Lutar contra a privatização da saúde pública

No dia 07 de março de 2013, uma militante do núcleo da Juventude Revolução da UnB esteve durante 13h em espera no Hospital Regional do Gama até conseguir ser atendida. A militante estava com febre alta e dificuldade de respirar e foi classificada pela cor amarela para atendimento prioritário (As cores azul e verde deveriam esperar no máximo 1h, amarelo deveria ser 30 min, laranja 10 min e vermelho para atendimento imediato). A realidade dos hospitais públicos do DF é bastante deteriorada. Além da falta constante de materiais básicos faltam muitos médicos que não conseguem dar conta de uma demanda bastante acima da própria capacidade.

O governador Agnelo (PT) em sua campanha se comprometeu a priorizar a saúde, se propondo inclusive a assumir o cargo de secretário para reforçar a busca para resolver o caos da saúde pública do DF, que não vem de hoje. No final do ano passado chegou a dizer que o melhor de seu governo era a área da saúde. Mas a realidade que se tem é bem diferente das declarações do governador. É preciso de outra política para a educação, saúde e serviços públicos.

Enquanto a maioria da população sofre para conseguir ser atendido em postos e hospitais públicos. Discute-se uma resolução normativa da Agência Nacional de Saúde para que os planos de saúde tenha que justificar por escrito em 48h a negativa de cobertura para atendimento em hospitais particulares, com multas que podem chegar a 100 mil reais. O setor desde 2007 vem acumulando reajustes acima da inflação como podemos verificar no quadro abaixo:

Ano*
 
Inflação Reajuste autorizado pela ANS
2007 4,46% 5,48%
2008 5,90% 6,76%
2009 4,31% 6,73%
2010 5,91% 7,69%
2011 6,50% 7,93%
*Ano da inflação, referência para o reajuste do plano de saúde no ano seguinte. Fonte: Página na internet G1.

Os planos de saúde funcionam como máfias. Eles repassam valores abaixo do custo do trabalho desenvolvido pelos médicos, fazendo com que muitos se recusem a atender pelo plano. Os donos dos planos de saúde além de ter reajuste acima da inflação (diferente da maioria dos trabalhadores!). Os consumidores depois de pagar o plano cada vez mais caro sofrem com dificuldades para marcar consulta e sem autorização para realizar cirurgias ou tratamentos mais caros. Não é raro ver casos de pacientes morrendo no atendimento em hospitais privados por recusa de planos.

O problema central é que a saúde pública deve ser vista como um direito universal, 100% público! Faltam investimentos, concursos para médicos e uma política que realmente esteja voltada para resolver a questão da saúde. O exemplo da Venezuela deve nos servir para nossa luta pela melhoria da saúde pública. Se espera de um governo do PT, que atenda as reivindicações na área da saúde com mais recursos, novos concursos, reajuste para trabalhadores da saúde ao invés do caos que vemos hoje, inclusive CE preciso revogar a lei das Organizações Sociais que recebem verba pública para operar em hospitais públicos, como ocorreu recentemente no Hospital de Santa Maria (DF) quando um grupo de investidores da Espanha assumiu o controle do hospital desestruturando o serviço completamente terceirizado.

Marcius Siddartha, militante do núcleo da UnB da JR-IRJ