*texto originalmente publicado no último boletim nacional da JR
Nos últimos dias, a juventude brasileira voltou a manifestar sua indignação com a impunidade dos crimes bárbaros cometidos pela ditadura militar de 1964. Os jovens deixam claro que eles não serão esquecidos, muito menos perdoados.
A Juventude Revolução-IRJ soma a sua indignação à desses milhares de jovens! No momento em que o governo federal cria a Comissão Verdade (com todos os limites que ela possui) temos uma oportunidade de fazer valer a justiça. Mas não basta esclarecer os crimes, é preciso revisar a Lei da Anistia queprotege os sequestradores, torturadores e assassinos militares. É preciso puni-los! Essa é a responsabilidade do governo Dilma do PT, partido que nasceu da luta para derrotar a ditadura.
Por isso, a JR lançou um chamado às organizações de juventude para construirmos uma ampla unidade, organizando ações que dêem consequência a este movimento e ajudem a fazê-lo vitorioso.
Iniciativas unitárias começam a aparecer: uma reunião de organizações, como o Levante Popular da Juventude, a UNE, a CUT, a JPT, a UJS, o MST e o PCB, aprovou um semana de mobilizações, de 27 de abril a 03 de maio. Além disso, serão feitos um cartaz e um panfleto em conjunto.
Agora, os núcleos da JR discutem nos estados e cidades manifestações a serem construídas em unidade.
Os crimes da ditadura contra os jovens e o povo brasileiro continuam impunes
Em 1º de abril de 1964, o golpe militar iniciou um regime que viria a cometer uma série de crimes contra os jovens, os trabalhadores e o povo brasileiro.
A ditadura não ocorreu por acaso. Ela tinha um objetivo claro: era preciso usar a força, a repressão e todo o aparato militar, para abrir ainda mais o caminho para o capital internacional e retirar direitos da classe trabalhadora.
Os golpistas receberam a orientação dos EUA, cujo governo ajudou a planejar o golpe, subornou parlamentares para que entrassem no esquema, e deslocou uma frota de guerra para dar apoio. Consolidada a ditadura, o governo imperialista dos EUA treinou militares brasileiros na prática de torturas e guerra contra seu povo. Parte do setor empresarial também ajudou e financiou o aparato repressivo.
Sob Sob o governo ditatorial e ilegítimo, direitos da classe trabalhadora foram atacados, como o fim da estabilidade no emprego (nenhum trabalhador podia, antes, ser demitido sem justacausa). O latifúndio foi reforçado e as conquistas das lutas camponesas de antes de 64 destruídas.
A repressão sobre os estudantes foi dura: a sede da UNE foi incendiada nos primeiros dias do golpe. Todas as entidades estudantis sofreram intervenção e só funcionaram as que fossem leais ao novo regime. Em 1968, cerca de 800 a mil estudantes da UNE que participavam de um congresso (com a entidade na clandestinidade) foram presos. Assim como outros 2000 em um dos Encontros Nacionais pela reconstrução da entidade, em 1977.
Para a população pobre, o regime criou o terror do Esquadrão da Morte, quadrilhas organizadas e formadas por policiais corruptos, ligados ao tráfico de drogas.
Segundo a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidosp olíticos, são pelo menos 474 casos neste período histórico. São brasileiros, em sua maioria jovens, que ousaram lutar contra a opressão, pela democracia, liberdade e soberania do povo. E que foram perseguidos, torturados e cruelmente assassinados. Em muitos casos, suas famílias até hoje não puderam enterrar seus corpos.
Além de todos os outros jovens e trabalhadores que foram presos, tiveram suas vidas devastadas ou foram obrigados a viver no exílio.
Até hoje, de todos os desaparecidos,apenas três corpos foram devidamente sepultados. Nenhum torturador foi punido, os arquivos dos porões do regime não foram abertos.
Ao mesmo tempo, se mantêm outras heranças da ditadura,como a dívida pública e a estrutura agrária. O aparato repressivo dos tempos da ditadura militar continua praticamente intacto no Brasil, com o monitoramento dos movimentos sociais. Vários torturadores estão na ativa, desempenhando funções na polícia e no Estado.
A impunidade dos criminosos que mataram homens, mulheres e crianças em longas sessões de torturas, assim como daqueles que financiaram essas ações, é uma verdadeira agressão ao povo brasileiro.
Mais do que isso, é um incentivo à manutenção da violência e podridão das polícias, que se mantêm militarizadas, participando massacre da juventude negra nas periferias. É o que permite que as Forças Armadas brasileiras ajam atacando e oprimindo o povo haitiano.
Exigimos a revisão da Lei da Anistia que protege os criminosos da ditadura! Exigimos a abertura dos arquivos, e o direito à verdade! Só houverá verdade quando houver justiça!