Carta de estudantes do México aos jovens de todo o mundo sobre o desaparecimento dos 43 estudantes

Publicamos abaixo o apelo de estudantes do México aos jovens e estudantes de todo o mundo que denúncia os acontecimentos que envolvem o sequestro de 43 estudantes, a estreita relação estabelecida entre o narcotráfico e o Estado Mexicano, e que pede a solidariedade das entidades estudantis e organizações de jovens para que se somem ao chamado pela aparição com vida dos 43 estudantes e a punição aos responsáveis.

A Juventude Revolução está  solidária e chama cada jovem a fazer essa discussão na sua entidade, sua escola, universidade e bairro. Não aceitamos a barbárie do narcotráfico e da polícia que assassina a juventude no México ou que mata a juventude no Brasil, como no recente caso de Belém. Queremos que a juventude tenha direito a um futuro e vamos lutar por isso!

 

Pelo aparecimento com vida dos 43 normalistas desaparecidos!

Castigo aos responsáveis! Justiça aos estudantes assassinados!

Cidade do México, 8 de novembro de 2014

ÀS ORGANIZAÇÕES DE JOVENS E DE ESTUDANTES DE TODO O MUNDO

Nós que assinamos este apelo somos estudantes de escolas e universidades do México e nos dirigimos a vocês para manifestar o seguinte:

Entre os dias 26 e 27 de setembro, na cidade de Iguala, estado Guerrero, no México, foram assassinados seis pessoas (entre elas três normalistas), feridos 25 normalistas (dois deles permanecem em estado graves) e 43 foram sequestrados. Os jovens são estudantes da Escola Normal Raúl Isidro Burgos, da cidade de Ayotzinapa, uma escola que atende aos filhos dos camponeses mais pobres do país.  

Os acontecimentos da cidade de Iguala mostraram aos olhos de toda a nação a estreita relação estabelecida ao longo das últimas décadas entre o narcotráfico e as instituições do Estado (polícias municipais e federais, prefeitos de todos os partidos institucionais, oficiais do exército que se negaram a atuar no momento da repressão e sequestro dos jovens normalistas)

A barbárie de Iguala suscitou uma enorme indignação do povo mexicano, em primeiro lugar, nas centenas de milhares de jovens estudantes que, desde setembro, tem participado de inúmeras manifestações, em todos os estados do país. Na capital do país, México, Distrito Federal, particularmente, ocorreram três grandes concentrações, nos dias 8 e 22 de outubro e 5 de novembro, nesta última com mais de 100 mil participantes.

Depois de mais de 40 dias dos acontecimentos de Iguala, o presidente Enrique Peña Nieto (PRI), e o Procurador General de Justiça, Jesús Murillo Karam, declararam que os 43 foram assassinados, queimados, torturados e seus restos jogados num rio.

Os pais de família e os estudantes da Escola Normal recusam com toda razão a declaração de Murillo Karam e Peña Nieto. Os pais dizem: “Não confiamos no governo de Peña Nieto nem no Procurador de Justiça”. De fato. Durante mais de 40 dias o governo não fez nada além de retardar as investigações e o julgamento dos policiais detidos, acumulando mentira após mentira, ocultando as relações das polícias e autoridades com o narcotráfico. NÃO, não podemos aceitar se não há evidencias claras, científicas.

Os pais de família e os estudantes fazem um chamado para ampliar a mobilização e a solidariedade tanto no país como em escala internacional até que sejam atendidas suas demandas.

Aparecimento com vida dos 43 normalistas desaparecidos! Punição aos responsáveis! Justiça!

Esse ato de barbárie é o ápice de uma política de repressão contra a juventude e está relacionado com a política seguida pelo Estado ao longo das últimas décadas, de destruição das conquistas do povo trabalhador e desmantelamento da soberania nacional através das chamadas “reformas estruturais”, “tratados de livre comércio”, privatizações.

Esta política tem levado a um processo de decomposição social e de corrupção em todos os níveis do Estado. Os responsáveis não são só os que diretamente sequestraram os estudantes. São também o prefeito de Iguala, preso, o governador do estado de Guerrero, obrigado a renunciar (em ambos os casos pela pressão do movimento), e o governo federal de Enrique Peña Nieto. Em todas as manifestações, nas palavras de ordem que aparecem nas ruas, a juventude diz: ”O Estado é o responsável”.

Jovens estudantes e trabalhadores, dirigentes de organizações estudantis de todo o mundo:

Fazemos um chamado para que se solidarizem em seus respectivos países com as justas demandas dos normalistas de Ayotzinapa, Guerrero, México, nas formas que vocês considerem convenientes, (delegações às embaixadas, correios ao governo de México, comícios…).

Fazemos um chamado para exigir:

Aparição com vida dos 43 normalistas desaparecidos!

