Nós queremos viver e por isso vamos nos organizar e resistir!

A pesquisa recém publicada pelo Atlas da Violência em 2021 confirma que as mortes no país têm cor e idade certa. Afirmando que a taxa de homicídios caiu no país, ao mesmo tempo que o número de mortes violentas aumentaram, tendo como protagonistas jovens, em sua maioria pardos/pretos entre 14 a 29 anos, podemos ter um Raio-x do Brasil. O índice é assustador para a juventude, que enfrenta a falta de perspectiva de futuro promovida pelo sistema capitalista. No Brasil, esse sistema podre tem rosto, e é do governo Bolsonaro, seus generais, somada às instituições políticas, coniventes, com a situação nacional.

De 2009 a 2019, em um recorte de 10 anos, tivemos 623 mil assassinatos no país, onde 53% eram de adolescentes. É toda uma geração perdida para a violência. Estes escabrosos números nos remetem à resultados de guerra de países em conflitos abertos. Para termos um ponto de comparação, a guerra no Afeganistão, nos últimos 20 anos, custou oficialmente, 240 mil mortes1. No Brasil, o número de jovens mortos, em 10 anos, foi de 333 mil. O jovem preto brasileiro tem 2,6 vezes mais chances de morrer, seja pela violência aplicada pelo Estado – polícia/forças armadas -, seja pelo tráfico de drogas ou milícias.

Mas o que realmente represente os números?

Mas se a queda de homicídios diminuiu, o número de mortes por causa indeterminada teve crescimento de 35% de 2018 para 2019. Esse crescimento, o maior dos últimos anos, pode ser de vários motivos; acidentes, violência de trânsito, policial ou, até mesmo, homicídio (alguns pesquisadores afirmam que 73% das causas indeterminadas de mortes provém de homicídios, o que levaria a questionar se realmente houve a queda afirmada pelo Atlas). Esta distorção é fruto da subnotificação dos casos e escondem a verdadeira realidade nacional. O governo, que acha que fuzil é mais importante que feijão, como afirmou recentemente, se foca na flexibilização do porte de armas, criando um caminho aberto ao tráfico das mesmas e o aumento desta violência, armando mais ainda, milícias, principalmente, no Rio de Janeiro – cidade com o maior índice de mortes por causas indeterminadas no país -.

Sob o governo Bolsonaro, as condições de vida vêm se deteriorando rapidamente. Este governo é fruto do golpe de 2016, que completou agora em agosto, 5 anos. O desemprego é uma dura realidade para a juventude, assim como a “uberização” do seu trabalho, cada vez mais precarizado. Ao mesmo tempo, milhares de adolescentes e jovens estão fora das escolas nesses 18 meses de pandemia, tendo uma educação fake com as aulas online. Essa juventude sem emprego, sem estudo e com fome, vira alvo fácil para violência policial e do crime organizado. Por isso medidas precisam ser tomadas! A desmilitarização da polícia é uma delas. A PM brasileira é um entulho da ditadura que permanece viva em nossos dias, fazendo nas comunidades do país, chacinas, torturas entre outros. As insituições nacionais estão todas carregadas de uma herança maldita da ditadura e dos anos de escravidão do país. A EC/95 – uma das heranças do governo Temer – que congelou por 20 anos os investimentos em serviços públicos, é um dos motores que vem permitindo a destruição e fechamento de escolas por todo o país, além de universidades. O governo Bolsonaro é um inimigo declarado da arte. O incêndio da Cinemateca, em São Paulo, demonstra o sub-lugar dado à arte nesse governo. A juventude não tem lazer, não tem acesso à cultura, nem acesso à educação. É exatamente por isso que os jovens se revoltam contra esse governo.

Existe saída para a situação!

Os milhares de jovens que foram às ruas nos últimos atos, expressavam exatamente, este sentimento de basta! Ninguém aguenta mais viver sob este governo que sufoca nossa vida. Ninguém aguenta mais Bolsonaro e seus generais. Se a situação da violência no país, que mata mais jovens pretos e mulheres pretas, representa a estrutura racista nacional, mais do que nunca é preciso jogar essa estrutura fora e construir uma nova nação, e isso será possível com uma verdadeira resposta das ruas que derrote o governo Bolsonaro e coloque em cena a discussão de uma verdadeira Assembleia Constituinte Soberana que possa dar voz ao povo e atender suas reais necessidades. Nós não queremos morrer! Queremos viver e ter um futuro digno! É exatamente para isso que a JRdoPT se coloca para ajudar a juventude, em todo o país, a se libertar destas amarras que estão colocadas em nosso futuro. Esta questão da violência será uma das várias discussões que faremos em nossa Plenária Nacional. Se você quer, assim como nós, resistir a esse governo e seus ataques, venha com a JRdoPT, participe de nossa plenária nacional, que terá discussão em todos os estados do país, para que possamos organizar a resistência ao governo de Bolsonaro e seus generais.


Jeffei

1 – Numeros retirados do Dossiê Afeganistão, Dossiê reproduzido pelo CILI (Comitê Internacional de ligação e intercâmbio) e publicado em Informations ouvrières (jornal do Partido Operário Independente, na França). No Brasil o texto pode ser encontrado em: https://otrabalho.org.br/dossie-afeganistao/

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