Após a morte de Maria Eduarda, e a execução de dois jovens em Acarí, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, um debate volta à tona: o fim da polícia militarizada. Entre 2010 e 2015, o Rio teve 3.250 casos, segundo ISP – Instituto de Segurança Pública – do então antes chamado, autos de resistência. Esse número tem como resultado a morte de jovens, em sua maioria negros e pobres nas periferias do país. A execução, a sangue frio, ocorrida dos dois jovens em Acari, foi a gravação do verdadeiro papel que a polícia, assume, sumariamente, de matar jovens ao seu bel prazer.
O vídeo que circulou na internet, mostrou a ação dos policiais, Sargento David Gomes Caetano e Caio Fábio de Barros Dias, ambos envolvidos em 37 autos de resistência, assassinando dois jovens na favela de Acari, que rendidos, não apresentavam qualquer perigo para os os policiais, que mesmo assim, executaram ambos. Desde 2011 tanto Sargento Gomes, quanto Caio Fábio, se envolvem em diferentes processos de autos de resistência, alegando auto-proteção em situação de conflito e insegurança. O que foi flagrado pela câmera do cinegrafista amador, só reforça a necessidade do combate pelo fim da polícia militarizada no Brasil. Por mais que o termo auto de resistência, não possa ser mais usado, já que antes servia para que a PM maquiasse os assassinatos cometidos nas operações, a mudança no termo, não mudou o efeito final: as execuções aumentam de forma galopante. O fim do uso do termo auto de resistência, uma vitória dos movimentos sociais e dos direitos humanos, não muda a característica e a prática da polícia, que ainda se mantém a mesma, devido a sua política militarizada.
Desde a transição da ditadura de 1964, para a democracia, diversos escombros ficaram vivos. Verdadeiros entulhos! Um desses entulhos é a polícia militarizada, pronta para a guerra, que tem como principal inimigo, a população pobre, majoritariamente negra. A defesa do fim da polícia militar, é a defesa de acabar com uma polícia pronta pra guerra, treinada para guerrear e não para proteger. Para isso, é necessário passarmos o país a limpo, e uma constituinte é o mecanismo, e o caminho, para podermos acabar com os entulhos da ditadura, e avançarmos, para que possamos juntos, tirar os entraves que nos atrapalham fazer as reformas populares, como reforma agrária; política; tributária; das mídias e etc. Outro bom exemplo das estruturas apodrecidas, é o Senado Federal, estrutura que serve como uma câmara revisora, reduto da oligarquia brasileira, que trava qualquer projeto que possa ser benéfico para a população. Um dos exemplos, é a PEC 51, do Senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que propõem a desmilitarização da polícia militar, mas se encontra atravancada desde 2013 no Senado Federal.
Nós da Juventude Revolução acreditamos que a desmilitarização da polícia é um passo importante para a defesa da vida da juventude pobre das periferias do Brasil. Defendemos uma constituinte para passar o país a limpo, e estamos, no combate contra o governo de Temer, governo esse, que só se mantém, pelas estruturas apodrecidas, como o Congresso e o Judiciário, que precisam também, serem reformados, para que o povo consiga fazer as reformas que são necessárias, em defesa da soberania nacional.
Vladimir Silva – Militante da JR