Num momento em que, contra a vontade expressa nas urnas em 2014, o Governo dá curso ao Plano Levy, anunciando um corte de R$ 70 bilhões no orçamento, com graves prejuízos para a chamada área social, inclusive a educação, os docentes das universidades federais iniciam um processo grevista. A situação das IFES é produto já da primeira rodada do Plano Levy que já havia levado R$ 7 bilhões da área da educação. O novo corte deverá atingir R$ 9 bilhões. Os cortes na educação só aumentam, as privatizações rondam as universidades públicas conseguindo cada vez mais adentrar pelo portão da frente e quem paga o pato são os estudantes e servidores (principalmente os terceirizados).
Na UFCG a assembleia para deflagração da greve dos docentes foi marcada para 25/05. Devido à imensa quantidade de professores e estudantes que estariam presentes, o local da assembleia foi transferido para o ginásio da universidade. Passados os dois primeiros pontos da pauta com intervenções favoráveis e contra a greve é feita a votação com 150 votos contra e 104 a favor, somadas aos outros campi o resultado final foi: 174 a favor e 178 contra. Greve não deflagrada.
Inúmeras vezes a frase ‘sou a favor da greve, mas não agora’ foi proferida evidenciando que mesmo os professores contrários à deflagração da greve reconhecem as necessidades da instituição, mas expressavam uma insegurança na deflagração do movimento. Mas será esse posicionamento culpa desses professores ou das atitudes de uma direção do ANDES incapaz de responder a esta inquietação dos professores? Os votos hoje na UFCG expressam uma crise de direção do próprio ANDES.
As primeiras rodadas nacionais de assembleias têm sido confusas. Chamadas a responder quase a um ultimato do sindicato nacional, as assembleias se ressentem de maior preparação da greve pela base, para o que o dia 29 pode e deve ser um poderoso ponto de apoio. Na rodada de assembleias que começou dia 25 de maio, reina a incerteza. Na UFPE, UFRPE, UFPEL, por exemplo, também a deflagração imediata da greve foi derrotada, enquanto na UFS, UFPA e UFAL, foi aprovada. Em vária assembleias, como na da UFRPE, professores se manifestaram contra a falta de mobilização do sindicato que leva à tentativa de tirar a greve “à frio”. Mesmo na adesão ao dia 29 há problemas graves, como na tradicional ADUSP, onde, a muito custo, se conseguiu apenas uma moção de apoio ao dia nacional de paralisação.
Em contraposição a assembleia dos professores, a dos funcionários terceirizados decidiu pela greve. Com dois meses de atraso, mas recebendo vale transporte para trabalhar os trabalhadores terceirizados da UFCG aprovam greve por unanimidade. Suas reivindicações não são nenhuma novidade, vão de melhorias nas condições de trabalho até o recebimento do salário acrescido com um, também reivindicado, aumento. Da data de hoje e por período indeterminado a UFCG não terá mais limpeza, restaurante universitário e outros serviços, afinal, sem salário não deve haver trabalho.
TODOS JUNTOS COM A CUT NA PARALISAÇÃO DE 29 DE MAIO
A luta está apenas começando, se os professores não decidiram ainda parar suas atividades, os terceirizados pararão até que seus direitos sejam conquistados. Vale lembrar que a luta não é só de professores e terceirizados, mas os estudantes também estão sendo afetados por cortes de verba, precarização, bolsas atrasadas, banheiros sujos, blocos caindo aos pedaços, etc. A luta é necessária, greve, na atual conjuntura, é a única forma de lutar por garantias e direitos!
A resistência encabeçada pela CUT indica o caminho a seguir. A paralisação do dia 29 de maio conta o Plano Levy, a edição das MPs 664 e 665 e o PLC 30/2015 (antigo PL 4330) é parte de um calendário de lutas que, desde março, mobiliza a base social que reelegeu Dilma contra as medidas adotadas por seu governo, um verdadeiro “passa moleque” frente a um esforço que mobilizou esses mesmos setores para derrotar o PSDB.
Toda a juventude com a CUT para barrar estes ataques!
Caio Baima, militante da JR – CAMPINA GRANDE – PB