Testemunho de um estudante norte-americano

“50 anos de dívidas?”

Nos Estados Unidos, os estudantes enfrentam a escolha de ir para a faculdade ou não… Entretanto, cada parte dessa decisão tem sérias consequências.

Muitos simplesmente não têm dinheiro para ir para a faculdade ou simplesmente não têm tempo porque precisam trabalhar. Esse grupo está condenado a trabalhar em empregos sem saída, em restaurantes de fast food, a fazer turnos miseráveis ​​pelo resto de suas vidas. Uma renda reduzida significa viver em um bairro pobre. O pior é que o sistema de ensino médio público nos Estados Unidos é financiado por impostos sobre a habitação local. Isso significa que, se você mora em um bairro pobre, você ou seus filhos terão uma escola ruim, uma educação ruim e um futuro ruim.

A outra escolha não deixa muita esperança. Ir para a faculdade, se você tiver a sorte de conseguir um empréstimo, é trocar qualquer autonomia em suas decisões de vida pela possibilidade de um emprego bem remunerado. Você não poderá mudar o seu diploma no meio do caminho se descobrir que não é isso que você queria fazer e não pode desistir, porque neste ponto você já tem uma dívida de 50 mil dólares e o único trabalho que poderia potencialmente saldar essa dívida é aquele associado a esse diploma. Depois de entrar, não há como voltar atrás.

Sua vida está fora de seu controle. Significa “acordar para o trabalho todos os dias sabendo que 80 a 90% do seu salário líquido está diretamente alocado para a dívida do empréstimo estudantil”. Uma dívida que rende juros e que talvez você nunca consiga pagar.

De acordo com uma pesquisa conduzida pelo Student Loan Hero entre 1.000 alunos tomadores de empréstimos, 70% dos entrevistados tinham entre 100 e 500 mil dólares em dívidas de empréstimos estudantis e 90% tinham entre 20 e 39 anos. Os resultados são repugnantes: 1 em cada 10 pessoas afirma que os empréstimos estudantis são sua principal preocupação; 1 em cada 15 pessoas considerou o suicídio por causa disso; 53% tiveram depressão por causa disso; 9 em cada 10 experimentam ansiedade significativa. Os dados da pesquisa sugerem que um em cada 11 suicídios entre jovens profissionais se deve em parte a empréstimos estudantis.

Neste ano, as universidades foram intencionalmente vagas sobre se suas aulas serão presenciais, à distância ou uma combinação dos dois. Só depois que os alunos se matricularam, pagaram as mensalidades e assinaram os contratos de aluguel é elas que anunciaram que quase tudo seria feito à distância.

A situação, já incrivelmente precária, é ainda pior: os alunos estão presos em um contrato de aluguel de seis meses apenas para pagar 30 mil dólares e sentar na frente de um laptop. “Vou me debater com dívidas pelos próximos cinquenta anos apenas por algumas palavras no meu currículo”

A liquidação do sistema de escolas públicas nos últimos cinquenta anos nos Estados Unidos produziu essa situação horrível. A raiva e a insatisfação são enormes e generalizadas. Tal situação é um barril de pólvora esperando para explodir. É neste sentido que devemos organizar e mobilizar os jovens, os trabalhadores e os endividados.

Tom

Publicado no jornal francês Informations Ouvrières

Tradução Adaias Muniz

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