Com manifestação de centenas, estudantes do Gama-DF resistem a implantação da “semestralidade” no Ensino Médio

No último dia 28 (Quinta Feira) cerca de 300 estudantes das escolas CEM 01, CEM 02 e CEM 03 do Gama –DF organizados através de seus Grêmios, promoveram uma Manifestação na Regional de Ensino da cidade. A passeata iniciada na Administração tinha como principal palavra de ordem: Não à semestralidade! Fazendo alusão a proposta de reformulação do currículo do Ensino Médio imposta pelo Governo Agnelo.

Assembléias estudantis realizadas na última semana nos dois turnos do CEM 01,CEM 02 e CEM 03 antecederam a Manifestação na cidade. Com uma média de 200 estudantes presentes por turno as Assembléias, com exceção do Vespertino no CEM 01, se posicionaram contra a semestralidade. A luta dos estudantes prossegue exigindo a suspensão imediata do Currículo em movimento.

O novo currículo estabelece a divisão dos estudos através de blocos de matérias divididos em dois semestres. Visando maquiar os índices de reprovação e a evasão escolar no Distrito Federal, o Governo defende o argumento de que a interdisciplinaridade seria estimulada e reforçaria a aprendizagem. É com estranheza que escutamos falar também de novos métodos de recuperação, que se dariam através de acompanhamentos “pedagógicos“ no lugar do avaliativo.

É verdade que o modelo de currículo tradicional pode ser discutido, mas precisamos de uma mudança positiva e real. Se Agnelo não priorizasse a Lei de Responsabilidade Fiscal e a reconstrução do estádio Mané Garrincha para a Copa do Mundo, poderíamos ter uma Educação de qualidade com o método curricular atual. Independente do modelo as salas continuam superlotadas, o professor desvalorizado, a estrutura da escola sucateada, as merendas de péssima qualidade e as cobranças de taxas permanece no ensino público.

O Governo empurrou de forma irresponsável a semestralidade a algumas cidades satélites como Gama e Santa Maria sem consulta ou debate algum na comunidade escolar. Os que mantinham ilusão na tal Gestão democrática ficaram boquiabertos ao enxergarem de forma mais evidente sua farsa. “Não aceitamos que as escolas das periferias sejam usadas como cobaias. As escolas do Plano Piloto e as particulares não aderiram ao novo modelo por que ele está sendo testado por nós, o que é um absurdo e fere o direito que temos às mesmas condições de ensino que os demais. “ Expressou Victor Kaique, Diretor do Grêmio do CEM 03 e Diretor da União municipal dos estudantes secundaristas do Gama.

Tamanho é o despreparo que os próprios Diretores de escolas e muitos professores ficam confusos e apontam apenas suposições quando questionados a respeito de algum critério avaliativo ou mesmo de como funcionaria a reposição de aulas. Sabemos que está por trás desta questão a discussão de uma proposta de reformulação nacional do Ensino Médio, que visa rebaixar a particularidade das matérias e esconder dos filhos dos trabalhadores o que a sociedade acumulou de conhecimento ao longo da história.

Uma comissão de grêmios estudantis foi recebida na Regional e do lado de fora os estudantes indignados resolveram ocupar a Regional de Ensino ao descobrirem que a resposta dada foi: Não podemos fazer nada a respeito esse ano. A ocupação se deu de forma resistente e organizada e ali mesmo dentro da DRE, foi encaminhada a proposta de realização de Assembléias estudantis nas escolas com indicativo de paralisação.

Ricardo, é militante da JR no distrito federal e membro do CNJR