A pandemia de coronavírus no Brasil já alcançou mais de 25.000 infectados e mais de 1.500 mortos. É consenso entre a maioria das autoridades em saúde que o pico da doença é nos meses de abril e maio, onde é previsto um grande aumento dos infectados. O vírus, que chegou ao Brasil em fevereiro, conseguiu afetar profundamente a vida das pessoas, causando afastamento do trabalho, mudando a forma de interação e tirando crianças e jovens da escola por um período, para que assim possam evitar aglomerações e frear o contágio.
Uma das medidas apresentadas para evitar o avanço da doença é a suspensão de aulas presenciais nas instituições de ensino básico e superior. No ensino básico público, os estudantes foram prejudicados, uma vez que, com um olhar voltado para realidade de vida da maioria que compõe a rede pública, percebe-se que – além do ensino ser precário e do acesso limitado às aulas – por falta de uma internet de qualidade – boa parte desse grupo depende da estrutura escolar, a merenda, para obter uma boa alimentação.
Em Minas Gerais, cerca de 380 mil crianças vivem em extrema pobreza, com renda inferior a R$ 89,00 por mês. Para diminuir os impactos desses alunos, o governo estadual anunciou uma iniciativa de um projeto que consiste no financiamento de R$ 50 reais mensais para os alunos pertencentes a rede pública estadual durante 4 meses, uma bolsa merenda, para garantir a alimentação dos que são mais vulneráveis e dependentes da merenda escolar. Zema enfatiza que há crianças com renda um pouco mais alta que essa que também estão na linha da pobreza e que precisam desse auxílio e pedem ajuda às organizações da sociedade civil para conseguir expandir o benefício.
“Tenho certeza que esse valor vai minimizar o sofrimento dessas famílias”, afirma o governador. A questão que se coloca é: R$50,00 não é suficiente para manter a alimentação dessas crianças por um mês inteiro e, mesmo que fosse, quem garante a segurança alimentar e nutricional deles? Fica claro que o governador não sabe, e nem procura saber, os preços dos alimentos essenciais aos quais os alunos tem acesso nas escolas e coloca em risco a saúde desses alunos, que podem ter uma baixa na imunidade por falta de nutrientes, deixando-os como um “alvo fácil” para doenças como o coronavírus.
Zema afirma que o governo do estado não tem verba para garantir um benefício maior aos estudantes, contudo, assim como feito em Juiz de Fora, o estado pode aprovar situação de calamidade pública e assim ficar de fora das amarras fiscais. Dessa maneira, pode investir mais em políticas sociais, levando em conta que é obrigação da União recompor perdas dos estados e municípios. Nesse momento, a prioridade principal dos estados tem que ser resguardar sua população e garantir acesso aos direitos básicos. Uma possível alternativa que visa os direitos básicos, mais eficiente que a tal proposta de Zema, uma vez que apresenta um valor baixíssimo, seria o fornecimento a população de cestas básicas possuindo alimentos balanceados e essenciais para a saúde desses alunos garantindo que os mesmos consigam realizar uma alimentação mensal acima de R$ 50 reais e os excluindo da preocupação de não ter o que comer. Ou é pensar em maneiras de ajudar o povo a passar por essa crise ou aceitar a morte de milhares de pessoas.
Romeu Zema mostra que não beneficia a população como declara. Muito pelo contrário, o governador vem apresentando uma política próxima a de Bolsonaro e em um momento de ameaça a infecção do novo vírus (COVID-19), ele demonstra total despreocupação com os trabalhadores e estudantes no momento em que propôs a volta aos seus postos de trabalho e disponibilizou uma bolsa merenda de valor tão baixo.
Cláudia Ottero e Raíssa – Militante da Juventude Revolução de Juiz de Fora/MG