Punição aos responsáveis! Justiça!

Assinam:

Centros de educación superior:

México, D.F.: UNAM: Fac. de Economía: Mancilla Ramos Osvaldo, Rodríguez Serrano Nuria, Cruz Vélez Azucena, Reyes Romero Miguel Ricardo, Galindo Betanzos Juan Pablo, Santana Duarte Orlando, Barrón Arturo, Martínez Edgard Adrián, Morales Rodríguez Juana del Carmen, Romero Esquivel Miguel Eduardo; Fac. de Arte y Diseño: José Miguel Silva. IPN: Escuela Superior de Economía (ESE): Wendoline Zamora; Escuela de Psicología: Mariana Diosdado Cerroblanco; Escuela Superior de Ingeniería Mecánica y Eléctrica (ESIME): Jonathan Aparicio.Aldo Toño Trejo, Alejandro Ávila Gutiérrez, Ángel Gutiérrez, Luis Vázquez. UAM: CienciasAntropológicas: Gabriela Montoya; Arquitectura: Román Ortega López; Diseño Industrial: Cesiah Gómez Roldán; Ayudante de investigación: Gloria Miroslava Callejas Sánchez; Colmex: Josué Morachis, doctorado en economía.Instituto Tecnológico de Iztapalapa, Enrique Hernández Granados.

Estado de Jalisco: U de G:Economía: Abiud Sánchez, Andrés Ramírez, Claudia Mendoza; Sociología: Fernanda Justo, Jonathan Ávila, Erika Jazmín Venadero, Alan Escatel, Javier Correa, Silvia López, Shannon Díaz, Topacio Lomelí;Derecho: Miguel Solís; Preparatoria 10: Abraham Garibi; Gestión y Economía ambiental: Juan Manuel Chávez, Edith Baltazar.

 Estado de Sonora: UNISON: Escuela de. Trabajo Social: Gabriela Aracely Encinas Arriola; Ingeniería Civil: Francisco Eduardo Noriega Arvizu.

 Estado de Baja California, cd. de Mexicali:UABC,Psicología: Erick Antonio Pedroza Peña, Adriana Ayala Macías, Antonio Pedroza Peña, Jesús Casillas Arredondo, Marco Morales Rojo; Ciencias de la Educación: Melissa Villanueva; Ciencias de la Comunicación: Manuel Ángeles y Edgar Galván; Facultad de Ciencias Sociales yPolíticas: Johan Alejandra Morales Silva; Facultad de Pedagogía e Innovación Educativa: Blanca Nathalia Carrillo Ortiz, Quetzalli Figueroa; Facultad de Arquitectura: Silvia Denisse Vidal, Gabriela Anchondo; Facultad de Artes: Erick García; Facultad de Ciencias Administrativas: José Williams; Facultad de Idiomas: Mayra Cordero. UVM,Derecho: Carlos Elenes. ITM Jesús Enrique Cinco Ramírez. Estudiante de docencia en artes Ana Cázares Casillas; estudiante de preparatoria Elisa Gastelum,; Licenciatura Contabilidad Pública – auxiliar contable: Fabiola Cazares Casillas; Licenciada en docencia de la lengua y literatura: Princesa Raquel Lizárraga García.
cd de Tijuana:UABC, Facultad de Odontología – Otzi Ramírez Guzmán; Facultad de Humanidades: Angélica Estrada, Luis Carlos Haro Montoya; Sociología: Joshua Rivera Arvizu; Facultad de Turismo: Laura Alejandra Rivera Arvizu; Facultad de Ciencias Químicas e Ingeniería: Andrés Arroyo; Colegio de la Frontera Norte, María Elizabeth Rivera Arvizu, Asistente de investigación en el Departamento de Estudios Culturales

cd de Ensenada: UABCFacultad de Ciencias Marinas: Sergio Enrique III Rebelin Aranda; Sociología Erika Guadalupe Pérez Pacheco –

Estado de Chiapas, UNACH: Medicina: Nataly Jiménez García, Jorge Domingo Parcero Torres, Isaura Elvia Corzo Martínez; Pedagogía: Deiner López Hernández; Arquitectura: Héctor Ernesto Gusmán Vásquez; CECyTCH: María Elisa  Santiz Gómez.

INTERCAMBIO: justicia.para.ayotzi@gmail.com

Notas – IPN (Instituto Politécnico Nacional), UAM (Universidad Autónoma Metropolitana), U de G (Universidad de Guadalajara), FAD (Facultad de arte y diseño) UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México), UABC (Universidad Autónoma de Baja California), ITM (Instituto Tecnológico de Mexicali), UNACH (Universidad Nacional Autónoma de Chiapas), CECYTCH (Centro de Educación Científica y Tecnológica de Chiapas), UVM (Universidad del Valle de Mexicali), UNISON (Universidad de Sonora)