Todos têm visto nos jornais os conflitos armados que tem tomado lugar na Siria nos últimos dias. O ataque contra a liberdade de expressão sofrido pela JR em que hackers estamparam um pedido de intervenção da ONU no país ocorreu no momento em que crescem as pressões do Imperialismo para uma intervenção na Siria.
Os conflitos começaram depois que uma onda de manifestações contra o regime de Assad, como produto direto da onda revolucionária que tomou a Tunisia e o Egito, que foram duramente reprimidas pelo governo. A revolta, no entanto, foi confiscada por grupos que criaram milícias em relação com o estabelecimento de um “Conselho Nacional da Siria” formado no estrangeiro. Essas milícias deram origem ao “Exercito Livre da Siria” que conta com 40 mil homens e é sustentado pelas potencias imperialistas para enfrentar o governo Sírio e tomar o poder, ao mesmo tempo em que estes “revolucionários” pedem a intervenção da ONU em seu país. Como não defendemos Kadafi na Líbia, não defendemos Assad na Siria, mas tampouco apoiamos uma intervenção imperialista direta ou indireta (via financiamento do Exército) na Siria, onde, para nós, é o próprio povo Sirio quem deve decidir o seu futuro.
Curiosamente, Assad até bem pouco tempo atrás era um fiel aliado do Imperialismo, freqüentemente convidado para cerimônias oficiais dos governos da maioria das grandes potencias. Agora, depois da queda de Kadafi na Libia, é o alvo preferido dos EUA. Países como EUA, França, Inglaterra, querem criar na Siria o mesmo cenário que na Libia. È o que votaram na ONU com o vergonhoso acompanhamento do Brasil. Entenda melhor a situação com trechos do texto da edição n° 36 do Jornal Fraternitè (1 a 15 de fevereiro) órgão do Partido dos Trabalhadores da Argélia (país vizinho) cuja juventude (ORJ) publica em conjunto conosco o Boletim Internacional de Juventude:
“O cenário Libio é preciso”
No dia 05 de fevereiro, uma resolução condenando a Síria, apresentada ao Conselho de Segurança da ONU por monarquias árabes, foi rejeitada por veto duplo da Rússia e da China.
Irritados com esta votação, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França atacaram os dois membros do Conselho e até mesmo declararam sua intenção de contornar a ONU. A resolução, como “o plano árabe para pôr fim à crise” em que ela se baseou, implicava o regime sírio como o único responsável pelas mortes diárias e não tinha senão um único objetivo: destituir o regime sírio. Vitaly Churkin, o representante russo, justificou a posição de seu país pelo fato de que “certos membros influentes do Conselho de Segurança, desde o início da crise, minaram todas as oportunidades para resolver este conflito, exigindo uma mudança de regime e alimentando o uso de métodos militares.” Mesmo o relatório da missão da “Liga Árabe”, submissa às grandes potências, vai na mesma direção. Na verdade, a missão da Liga Árabe, que não se pode acusar de cobrir os abusos, reais, do governo sírio contra o povo sírio, anotou em seu relatório: “a missão observou em ambos os setores Homs e Hama atos de violência devido aos grupos armados contra as forças governamentais, que fizeram mortos e feridos entre as tropas governamentais.”
Em algumas situações, as forças do governo têm usado a violência como uma resposta aos ataques contra seus membros. Os observadores da missão registraram que os grupos armados recorrem a “bombas térmicas e mísseis antiblidagem”. O relatório acrescenta: “a missão testemunhou nas áreas de Homs, Hama e Idlib, a violência contra as tropas do governo econtra os cidadãos, causando numerosos mortos e feridos.
A missão observou a emissão de relatórios falsos de várias partes sobre ataques diversos e violência em algumas áreas. Quando os observadores foram direcionados a essas áreas para investigar, os dados mostram que estes relatórios não são críveis. A missão notou igualmente, se baseando nos documentos e dos relatórios das equipes de campo, que há exageros da mídia sobre a natureza e extensão dos acidentes e sobre pessoas mortas ou feridas como resultado de eventos que ocorreram em algumas cidades” (L’Expression, 6 de fevereiro de 2012).
Então, aí está porque estas mesmas monarquias, lideradas pelo Qatar e pela Arábia Saudita, decidiram ignorar este relatório e contornar a Liga Árabe. Agindo em nome do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG, que reúne Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Qatar), as monarquias do Golfo decidiram “aderir à decisão do reino saudita e retirar os seus observadores da missão da Liga Árabe “na Síra, acusando “Damasco[capital síria] de não se conformar com o plano para por fim à crise árabe.” Após o veto russo e chinês no Conselho de Segurança, as monarquias voltaram à carga, através da Liga Árabe. Segundo o jornal El Watan (13 de fevereir), reunidos antes do encontro dos ministros dos Assuntos Estrangeiros, os países do GCC “afinaram seus violinos e deliberaram a condução para fazer dobrar certos países da Liga árabe, entre eles a Argélia, que não eram muito ofensivos no que diz respeito ao regime sírio”.
A pressão exercida levou a defender uma escalada contra a Síria: o envio de forças militares conjuntas ONU-árabes. Além disso, a resolução que foi aprovada na reunião de ministros das Relações Exteriores pediu aos países árabes para “romper toda a cooperação com os representantes diplomáticos do regime sírio nos Estados, organismos e conferências internacionais”, “ouvir canais de comunicação com a oposição síria e fornecer todas as formas de material e apoio político”. Um claro apelo para reconhecer e armar a “oposição síria”, como fazem o Qatar e Arábia Saudita desde o início da crise, à conta do imperialismo estadunidense.
Agora, o cenário da Líbia parece quase inevitável na Síria. E processos vitais do regime de Bashar al-Assad já estão comprometido “, conclui o diário documento conclui ElWatan.
Hamid B.