Nota da JRdoPT-JF sobre volta gradual às aulas na UFJF

O que o Ensino Remoto Emergencial (ERE) nos trouxe?

A chegada da pandemia de COVID-19 a partir de março de 2020 nos apresentou um cenário onde a reunião presencial de pessoas passou a ser um risco à saúde pública e portanto, deveriam ser adotadas medidas como aulas remotas. Entretanto, a falta de políticas públicas sérias de testagem e rastreio do vírus e atraso na vacinação, que deveriam ter sido tocadas pelo Governo Federal, não foram realizados sob a gestão genocida de Bolsonaro. O resultado é o prolongamento da pandemia e do ERE.

O ERE nos proporcionou: Exclusão de diversos estudantes sem as condições de acessar as aulas (computador e/ou celular, internet estável e lugar tranquilo para assistir às aulas); Conteúdo rebaixado somado com ansiedade e estresse devido a pressão das aulas virtuais; Atraso na formação para alunos de cursos com maior carga horária prática, como Medicina, Odonto e Enfermagem que tiveram o calendário suspenso.

A falta do RU, de assistência estudantil e de bolsas, dificulta ainda mais a permanência do estudante dentro da universidade. O atual cenário, agravado pelo altíssimo número de desempregados no país (destaque para os estudantes trabalhadores), obriga muitos jovens a, quando não forçados a trancarem seus cursos, conciliarem os bicos e empregos precarizados com os estudos.

É neste contexto que nós encontramos com a proposta de um retorno gradual das aulas presenciais debatida no CONSU, iniciando no dia 18 de outubro na UFJF. Embora essa proposta tenha uma série de problemas, como os prazos curtos que inviabilizam o retorno de muitos estudantes para JF e GV, a falta de clareza sobre as medidas de biossegurança que serão adotadas, entre outras questões, não podemos ser contrários a volta às aulas presenciais em si. Isso significaria negar o ensino de qualidade para os filhos dos trabalhadores, negar a educação para aqueles que não têm condições materiais de acompanhar o ERE. Significa ser favorável a mais um período onde o processo de ensino-aprendizagem, que esperamos da nossa universidade, não possa acontecer por completo.

Por isso nós, estudantes, temos que cobrar dos órgãos responsáveis as condições sanitárias para o retorno das aulas presenciais, abordando o problema com propostas, pressionando a reitoria, prefeitura de Juiz de Fora e o Governo Federal para que garantam a expansão das linhas de ônibus, testagens frequentes da comunidade acadêmica e bolhas de ensino para as disciplinas teóricas, evitando assim uma possível disseminação do vírus. 

Não podemos aceitar! 

Nesse sentido, a nota do DCE, produzida sem discussão coletiva no quadro da sua própria direção, não nos representa. Consideramos que essa política de se recusar a discutir as condições pro retorno das aulas presenciais, desarma o movimento estudantil na sua capacidade de dialogar com os estudantes que mais foram afetados pelo ERE, além de colocar a reitoria e os governos na confortável posição onde não há pressão pela garantia de EPIs, reorganização dos espaços físicos e outras condições necessárias. 

O DCE, mandatado pelo CONCADA, criou uma enquete da seguinte forma: O que os e as estudantes pensam sobre o retorno gradual? 1) Volta em 2021.2 ou 2) Volta quando(?) todo mundo estiver imunizado. Mas na verdade não se trata de sim ou não, a resposta é DEPENDE. Se condições como a redução da transmissão comunitária do vírus através de testagem e rastreio de casos,  bolhas para aulas teóricas e distribuição de máscaras PFF2 forem garantidas, podemos ter segurança para voltar imediatamente às aulas presenciais. Para isso, devemos cobrar os responsáveis e buscar respostas claras, buscando atingir nosso objetivo, o RETORNO PRESENCIAL das aulas.

Queremos aulas presenciais com segurança!

Para isso, exigimos que a UFJF garanta máscaras pff2 (N95) para os estudantes, que se disponibilize álcool em gel em todas as salas, que se discuta uma organização eficaz dos espaços da universidade – salas de aulas com menos estudantes, aulas com horários reduzidos, planejamentos de bolhas, e, se necessário, aulas ao ar livre!

Exigimos que a volta gradual se realize com prazos razoáveis para os estudantes, que não pensavam em retornar à cidade ainda esse semestre, possam se planejar. Para que essas medidas se realizem, o movimento estudantil deve ser ativo no seu posicionamento em relação à universidade, sem fugir à sua responsabilidade de defender os nossos direitos.

Outras exigências e medidas eficazes podem e devem surgir do diálogo franco com a comunidade acadêmica, o qual é necessário ser feito na mais ampla discussão com a base dos cursos.

E como a UFJF não é uma ilha, reivindicamos das prefeituras a ampliação geral das linhas de transporte, garantindo que o deslocamento para a universidade não seja feito em ônibus lotados. É crucial ainda que o Passe Livre estudantil seja integrado a esse conjunto de reivindicações, considerando a situação financeira agravada pela atual condução da crise da pandemia.

Ousar lutar, ousar vencer!


Núcleo da JRdoPT da UFJF

Juventude Revolução do PT de Juiz de Fora

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