Há uma semana, no dia 14 de novembro, ocorria a greve Geral Ibérica, em que milhões de trabalhadores dos dois países, Portugal e Espanha, paralisaram suas atividades para se manifestar contra a politica destruidora da Troika (Banco Central Europeu, FMI e Comissão Européia). Nomeadamente contra os planos de retirada de direitos, que ampliam o desemprego e cortam os gastos sociais do orçamento impostos pela Troika. Convocada em Portugal pela central CGTP além de outros 23 sindicatos e na Espanha pelas centrais CCOO e UGT essa greve expressava o sentimento de milhões de trabalhadores que buscam resistir aos planos da troika.
Greve Européia?
A greve, de fato, paralisou milhões de trabalhadores na Espanha, centenas de milhares em Portugal. Foi a primeira greve Ibérica da história e foi uma grande demonstração da capacidade de resistência dos trabalhadores. Na Itália houve um chamado por paralisação durante 4 horas. Mas a imprensa quis dar a impressão de que se tratava de uma “greve europeia”. Termo repetido por vários jornais e algumas organizações de esquerda inclusive. A aparente contradição entre a exaltação da imprensa burguesa e pró-imperialista em indicar uma greve Ibérica de um dia como se fosse uma greve Europeia se explica: é a necessidade de esvaziar a força de uma verdadeira greve geral em escala europeia por ser construida, para resistir aos planos da União europeia.
Assim, ganhou espaço a iniciativa da Confederação Européia de Sindicatos, que ao invés de combater os planos da troika, chamou para o mesmo dia da greve uma “jornada de mobilização europeia” que incluiu manifestações em outros países com um eixo de recusar as medidas, mas querer discutir outras mais “aceitáveis”, aceitando a idéia de que é preciso “sanear os orçamentos” como repetem também os capitalistas.
Apesar da Greve, Troika quer aprofundar medidas
E apesar da greve nos dois países, seus respectivos governos, como na Grécia, seguindo a cartilha da troika, querem avançar as medidas de destruição de direitos e empregos. Por isso a continuidade da luta está na ordem do dia e é o que precisam fazer as organizações tradicionais dos trabalhadores. É o que explicam os camaradas espanhóis do Comitê por Uma Organização Revolucionária de Juventude, em um panfleto logo após a greve, em que apontam uma saída para a situação e que traz também um panorama da juventude na Espanha, panfleto que publicamos abaixo.
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“Abaixo o governo e seus orçamentos
Todos as cortes para exigir sua demissão
57% dos jovens estão desempregados, e os que não estão, tem contratos precários. Sem moradia, educação e sem futuro. Na semana passada, o governo na linha dos novos tratados europeus do processo de Bolonha, de educação como alternativa da União Europeia (UE), aumentou novos contratos que anistiam as empresas de pagarem o que devem ao governo.
Milhões de jovens, em conjunto com a classe trabalhadora, fizeram uma greve, que foi convocada pelas organizações majoritárias. Tomamos as ruas de todo o país em grandes manifestações. Expressamos o rechaço de toda população a um governo inimigo da juventude, aos orçamentos ditados pela UE e FMI, que só servem aos interesses de banqueiros e especuladores e nos levam a ruinas, que só se dedicam a pagar uma divida que não é nossa.
Milhares de estudantes, reunidos em assembleias e de trabalhadores em suas instancias sindicais, se reuniram para preparar esta greve, nas quais surgiu a mesma discussão: o que ocorrerá depois da greve? Como continuar a luta?
Não queremos ir pelo caminho que a Grécia está seguindo, agora a questão colocada aos responsáveis das organizações sindicais é a mobilização até a vitória, até obrigar o governo a ceder, até que sejam retirados o orçamentos do Estado e substituídos por outros cujos os objetivos sejam salvar os trabalhadores e os serviços públicos, até que seja revogada a reforma trabalhista que provocou 800 mil demissões em um ano, até que sejam anulados os contratos precários, até que sejam retirados o decreto 14/2012, a reforma “Wert”, assim como sejam recompostos todos os cortes orçamentários.
Depois da greve, se o governo não retira o projeto de orçamento, a reforma trabalhista, os contratos precários, os dirigentes tem o mandato de seguir pressionando o governo, mantendo as mobilizações, colocando o país as avessas até que cedam. As cortes começaram a discutir o projeto orçamentários.
Manifestações às Cortes! Os dirigentes da UGT e CCOO devem convoca-las já.
O governo Rajoy nos leva a catástrofe. Centanas de milhares gritaram nas ruas: Fora o governo!
As organizações dos trabalhadores devem assumir essa exigência.
Comitê por uma Organização Revolucionária da Juventude”