses jovens romperam o “fique em casa” das cúpulas e tomaram as ruas gritando “abaixo esse governo Bolsonaro”. Definitivamente, é em setores com essa disposição que repousa a verdadeira saída para o caos que tomou nosso país nos últimos anos. Vamos à luta!

Katrina, membro do CNJR

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