Publicamos abaixo texto postado originalmente no site do PT sobre a mobilização feita pelos trabalhadores dos Correios, Petroleiros e Bancários. Além destas, chama atenção a greve realizada pelos metalúrgicos da Renault que, após 21 dias paralisados, conseguiram a readmissão de 747 trabalhadores. São lutas e resistências como esta, em defesa de suas reivindicações, que podem fortalecer a necessária luta contra este governo genocida de Bolsonaro.
Comunicação de JRdoPT
Trabalhadores dos Correios, petroleiros e bancários lutam para preservar direitos e garantir melhorias. “Não aceitamos retirada de direitos! Os bancos são um dos poucos setores da economia que continua lucrando na crise da pandemia de coronavírus. Eles se mantêm lucrativos e rentáveis”, denuncia Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
A semana foi marcada pela mobilização de várias categorias importantes em todo o país envolvidas em movimento grevista e em campanhas nacionais para negociação de acordos coletivos.
Na terça-feira, 18, os trabalhadores dos Correios entraram em greve em defesa dos seus direitos e benefícios conquistados ao longo dos anos e que o governo Bolsonaro quer retirar de forma autoritária. A categoria luta também pela preservação da vida, já que vários trabalhadores já morreram em decorrência da Covid-19 pela falta de equipamentos de proteção e de testagem.
Também durante a semana, os petroleiros rejeitaram de maneira massiva a contraproposta de Acordo Coletivo de Trabalho –ACT apresentada pela Petrobras e estão propondo a prorrogação do ACT de 2019. Mas a Petrobras insiste que um novo acordo deve ser aprovado até 31 de agosto.
Outra categoria importante, a dos bancários, também iniciou a sua Campanha Nacional na última quinta-feira, 20. Na mesa de negociação, a Fenaban (federação dos bancos) propôs retirar a 13ª cesta alimentação e diminuir a gratificação de função de 55% para 50%. E não apresentou nenhuma proposta para as demais reivindicações da categoria.
Trabalhadores dos Correios contra o corte de direitos e a privatização da empresa. Foto: Rafaela Custódio
Em defesa dos direitos e contra o desmonte
O desmonte que vem sendo executado pelo governo Bolsonaro para privatizar a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) passa pela retirada de mais de 70 direitos conquistados nas negociações de Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) pela categoria.
O último concurso público nos Correios foi em 2011 e desde então milhares de trabalhadores saíram nos Planos de Demissão Voluntária (PDVs), se aposentaram, saíram de licença ou morreram. Mesmo em meio a esse desmonte promovido pelo governo federal, no primeiro semestre de 2020 os lucros dos Correios superaram R$ 300 milhões, motivados pelo aumento das entregas de produtos adquiridos pela internet.
Além da destruição de direitos, a gestão do general Floriano Peixoto não hesita em expor centenas de trabalhadores e trabalhadoras ao risco de se contagiar com a Covid-19 provocada pela pandemia do novo coronavírus.
De acordo com o secretário de Relações Internacionais da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), Emerson Marinho, cerca de 70 trabalhadores dos Correios já morreram de Covid-19 e o número pode ser ainda maior, já que a estatal se recusa a compartilhar com os representantes dos trabalhadores o levantamento nacional sobre o número de vítimas fatais da doença na empresa.
Diante desta calamidade, a categoria decretou greve nacional na última terça-feira, 18, para preservar a vida e os direitos e lutar contra o sucateamento dos Correios.
“Estão rasgando mais de 70 das cláusulas do ACT em plena pandemia. Até para garantir que a ECT cumpra os protocolos de segurança sanitária tivemos de buscar a Justiça”, desabafa o secretário de Finanças do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Goiás, Eziraldo Santos Vieira, referindo-se à garantia de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), testagem e ao afastamento dos trabalhadores dos grupos de risco das unidades de trabalho.
Petroleiros querem prorrogação de Acordo
Durante assembleias realizadas ao longo das duas últimas semanas de norte a sul do país, em modo virtual e presencial, com todos os cuidados necessários para a segurança dos trabalhadores, os petroleiros rejeitaram a contraproposta da Petrobras e aprovaram praticamente por unanimidade todos os indicativos apresentados pela Federação Única dos Petroleiros.
A categoria referendou o indicativo deprorrogação do atual Acordo Coletivo de Trabalho, enquanto durar o estado de calamidade pública e um novo acordo não for pactuado.
De acordo com a direção da FUP, a extensão do atual ACT é fundamental não somente para trabalhadores e trabalhadoras do Sistema Petrobras, mas para a própria empresa, pois garantiria previsibilidade e segurança para ambas as partes. Mas a gestão Castello Branco, no entanto, insiste que o novo acordo tem de ser aprovado até 31 de agosto.
“A renovação do atual ACT é boa para a categoria petroleira e também para a própria Petrobras. Assim, podemos negociar as propostas aprovadas pelos trabalhadores para o novo acordo coletivo de trabalho com calma, dando tempo tanto para a empresa como para a categoria debater e analisar as reivindicações e as contrapropostas. Estamos sob um novo contexto trazido pela pandemia de Covid-19, que criou dificuldades para todos. A própria gestão da empresa fala tanto da importância da previsibilidade de suas ações, por que tem de ser diferente com seus trabalhadores?”, questiona Deyvid Bacelar, coordenador da FUP.
A FUP orientou os sindicatos a intensificarem as assembleias setoriais para debater com os trabalhadores propostas de mobilização para pressionar a gestão da Petrobrás a atender às reivindicações da categoria. No próximo dia 25, a FUP e seus sindicatos realizam um Conselho Deliberativo para avaliar as propostas e discutir os próximos passos da campanha reivindicatória.
Bancários enfrentam ganância dos bancos
No primeiro semestre deste ano, o lucro dos quatro maiores – Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil – chegou a R$ 28,5 bilhões (Caixa ainda não divulgou seu balanço).Em 2019, os lucros somados dos cinco maiores alcançou R$ 108 bilhões, um crescimento de mais de 30% em relação a 2018. E a economia já estava em crise.
Mesmo assim, eles querem retirar direitos conquistados há décadas pelos bancários.
A Federação Nacional dos Bancos propôs retirar a 13ª cesta alimentação e diminuir a gratificação de função de 55% para 50%. Na negociação anterior, na terça-feira, 18, a Fenaban já havia proposto reduzir a Participação nos Lucros e Resultados dos bancários em até 48%. O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta.
“Não aceitamos retirada de direitos! Os bancos são um dos poucos setores da economia que continua lucrando na crise da pandemia de coronavírus. Eles se mantêm lucrativos e rentáveis. Não há, portanto, nenhuma justificativa para que queiram extinguir conquistas históricas da categoria bancária. Rejeitamos a proposta na mesa e deixamos claro que não vamos admitir que mexam na nossa PLR, 13ª cesta ou gratificação de função”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do Comando.
“Estamos realizando uma Campanha Nacional atípica este ano, por conta da pandemia, mas isso não deve nos enfraquecer. É importante que todos participem no Twitter, Facebook e Instagram, que convide sua família e amigos, vamos mandar recados claros aos bancos e mostrar à sociedade que o setor que lucra bilhões e que tenta passar a imagem de empresas solidárias e responsáveis em suas propagandas, na verdade está tentando retirar direitos de seus empregados”, destaca Ivone.
Da Redação, com CUT