“Pagamos curso presencial, não à distância”

Confere a matéria que o Jeffei da JRdoPT do RJ escreveu pro jornal O Trabalho sobre a situação nas faculdades privadas:

Estudantes exigem redução das mensalidades, mas faculdades tiram proveito da crise

As faculdades privadas suspenderam as aulas presenciais devido à pandemia, mas implementaram o Ensino à Distância (EaD) sem reduzir preço das mensalidades. A mudança veio após a portaria nº 345 do Ministro da Educação Abraham Weintraub autorizar uso da modalidade substituindo as aulas presenciais. 

O que já era polêmico se tornou um grande conflito, pois sem aulas não haverá acesso à infraestrutura paga e muitas pessoas não têm meios de acesso e participação virtual. Estudantes e entidades exigem a redução das mensalidades diante da substituição das aulas presenciais pelo ensino à distância, que é mais barato. Em plena pandemia, os tubarões do ensino privado, contando com uma mãozinha do governo federal, tiram proveito da crise.  

“Ou reduzem mensalidades ou suspendem aulas”!

Em Juiz de Fora (MG) na Faculdade Doctum, os estudantes lançaram abaixo assinado exigindo “redução do valor das mensalidades de cursos presenciais ou até mesmo postergar o vencimento dos boletos”. A direção da faculdade se nega a atender a pauta, segundo ela o serviço de aulas a distância seriam “aulas conectadas”. O núcleo da Juventude Revolução do PT, que ajudou impulsionar a iniciativa, afirma “ou reduzem mensalidades ou suspendem as aulas. A ganância das privadas se mostra mais evidente durante a crise, em que o direito ao ensino de qualidade é substituído sem pensar nos estudantes”. 

Em Volta Redonda (RJ) estudantes da Universidade Geraldo Di Biase (UGB), após reunião online com mais de 20 participantes, soltaram manifesto afirmando que não pagariam pela crise. No manifesto eles defendem a “suspensão das aulas até o vírus e sua transmissão serem controlados e as mensalidades devem ser reajustadas a este tipo de modalidade”. Exigem que sejam mantidas bolsas e benefícios do Prouni, Educa Brasil, etc, e a não realização de “provas, testes, trabalhos ou qualquer tipo de avaliação”. Em poucos dias, o manifesto já tem mais de 100 adesões. Mariana Almeida e José Victor, estudantes da Universidade e militantes da Juventude Revolução do PT, afirmam que terá uma live conjunta de estudantes da UGB e UBM (Universidade de Barra Mansa) que, antes da pandemia, soltara manifesto contra plataforma online por sucatear ensino. Gabriel, do curso de história da UGB afirma, com razão, que “nem todos tem acesso à internet, isso pode prejudicar muita gente. Pra mim não vai dar certo!”. 

Em São Paulo, a estudante de jornalismo Ana Sandoval, da Anhembi Morumbi fala que “É uma falta de compreensão cobrar o valor da presencial enquanto tem aulas a distância. A maioria está tendo problemas financeiros para arcar com curso, como eu, que tive salário reduzido”. 

Já Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) diz que “as faculdades não tiveram redução de custos, têm feito mais investimentos tecnológicos”. Não engana ninguém, só quer lucrar…

Campanha nacional pela redução

A estas iniciativas acima, se soma a campanha lançada pela União Nacional de Estudantes com abaixo assinado nacional subscrito por dezenas de entidades estudantis exigindo “redução das mensalidades de cursos presenciais durante a Covid-19”. Nele, afirma que o governo deve garantir que nenhum trabalhador perca renda e nenhum estudante abandone as aulas, dentre outras reivindicações, como não reprovação, trancamento sem taxas, renegociações de dívidas, etc.

Em tempos de janelas e panelas indignadas que pedem o enterro do governo, é necessário engrossar lutas concretas como esta pela redução das mensalidades. Afinal, o serviço vendido pelas privadas mudou, mas o preço não. Chega de propaganda enganosa. Como disse um estudante “pagamos por um curso presencial, não pagamos por curso EaD”.

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