Consciência Negra: Fora PM das escolas!

            Na última semana a gestão disciplinar, militarizada, do Centro Educacional 01 da Estrutural, bairro de periferia do DF, demandou que fossem retirados das paredes da escola cartazes produzidos pelos alunos para um projeto da Consciência Negra que foi elaborado na disciplina de História. Uma tentativa de impor, de forma autoritária e obscurantista, uma censura na expressão e construção de conhecimento dos estudantes. A vice-diretora da escola recusou a censura e o caso ganhou audiência.

            Os cartazes trouxeram questões da história do país, onde o racismo sempre esteve presente, até o cotidiano da violência policial contra a juventude negra. Um dos trabalhos mais emblemáticos ilustrou um policial militar com a suástica na farda assoprando a vela do bolo de aniversário da Consciência Negra. Uma sátira mais do que real, já que a violência tem aumentado e quem mais sofre com isso são os jovens negros. Um deputado federal do PSL foi até a escola pressionar pela censura, verdadeira falta do que fazer! O caso relembra o episódio da escola Conde Carneiro em SP, onde outro deputado bolsonarista criticou pinturas no muro da escola que foram realizados pelos estudantes.

            A Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que a PM não é racista, mas os números não mentem! Em São Gonçalo/RJ, alguns dias depois, a notícia de nove mortos na Chacina do Salgueiro. Tudo isso ocorre na semana onde se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro. Não é a toa os cartazes dos estudantes do CED 01 da Estrutural. É urgente enfrentar o racismo no país exigindo o fim do genocídio da juventude negra e a desmilitarização das PM’s.

            Fora PM das escolas!

            Todo o ocorrido no colégio em Brasília é responsabilidade dos governos que querem destruir a educação pública. Bolsonaro, através do MEC, oferece verbas extras aos colégios que aceitarem ser militarizados. Ibaneis (MDB), que governa o DF, militarizou o CED 01 da Estrutural ainda em 2019. Com isso se cria uma gestão disciplinar que vai fiscalizar o comportamento dos alunos e professores. Educação não se faz com autoritarismo e imposições, mas sim com debate livre para construção de conhecimento. O que eles querem é formar uma juventude que não sabe pensar por si, apenas seguir ordens.

            A militarização ainda é aceita pela comunidade escolar justamente nas áreas mais carentes, porque se vê uma oportunidade de melhorar a qualidade do ensino já que essas unidades são abandonadas pelo poder público que só tem cortes de verbas e precarização a oferecer. Em vez de militarizar, os governos deveriam ampliar as verbas, a merenda e o passe livre, fazer concurso para ampliar os professores e promover reformas estruturais, sobretudo agora na volta presencial. Por uma juventude com futuro digno, com emprego e educação de qualidade, pelo direito à livre expressão de pensamento, dizemos: Desmilitarização já! Fora PM das escolas!

Katrina, do núcleo Gama/DF

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