No dia 5 de Abril aconteceu na Universidade de Brasília a Aula Magna de recepção aos calouros com a presença do presidente do STF, Joaquim Barbosa. Na atividade estavam presentes cerca de mil estudantes. Joaquim tem tido bastante espaço na mídia desde que presidiu a Ação Penal 470, também chamada de o Julgamento do Mensalão.
A Juventude Revolução tem discutido sobre a necessidade de lutar para anular a AP 470 por ser um julgamento político cujo intuito é atacar o maior partido de esquerda no Brasil, o PT, e por ferir os direitos democráticos e inclusive desencadear a onda de criminalização que vem acontecendo no Brasil com diversos movimentos sociais como o MST, sindicalistas e os estudantes da USP. Julgamento aliás, realizado pelo mesmo STF que usa a Auto Anistia dos militares para encobrir os torturadores, financiadores e assassinos do regime.
Por isso o núcleo da JR decidiu confrontar a apresentação de Barbosa aos calouros e levou para o ato uma faixa que dizia “O STF erra em anistiar os torturadores e assassinos da ditadura e criminalizar os movimentos sociais” e distribuiu panfletos abordando o tema e exigindo a anulação da ação penal 470.
A reação dos estudantes foi bastante positiva. Estudantes nos procuraram para entender melhor sobre o que se tratava e inclusive uma senhora veio nos saudar pela atividade e disse que o pai dela foi uns dos inúmeros torturados durante o regime. Por outro lado a Aliança pela liberdade (grupo de direita que dirige o DCE) se incomodou bastante com a atividade, já que única função do grupo ‘apartidário’ alí era bajular o Ministro.
Ministro esse que fez questão de não comentar sobre a faixa (que a grande imprensa encobriu) e como ele mesmo deixou transparecer – quando perguntado por uma estudante sobre o Dep. Marco Feliciano ser presidente da CDHM – não quer ‘saias-justas’.
Joaquim não se posicionou sobre o fato dizendo que o deputado “foi eleito pelos seus pares democraticamente”, nada falou sobre as declarações racistas do mesmo.
A UnB se encontra em uma situação onde várias instâncias que serviriam como ferramentas para reivindicações dos estudantes e servidores estão sob o comando da direita que fazem o desserviço de desorganizar o movimento estudantil, sindical e ferir o principio de educação pública gratuita e de qualidade. A atual gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) vem despolitizando o debate com o discurso de que o movimento precisa ser apartidário ao mesmo tempo em que levanta bandeiras que claramente vão de encontro com os interesses de partidos como o DEM, que é o policiamento no campus, credenciamento de fundações privadas e etc. Já na Reitoria, temos membros inclusive ligados à gestão que em 2008 derrubada, de Timothy Muholland e que em menos de um ano de gestão já credenciou várias fundações privadas e agora que reativar o Conselho Diretor da FUP – conselho no qual possibilitou Timothhy de mobiliar seu apartamento com dinheiro público.
Ao mesmo tempo nos espantou a ausência de todos os movimentos de esquerda na oposição do DCE, que não foram a atividade, deixando o caminho livre a Barbosa e a “aliança pela liberdade”, quando deveríamos estar todos juntos na luta pela punição dos torturadores da ditadura e contra criminalização dos movimentos sociais
O Núcleo da JR-UnB se reúne todas às quintas-feiras no parte de trás do Mezanino do Ceubinho (Ala Norte-ICC) e convidamos à todos a participarem da nossa reunião.
Natália Botelho, é militante do Núcleo da JR na UNB em Brasília – DF