Fundação Santo André está ocupada contra o aumento de mensalidades

Estudantes da Fundação Santo André estão ocupando o prédio da FAFIL desde de terça-feira após a reitoria voltar atrás no acordo que haviam firmado no CONDIR (Conselho Diretor da Faculdade) de revogar o aumento abusivo de mensalidades.

Os estudantes já haviam ocupado o prédio uma vez no dia 9/11 até o dia 10/11, mas tiveram que desocupar para a realização das provas do ENEM. A Reitoria havia firmado o acordo de revogar o aumento, porém manobrou e enganou os estudantes com uma proposta que isentaria os veteranos do ajuste, mas os ingressantes teriam que arcar com as mensalidades reajustadas, além de não aprofundar o debate sobre o financiamento da Fundação.

A pauta dos estudantes é legitima. Eles lutam contra um abusivo reajuste de mensalidades de 6,5% que é acima da inflação e irá tornar ainda mais caras mensalidades que já possuem valores altíssimos. A FSA passa por uma grande crise incapaz de ser resolvida apenas por força de uma reitoria desconectada dos interesses dos estudantes. A FSA é uma faculdade pública de autarquia municipal, porém contraditoriamente seus cursos são pagos. Desde de 2004 a FSA parou de receber subsídios da prefeitura de Santo André, que somados hoje chegariam aproximadamente em 20 milhões de reais!

Devido a isso a FSA coleciona problemas, muitos cursos foram criados nos últimos anos com intuito de angariar mais dinheiro sobre mensalidades altas com preços iguais a faculdades particulares que já possuem mais tempo de existência e reconhecimento. Um exemplo é o curso de Psicologia, onde as mensalidades variam entre R$ 1,300,00 até R$1,400,00 mesmo sem ser reconhecido pelo MEC! Outro caso é o curso de Direito, que possui mensalidades em torno dos R$1,200,00 e também não é regulamentado pelo Ministério da Educação. Os docentes da FSA não recebem seus salários regularmente desde do final de 2016. Aqueles que não tem seus salários parcelados, simplesmente deixam de receber, alunos relataram que já houveram professores que em um mês receberam apenas R$400,00! Além disso as bolsas são quase inexistentes e muito restritas, a política de permanência estudantil praticamente não existe, dificultando ainda mais a vida dos estudantes. Outra pauta da ocupação é rematrícula dos inadimplentes, que ao não conseguir pagar, são automaticamente desligados da faculdade.

Mesmo diante de tantos problemas, a solução que a Reitoria da FSA encontra, é colocar sobre os estudantes o peso dessa crise. “Os conselhos deliberativos da FSA são todos de cartas marcadas, os representantes da prefeitura, mesmo sabendo que devem subsidiar a Fundação, nada fazem e a situação só piora. É evidente que a Fundação é uma máfia” são como alguns estudantes caracterizam hoje a situação da faculdade.

Na última quarta-feira a ocupação conseguiu um importante apoio. Na reunião do Conselho da FAFIL, os professores aprovaram por unanimidade a suspensão das aulas e do calendário de provas que iria ocorrer nessa semana. Isso ocorreu após um tensionamento entre a Reitora e os docentes da unidade, a mesma reitoria que nesse dia incitou os estudantes a irem para aula através dos meios de comunicação institucionais, mesmo quando o prédio ainda estava ocupado.

Diante disso o movimento ganha um novo fôlego, e prossegue a tentativa de convencer os docentes a embarcarem na luta contra a reitoria da FSA com uma greve unificada com os estudantes.

A FSA é a prova de que a cobrança de mensalidades em universidades públicas é um tremendo ataque a educação, pois desresponsabiliza o Estado a investir nas universidades, precarizando o ensino e o tornando ainda mais restrito.
Dessa maneira a UEE e demais organizações do movimento estudantil devem servir de apoio e instrumento de luta para os estudantes da FSA, em defesa de uma faculdade verdadeiramente pública e gratuita.

Matheus Marin – Militante da JR SP

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