SEGUIMOS NA LUTA CONTRA A ESCOLA SEM PARTIDO
Desde o resultado das eleições acelerou a tramitação do PL escola sem partido no congresso nacional. A cada semana marcam uma seção com intuito de aprová-lo e enviar ao plenário. A quem interessa o projeto? Impedir os professores de debaterem os assuntos do currículo escolar com os alunos vai rebaixar a qualidade do ensino. O conhecimento científico é produzido através do debate de ideias e a escola sem partido pretende acabar com isso. Os entusiastas desse projeto argumentam que precisamos impedir a doutrinação nas escolas e impedir as universidades de se transformarem em completos antros comunistas. Nada sabem sobre os detalhes do currículo escolar, não conhecem a realidade das escolas brasileiras que é marcada por estruturas precárias e profissionais subvalorizados. No caso das universidades, querem desrespeitar sua autonomia amplificando atitudes como a tomada pelo MEC no início desse ano querendo fiscalizar uma ementa de disciplina no IPOL/UNB.
A educação vem sendo duramente atacada desde o golpe de 2016. A EC 95 congelou os gastos nas áreas sociais, forçando cortes cada vez maiores na educação. O Senado aprovou um corte de metade dos recursos advindos do pré-sal para a educação. Com a reforma do ensino médio aprovada, os estudantes terão de escolher quais matérias estudar, sem acesso pleno ao conhecimento que a escola pode oferecer. A toque de caixa, o Conselho Nacional de Educação aprovou a introdução de disciplinas à distância no ensino médio, no caso do EJA tomando 80% da grade horária. Olhando de conjunto, fica fácil entender as intenções de Temer, que serão assumidas integralmente por Bolsonaro. Querem reduzir a todo custo a qualidade do ensino e com isso desqualificar os jovens para não terem bons empregos com bons salários num mercado cada vez mais difícil de se inserir. Por isso desvalorizam os professores, propõem que adolescentes estudem em casa, deixam as escolas em condições estruturais degradantes e, por fim, querem amordaçar estudantes e professores.
O PL Escola sem Partido propõe um cartaz a ser afixado em cada sala de aula enunciando novas diretrizes legais que censuram o livre debate na escola. Ao proibir o professor de exibir ou mesmo questionar concepções políticas ou ideológicas em sala de aula estaríamos construindo uma escola engessada, que não formula questionamentos e não contribui para a evolução do pensamento. São diretrizes obscuras que através do cerceamento do debate vão impedir os estudantes de terem acesso ao conhecimento científico e através dele construírem opniões concretas sobre a realidade. Para completar o projeto quer obrigar os professores a inibir que “terceiros” façam intervenção política em sala. Isso na prática é proibir o movimento estudantil de existir, censurar a organização estudantil. Como se articulariam os grêmios e centros acadêmicos sem a ação em sala?
É tempo de organizar a resistência e nos próximos dias o movimento estudantil deve jogar peso na mobilização contra aprovação desse projeto que vem rebaixar a qualidade das escolas e atacar nossas organizações. Embarque com a gente nessa luta!