Contra o aumento da passagem em Salvador: ABES e UEB tem que chamar mobilizações já!

Desde domingo 03/06 a prefeitura de Salvador aumentou a passagem de ônibus de R$ 2,50 para R$ 2,80, respondendo ao pedido do SETPS (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador) que solicitou um reajuste superior  ao concedido inclusive.

A situação do transporte coletivo em salvador é caótica: não tem empresa publica de transporte; não tem metrô; só existem duas estações de transbordo gratuita em toda a cidade; três postos de recarga para quem paga meia passagem, além do fato de ser obrigatório recarregar o cartão antecipadamente para poder utilizar; frota reduzida; estações decadentes; pontos de ônibus sem cobertura; veículos em más condições de uso e 50 anos sem licitação pública para exploração do serviço; e o pronunciamento da prefeitura era de regularizar com as licitações e depois pensar no  aumento de tarifa, mas nem isso foi feito.

Com esse aumento, Salvador tem uma das tarifas mais caras do Brasil. O valor fica atrás apenas de São Paulo (R$ 3,00), Florianópolis (R$ 2,90), Porto Alegre (R$ 2,85) e Campo Grande (R$ 2,85) e já ultrapassa cidades como Rio de Janeiro (R$ 2,75), Belo Horizonte (R$ 2,75) e Curitiba (R$ 2,60), que contam com metrô e um sistema de bilhete único integrado. Como se não fosse o bastante, junto com esse novo aumento, os trabalhadores dos correios, da policia militar e outros órgãos públicos passam a pagar passagem.

Tabela de aumento da tarifa de ônibus em Salvador

Ano

Mês

Valor

2002

Maio

1,10

2003

Janeiro

1,30

2003

Agosto

1,50

2005

Outubro

1,70

2007

Janeiro

2,00

2009

Janeiro

2,20

2010

Fevereiro

2,30

2011

Janeiro

2,50

2012

Junho

2,80

 

Horácio Brasil, presidente do SETPS oferece duas alternativas a prefeitura como saída: “A primeira é o subsidio público, previsto na legislação. A outra é o repasse direto para o usuário. A prefeitura decide”. Ou seja, só não pode diminuir o lucro dos patrões, essa é a exigência do SETPS que a prefeitura de Salvador atendeu. O Ministério Público da  Bahia entrou com uma ação civil pública, alegando que o aumento do transporte coletivo fere o artigo 238 da Lei Orgânica do Municipio, que afirma que o custo do transporte coletivo deve ser condizente com o poder aquisitivo da população, alega situação precária dos ônibus e ressalta a falta de vinculo formal entre as empresas e a prefeitura de Salvador, respaldando-se em um modelo de composição tarifaria obscuro, insconsistente e manipulável para  buscar os reajustes. Isso não significa por outro lado, que mesmo se as licitações tivessem regularizadas e as leis tivessem sendo cumpridas, nós aceitaríamos tal reajuste, pois isso não garantiria o Passe  Livre estudantil e um sistema de mobilidade urbana gratuito e que atendesse de fato a população. Esse fato só evidencia o quanto as empresas de transporte fazem o que querem na prefeitura de Salvador.

Com o aumento da tarifa, e a demora da UEB e da ABES em organizar as mobilizações, os estudantes só conseguiram fazer pequenas manifestações, animadas  por organizações sectárias, que ao invés de cobrar das direções das entidades estudantis que organizem manifestações unitárias, buscam aumentar a divisão quando afirmam que “Esta mobilização é parte integrante de um processo de reorganização do Movimento Estudantil Independente. É uma iniciativa de estudantes de várias instituições (IFBA, UCSal, UFBA e UNEB) contra o aumento das passagens nos ônibus. Compreendemos que para se conseguir mudar a politica municipal de transportes é necessário, neste momento fazer um movimento de massas como foi a Revolta do Buzu de 2003, independente dos setores do Movimento Estudantil governista ou partidário (UNE, UEB, UBES, ABES, AGES), ou seja, aglutinar estudantes independentes e trabalhadores, sinceros e indignados com a situação dos transportes em Salvador”.

Além do fato de que a afirmação de que a revolta do Buzu foi feita de modo “independente dos setores do movimento estudantil(…) partidário (UNE, UEB, UBES, ABES, AGES)” ser uma mentira deslavada, nós, da Juventude Revolução, acreditamos que o caminho seja questionar a direção dessas entidades, que por exemplo, até hoje ainda não organizou um ato de rua. A direção dessas entidades simplesmente estão apáticas à situação do aumento do valor do transporte em Salvador, se limitando a soltar uma nota na internet. A UEB e a ABES devem estar nas ruas mobilizando a estudantada junto a outras organizações para combater esse aumento e exigir o Passe Livre.

 Para nós, não adianta virar as costas para os milhares de trabalhadores e estudantes sinceros e indignados que se reconhecem nas suas entidades históricas. Devemos sim colocar a contradição da direção dessas, e não jogar no divisionismo, afastando os estudantes que reconhecem na UNE e UBES e demais entidades. Somos pela unidade nas reivindicações, e, portanto, devemos ir as ruas com todo o movimento social organizado, inclusive conclamar o movimento sindical (CUT, Sindicato dos correios, sindicato dos rodoviários etc.) a se juntar nessa luta que afeta não só os estudantes, mas toda a população,Não venceremos sozinhos, precisamos de toda a força que dispusermos para vencer essa batalha. Nesse sentido, para barrar de fato o aumento da tarifa e avançar em mais conquistas, como o Passe Livre e a não obrigatoriedade da recarga antecipada e outros é preciso a mais ampla frente unica das entidades, ao invés de buscar a divisão,ou se acomodar no imobilismo da atual direção das entidades estudantis. Essa é a condição para a vitória.

 Edielson Moreira, é militante da JR em Salvador  – BA

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