Trabalhadores em greve na África do Sul resistem apesar do massacre brutal! Estamos solidários às mobilizações!

O mês de agosto foi marcado por fortes mobilizações, greves e confrontos entre policiais e trabalhadores na África do Sul. Durante as manifestações a policia Sul-africana assassinou 40 mineiros numa das cenas mais brutais já  registradas. Na frente das câmeras, a policia abriu fogo contra os manifestantes, mostrando sua disposição de aplicar as ordens de defesa dos capitalistas, representados pela mineradora multinacional britânica Lonmin.

Mesmo assim, até o presente momento, as greves continuam em várias mineradoras estrangeiras e em alguns casos com confrontos entre a polícia e trabalhadores.

Este massacre, comandado pela policia, que responde diretamente ao governo, revela aonde chegaram o Congresso Nacional Africano, partido de Mandela e o Partido Comunista Sul-africano.

Ambos formam um governo de coalizão com o CNA à cabeça há anos. Ao invés de saírem em defesa dos trabalhadores, saíram em defesa do lucro das multinacionais, e como se não bastasse, a promotoria ainda acusou de homicídio os grevistas pela morte dos seus companheiros e o PC Sul-africano ainda pediu a prisão dos dirigentes sindicais.

A acusação aos 270 manifestantes presos foi feita com base em uma lei herdada do regime do Apartheid, de 1956, que determina que, num confronto com a policia, qualquer morte que ocorra, mesmo sendo reconhecidamente a policia quem abriu fogo, é de responsabilidade de quem “causou” o confronto.

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(Vídeo do massacre da policia. As cenas são fortes)

A acusação absurda fez surgir várias manifestações e a promotoria foi obrigado a recuar, suspendendo as acusações e liberando os presos em grupos.

Respondendo ao chamado de emergência, em campanha proposta pelo AcIT (Acordo Internacional dos Trabalhadores), militantes do MNU e da Juventude Revolução, dirigiram carta (reproduzida abaixo) ao Consulado Geral da África do Sul no Brasil na última sexta-feira (14.09) exigindo do governo sul-africano medidas contra a repressão policial e que as negociações com os trabalhadores sejam estabelecidas.

No momento de protocolar a carta, e tendo conhecimento do seu conteúdo, inicialmente os funcionários do consulado sequer queriam recebê-la, alegando que não era um documento oficial. Apenas após conversa com a funcionária, Ana Cristina Fernandes, com quem tinha sido feito o contato telefônico anteriormente, foi possível entregar a carta, porém sem o protocolo. E para que tenhamos uma resposta da carta, foi orientado ainda enviar um e-mail com a carta em anexo e esperar o retorno. (Leia a carta na integra abaixo).

A situação na África do Sul apenas se agrava, com greves eclodindo em vários pontos do país. A situação de nossos irmãos sul-africanos não é um mundo a parte, sem ter nenhuma relação com a situação dos negros brasileiros, em que a nossa juventude negra sofre um verdadeiro extermínio pela policia militar, ou mesmo a repressão policial que também ocorre nas manifestações e greves em nosso país.

Milton Barbosa – Coordenador Nacional de Relações Internacionais do Movimento Negro Unificado (MNU).
Onir de Araújo – Fração Pública MNU de lutas Autônomo e Independente. 
Joelson Souza – Juventude Revolução. 
Reginaldo Bispo – Coordenador Nacional de Organização do Movimento Negro Unificado. 
Edenice Santana – Diretório Municipal do PT de Salvador – BA.
Sergio Fidelix (Quilombo Fidelix) – Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas .
Lorivaldino Silva (Quilombo dos Silva) – Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas.

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Solidariedade aos trabalhadores da África do Sul

 A embaixada e ao Consulado Geral da África do Sul no Brasil:

Os últimos acontecimentos na África do Sul, nos quais 42 mineiros foram violentamente assassinados pela polícia sul-africana no dia 16 de agosto, porque reivindicavam um salário que garantissem uma sobrevivência digna nos chegou de forma chocantes e inadmissíveis.

A mineradora inglesa Lonmin, na qual os mineiros trabalhavam, se nega a qualquer negociação e em troca disso o governo sul-africano envia a polícia para massacrar e violentar os trabalhadores. A única resposta que a Lonmin deu, foi o ultimato que se os trabalhadores não terminarem a greve todos seriam demitidos.

Em comunicado do Partido Socialista da Azânia (África do Sul), afirma-se que “a reivindicação por um salário de sobrevivência acabou num tiroteio a sangue frio e no assassinato de cerca de 50 mineiros em Marikana pelas forças da polícia sul-africana”.

Esses acontecimentos que só beneficiam as mineradoras estrangeiras são um ataque a soberania e ao povo negro do país, o que deve ser firmemente combatido, pois nem na época do regime do apartheid houve tamanha carnificina.

A Promotoria Nacional, depois de acusar 320 mineiros por homicídio dos seus colegas, retirou a acusação dos manifestantes, que perderam os seus colegas de trabalho no confronto. Porém ainda existe risco de serem acusados novamente, o que seria injustificável.

O inicio desse mês também foi marcado por greves e repressões policiais, como na mina de Gold One International Ltd, em que 60 trabalhadores que reivindicavam na instalação de Modder East foram dispersados também de forma violenta pela polícia, com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Assim como lutamos e combatemos um verdadeiro genocídio da juventude negra aqui no Brasil, em que a polícia militar mata de forma assustadora, não podíamos ficar calados diante da situação de nossos irmãos negros sul-africanos.  Além disso continuamos nossa batalha para garantir que todas as comunidades remanescentes de quilombos, sejam tituladas e que o povo negro brasileiro tenha o seu direito a terra, como exemplo do quilombo Rio dos Macacos na Bahia.

Dessa forma nos dirigimos a embaixada da África do Sul no Brasil, para que o governo sul-africano:

– Suspenda imediatamente a repressão contra os trabalhadores que estão em greve

– Que a mineradora Lonmin suspenda o ultimato sobre as demissões

– Que obrigue a Lonmin a abrir negociações com os grevistas e seu sindicato, sobre a base das reivindicações.

– Que nenhum trabalhador seja acusado pelos assassinatos que a policia sul-africana cometeu.

Assinam:

Milton Barbosa – Coordenador Nacional de Relações Internacionais do Movimento Negro Unificado (MNU).

Onir de Araújo – Fração Pública MNU de lutas Autônomo e Independente.

Joelson Souza – Juventude Revolução.

Reginaldo Bispo – Coordenador Nacional de Organização do Movimento Negro Unificado. 

Edenice Santana – Diretório Municipal do PT de Salvador – BA.
Sergio Fidelix (Quilombo Fidelix) – Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas .
Lorivaldino Silva (Quilombo dos Silva) – Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas.