Há exatamente 9 anos atrás, liderados pelo Brasil, tropas de 19 paises que compõem as forças da Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah) ocuparam a Haiti.
Desde então o Comitê “Defender Haiti é Defender a Nós Mesmos” tem lutado pela retirada das tropas da ONU, em defesa da soberania do povo haitiano.
Ato público pelo fim da ocupação no Campo de Marte, no Haiti, durante a Conferência
Uma delegação brasileira à Conferência foi organizada pelo Comitê, que contou com Julio Turra da Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Juliana Cardoso, vereadora e presidente do Partido dos Trabalhadores de São Paulo, Sonia Santos do Movimento Negro Unificado (MNU), Cátia Silva da secretaria de Combate ao Racismo PT – São Paulo, Douglas Mansur do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e Barbara Corrales do Comitê “Defender o Haiti é defender a nós Mesmos”, juntamente com Augusto Santos e Jessica Silva, militantes do MST que vivem no Haiti, participaram da Conferencia Continental contra a ocupação, pela retirada das tropas da Minustah “Ann pote kole pou minista ale”.
Delegações internacionais na manifestação pela retirada das tropas do Haiti
Com mais de uma centena de delegados e dirigentes sindicais haitianos, com destaque para as delegações da Central dos Trabalhadores do Setor Público (CTSP) e da Central Autônoma dos Trabalhadores haitianos (CATH), a Conferência contou com delegações da Argentina, Argélia, Brasil, Estados Unidos, El Salvador, França, Guadalupe, Martinica e México. Um grande ato público no Campo de Marte, sob a estatua de Dessalines, herói da libertação nacional haitiana, com a participação de centenas de haitianos, foi um momento memorável da solidariedade internacionalista que marcou toda a conferência.
Delegações internacionais na manifestação pela retirada das tropas do Haiti
Plenário da Conferência
Aberta por testemunhos de sindicatos, movimentos populares e personalidades haitianas sobre a violenta ocupação do Haiti pelas tropas, entre eles Camille Chalmers, que conectou a conferência com sindicalistas e dirigentes uruguaios impedidos de participar, por vídeo conferencia. O senador Jean Charles Moise que esteve no Brasil em abril passado, explicou que “o Senado haitiano votou, por unanimidade, no dia 28 de maio, pela segunda vez , a exigência de retirada das tropas, ´de forma organizada e gradual até maio de 2014’. Essa votação exprime de forma inequívoca a vontade do povo haitiano”.
Na conferência, a intervenção do delegado do PT da Argélia se solidarizou à luta pela soberania no Haiti, no momento em que a nação argelina sofre ameaças de ocupação justamente por não participar das forças que ocuparam o Mali.
Bertheline Abejrou, dirigente do grupo de mulheres da Central de Trabalhadores do Serviço Publico (CTSP), que esteve presente com grande delegação, em depoimento à delegação brasileira falou “desde a ultima vez que vocês vieram aqui, a situação piorou muito, em particular em relação as mulheres: mais violações e nenhuma punição, pois as Minustah e seus homens são impunes. Hoje já existe toda uma geração de crianças nascidas do estupro de jovens haitianas menores de idade. Se no caso do cólera, que já matou mais de 8 mil e contaminou 900 mil haitianos, as forças de ocupação não foram responsabilizadas, imagine nesses casos de violência, onde há grande pressão sobre as famílias e sobre as jovens para que não que façam denuncias”.
Ysmaelene Jamel, sindicalista da CATH , que trabalha em uma fabrica de jeans na zona franca de Porto Principe denunciava “trabalho 7 dias por semana, 11 horas por dia e meu salário mensal é de 200 gourdes (equivalente a 4 dolares, ou 10 reais), menos que o salário mínimo nacional. Isso porque esta fabrica esta nos acordos da Lei Hope, feita por Bill Clinton, que permite a exportação direta para os Estados Unidos sem pagar impostos, e sem garantir nenhum direito aos trabalhadores. E quando nos manifestamos, fomos reprimidos pelas tropas da Minustah”.
Ao final, foi aprovada por aclamação resolução dirigida a todos os governos com tropas na Minustah que exige a imediata retirada das tropas!
Comitê “Defender o Haiti é Defender as Nós Mesmos”
Assembleia Legislativa de São Paulo
comitedefenderhaiti@uol.com.br