Santa Maria, para que nunca mais aconteça: Justiça!

E justiça é punição aos responsáveis!

Os jovens mortos e feridos na tragédia da boate Kiss em Santa Maria foram vítimas da irresponsabilidade do poder público que recai sobre o prefeito por permitir que essa boate continuasse aberta. O prefeito Cesar Schirmer, do PMDB, demorou longas horas para se pronunciar, depois alegou que tudo “estava regular”, seria uma fatalidade. Finalmente jogou a culpa nos bombeiros. E declarou: “fechamos a boate do DCE após uma denúncia do Ministério Público sobre falta de acessibilidade e excesso de barulho. No caso da Kiss, não houve denúncia e apenas fizemos a vistoria anual, como manda a lei, sem encontrar problemas”.

Foto: Dartanhan/facebook

No entanto, de acordo com a lei 3.301 do município de Santa Maria, é proibido o uso de material inflamável e é necessário ter alarmes de incêndio, saídas de emergência, requisitos que a Kiss não atendeu. A negligência do poder público expôs a população à ganância dos donos da boate.

Na tragédia de Santa Maria, os familiares e amigos das vítimas merecem toda a solidariedade. O problema, no entanto, não é só das vitimas, familiares e amigos. É de toda a juventude! É preciso fazer justiça, punindo os responsáveis por essa tragédia, para que nunca mais aconteça. Se trata do direito da juventude a um futuro, o que inclui lazer e diversão!

Milhares cobram justiça! – Depois de uma manifestação com pelo menos 15 mil pessoas no dia 28/01, outros milhares voltaram às ruas no dia seguinte pedindo justiça, em Santa Maria e outras cidades do interior do Rio Grande.

Dilma cobrou mais fiscalização dos prefeitos em geral, o governador Tarso falou de rigor nas investigações e punições.

Em tragédia semelhante em Buenos Aires, o prefeito sofreu impeachment, depois de descoberta uma rede de corrupção e tráfico de influência que permitiu que a casa de show Cromañom se mantivesse aberta sem condições, resultando na morte de 194 pessoas. Mas o impeachment só veio após manifestações da juventude, dois anos depois.

O que não pode acontecer agora é que se condene apenas os empresários sem que o poder público, principal responsável, também seja culpado.

Não se trata de uma fatalidade, ao contrário, é um crime de omissão e negligencia, algo que podia ser evitado pelo poder publico, quem deve fiscalizar locais privados e oferecer alternativas de lazer públicas, fora do alcance da busca pelo lucro a qualquer custo dos empresários.

Pelo direito ao lazer, a cultura e a diversão! – A boate do DCE, fechada pela prefeitura algumas semanas antes, por falta de acessibilidade e isolamento acústico, como explicou o reitor da UFSM (cuja universidade teve 101 alunos mortos), “tem várias portas de acesso, mas estava impossibilitada de funcionar”. Dois pesos duas medidas.

O DCE da UFSM cobra assistência aos sobreviventes e familiares, apuração e justiça. E faz uma denuncia que merece atenção: “nos últimos anos diversos espaços públicos deste caráter foram fechados ou interditados e condenados, cita-se como exemplo: o Bombril, a concha acústica do Itaimbé e a praça do ‘Brama’. Vale registrar que nestes e em casos semelhantes não existiu esforço do setor público para viabilizar estes espaços, mas sim apenas decretos de fechamento.”

Essa é a realidade da juventude em todo o país. Em qual cidade os jovens não estão confrontados a esse problema? Cada vez menos locais públicos para o lazer, que empurram, dia-a-dia a juventude às drogas. Cada vez mais festas proibidas nas universidades, como na UFES e na UFJF, como se o direito ao lazer não fosse parte da nossa formação.

A juventude quer se divertir e tem esse direito, mas não há espaços públicos, e nos locais privados não há fiscalização, condições adequadas! Esse é o futuro que nos reserva o capitalismo. Não aceitamos! Vamos combater pelo nosso direito de acesso ao lazer, à cultura, à diversão e arte!

Reuniões e manifestações! – Desde o dia 27, a Juventude Revolução lançou nota de solidariedade aos mortos em Santa Maria em que cobrávamos punição aos responsáveis, e dizíamos que o Prefeito tinha explicações a dar. Desde o dia 27, nos dirigimos a União Nacional dos Estudantes, para que convoque uma reunião de emergência da diretoria e ajude a organizar a luta pela punição aos responsáveis e o direito da juventude ao lazer. Mas publicada 3 dias depois a nota de pesar da UNE não cobra nada de ninguém! É preciso organizar os estudantes por justiça e pelo direito ao lazer!

Os protestos por justiça começaram! A hora é de cada núcleo da JR se reunir, e ajudar a luta, tomando posição e encaminhando moções nas entidades estudantis, dirigidas à Câmara Municipal de Santa Maria e a todas as autoridades, exigindo justiça e punição dos responsáveis!

A hora é dos núcleos da JR se organizarem pelo direito da juventude ao lazer e a diversão em espaços públicos, levantando as suas reivindicações junto às entidades estudantis nas suas próprias cidades e universidades!