Entrevista com estudante de univ. privada de Minas Gerais

Pela primeira vez história (desde o inicio da pesquisa PNAD-IBGE) mais da metade da população está desempregada e neste momento a evasão nas universidades privadas chega em 31%, tendo um número de 65 mil mais evasões que o mesmo período do ano passado. Resultado da política econômica de Bolsonaro-Guedes que, no ano passado, fez o desemprego aumentar. Durante a pandemia estes números se agravaram ainda mais. 

É nesse cenário que, em Minas Gerais, a Juventude Revolução entrevistou Barbarah, trabalhadora do comércio e estudante de Faculdade Machado Sobrinho. Na entrevista ela diz que “o fim do Governo traria dúvidas para minha realidade se substituído por um novo Governo similar”. E este é o sentimento de muitos jovens e trabalhadores que, ao gritarem “Fora Bolsonaro”, exigem o fim desta política de Guedes, de Ricardo Salles, e demais ministros que, no fim, estão representando os anseios contrários da população! 


1. Para entendermos melhor como estão as coisas na Faculdade Machado Sobrinho, fale pra gente como está a situação na instituição.

– Bom, as aulas presenciais foram suspensas em março, e logo em seguida foram iniciadas as aulas online, de início a faculdade não propôs nenhuma negociação/oferta para os estudantes matriculados e só depois de pressionada a mesma comunicou internamente uma forma para tentar ajudar os alunos para continuarem no curso.

2. Você ou alguém que você conhece teve que interromper os estudos por conta da pandemia? Por quê?

– Eu e alguns colegas tivemos que interromper os estudos por conta da pandemia. Eu particularmente tive que trancar o curso por questões financeiras, desde o final de 2018 eu já me encontrava com dificuldades para pagar as mensalidades, mas a faculdade sempre esteve disposta a me ajudar e negociar da melhor forma possível, no final de 2019 eu comecei a acompanhar o surto de covid na China e no início do ano já tínhamos notícias da mesma em nosso país. Ao observar como estavam sendo realizados os estudos nos países já afetados eu percebi que não iria dar certo pra mim, pois eu gosto de aula presencial, eu aprendo com aula presencial, as aulas online pra mim não funcionam tão bem quanto as presenciais devido a minha falta de concentração e meu desgosto por leitura virtual. Eu gosto que o professor interaja comigo, gosto quando a turma levanta tópicos e isso leva a uma outra questão relacionada a matéria, gosto de debates, gosto de rasurar o papel todo, e já com pouca condição pra mensalidade, gastar com xerox/impressão se torna mais inviável ainda com tantos textos aplicados na Psicologia. Levantando os prós e contras resolvi trancar o curso em fevereiro, sim, antes da bomba estourar e antes das faculdades tomarem essa iniciativa. Hoje agradeço por não ter acumulado mais um semestre de dívidas onde não trariam os benefícios esperados, fui antecipada e cuidadosa desde o início e sinto que não perdi dinheiro e nem tempo.

3. Como você e/ou essa pessoa estão lidando com isso atualmente?

– Posso falar por mim, mas sei um pouco da dificuldade que alguns conhecidos têm passado, é triste. E por mim eu digo que lidar com isso de forma saudável é tentar fingir que o problema não existe e que atrasar minha formação de alguma forma vai ser melhor pra mim no futuro, mas isso é a forma que eu encontrei… Às vezes, me pego pensando em o que sera de mim daqui um ano onde supostamente era pra eu estar formando, mas não estarei e nessa hora o medo bate da porta, vem a ansiedade e todo o mal-estar que eu tento tanto evitar vem a tona.

4. A pandemia trouxe várias dificuldades para as pessoas no geral. Falando de alunos de universidades privadas, onde muitos são trabalhadores que dependem dos trabalhos dos quais estão sendo dispensados e da estrutura física da faculdade para continuar os estudos, como você enxerga a realidade em que o EaD seja contado como período letivo?

– Vejo como uma realidade fake, onde eles imaginam que todo aluno tem acesso a uma internet de qualidade, um computador/celular bom e até mesmo sabe estudar por EaD. Digo fake pois, nem todo aluno tem acesso a uma internet boa para acompanhar as aulas, nem todo alundo tem um computador/celular bom para que seja viavel às horas de aula e nem todo mundo sabe ter a disciplina de estudar por EaD, eu por exemplo teria um grande e árduo trabalho pela frente se estivesse tendo que continuar assim.

5. Algumas faculdades privadas em Juiz de Fora já falam sobre retomar o período letivo presencial no segundo semestre, a partir de agosto. O que você acha disso?

– Meu coração dói ao saber disso, penso nas famílias que perderam entes queridos para o Covid-19, e fico surpresa com a falta de cuidado para com a população retomando a circulação de milhares de estudantes na cidade. 

6. Qual a relação do governo Bolsonaro, e o fim dele, com essa situação, para você? 

O Governo não está se importando em agilizar as coisas em prol dos estudantes, tomou decisões sem pensar muito bem e colocaram em ação sendo falhos e imprecisos. Os estudantes estão sendo prejudicados por falta de competência e compromisso. O fim do Governo traria dúvidas para minha realidade se substituído por um novo Governo similar, mas concordo que seja útil tentar algo novo do que persistir e aceitar conviver com o erro.

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