Há meses, entidades estudantis, estudantes, professores, secretários de educação, universidades e outros setores etc estiveram em uma batalha intensa para pressionar pelo adiamento do ENEM 2020. Frente a essa mobilização, e após grande derrota em votação no senado, o MEC declarou que o ENEM seria adiado e que ao final de junho aqueles inscritos no exame poderiam opinar sobre a nova data, argumentando “democracia direta”, sem a UBES e UNE, e atacando as entidades.
O adiamento do ENEM é uma vitória, fruto do papel que as entidades estudantis ocuparam, pressionando através da campanha com coleta de assinaturas (o abaixo assinado já tem mais de 350mil!), com intensa mobilização nas redes sociais e fora delas, como o exemplo do protesto realizado pelo DCE UNB respeitando as orientações de saúde em frente ao MEC, que nós da JRdoPT participamos.
De acordo com os dados mais recentes do governo sobre a questão, até 12hrs de (22), 5.151.868 pessoas haviam se inscrito no Enem 2020, sendo 5.050.768 na versão impressa e 101.100 na digital. É um aumento leve no número de inscritos, que desde 2016 vem caindo gradativamente.
Esses milhares de alunos que se inscreveram no ENEM, seguem enfrentando as mesmas dificuldades em relação ao ensino e suas preparações para o exame. As aulas presenciais já foram suspensas a quase 3 meses, sem previsão de volta, enquanto os governos tentam formar à modalidade EaD de ensino nas escolas para tentar acabar o ano letivo de qualquer jeito.
Mais uma vez, fica escancarado qual serviço esse governo veio cumprir: aprofundar as desigualdades sociais no país e atacar o direito de acesso ao conhecimento científico. O governo Bolsonaro não se preocupa que 30% dos lares brasileiros não têm acesso a internet e que em famílias com renda de até 1,5 salários mínimos, metade não navega na rede em casa, de acordo com Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).
O uso da tecnologia na educação é sempre bem-vindo, mas não podemos cair em armadilhas com falsas soluções. Governos estaduais tentam exibir aulas preparatórias pela TV, mas sem que os estudantes, professores e demais profissionais da educação tenham as condições ideais de estrutura para tanto. Ou seja, mais do que antes, não existe pé de igualdade para aplicação do exame.
O MEC, através do anúncio do adiamento de 30 a 60 dias a ser definido após consulta com os participantes inscritos no exame joga para os estudantes uma responsabilidade que deveria ser do governo. 30 dias não é o suficiente, e como será possível definir as datas do exame considerando que milhares de estudantes vivem um cenário de incerteza em relação ao seus calendários letivos, sem saber quando voltarão a ter aulas, se voltarão, como será, e se sequer se formarão?
A tentativa de manutenção da data anteriormente, e agora de adiamento nestes moldes, representa o descaso do governo para com a educação e a possibilidade de não ter acesso ao ensino superior para milhares de jovens.
Como diz a nota da UNE sobre o adiamento “mesmo comemorando esta vitória de todos os estudantes, a UBES e a UNE seguirão em luta e atentas. Nossa pauta é que o adiamento ocorra pelo tempo necessário, de acordo com a prorrogação do ano letivo.” A JRdoPT está nessa luta: ENEM, só com ensino presencial! E, mais do que isso, a necessidade de por um FIM neste governo, é hora de dar um basta em tantas barbaridades. Participe das nossas reuniões de núcleo para organizar essa luta na sua escola e cidade! Pelo #AdiaEnem e por #ForaBolsonaro e todo o seu governo!
Márcia Damke – membro do Conselho Nacional da JRdoPT