

No final de 2019 os funcionários e professores da educação do estado do Rio Grande do Sul decretaram greve contra o pacote da reforma estrutural do governador Eduardo Leite (PSDB) que continha oito projetos que visavam alterações no magistério, forças de segurança – Brigada Militar, Polícia Civil, Susepe e IGP – e servidores.
Conversamos com Márcia Damke, militante da Juventude Revolução no RS que, desde o inicio, ajudou na greve e a envolver outros estudantes.
Juventude Revolução: Os professores gaúchos estão mobilizados com greves e paralisações desde o ano passado contra o pacote de maldades do Eduardo Leite (PSDB). De que maneira os estudantes tem atuado para ajudar nesse movimento?
Márcia Damke: Num contexto de greve dos funcionários públicos do estado, os estudantes se solidarizam em especial com a luta dos educadores que vivenciam uma situação de total descaso com seus direitos, sem reajuste salarial a mais de 5 anos. Ano após ano, os estudantes presenciaram esse descaso com seus professores. Os estudantes percebem que lutar junto aos educadores não é só solidariedade, mas a defesa da educação pública de qualidade ameaçada por estes governos. Sendo assim, se somaram às atividades como vigílias em frente à AL/RS para barrar as tentativas de votação do pacote, caminhadas, paralisação de escolas, panfletagem e diálogo com suas comunidades ajudando a engrossar o movimento.
JR: Agora o governo ataca tentando fechar turnos em escolas reduzindo o acesso dos jovens à educação. Existe uma resistência a esse e outros ataques aos direitos estudantis? Como isso tem se dado?
MD: Existe. Imediatamente após as escolas ficarem cientes do decreto absurdo imposto pelo governo, os alunos, professores e comunidade escolar se engajaram na mobilização para barrar a decisão. A Comissão de Educação da AL/RS foi visitada mais de uma vez por uma comitiva de peso contendo comunidade, estudantes e escola cobrando a revogação da decisão, houve panfletagem nos bairros das escolas afetadas para alertar a comunidade da ameça e coleta de milhares de assinaturas em para enviar ao Ministério Público denunciando a situação e pressionando nos deputados estaduais e vereadores. A resistência foi tão grande que em escolas da região da grande Porto Alegre, a decisão de fechamento de turnos foi revogada e seus turnos garantidos. Nas escolas ainda ameaçadas pela decisão, seguimos mobilizando contra e não vamos parar até todas estarem revogadas. Não vamos aceitar nenhuma escola a menos.
JR: A luta por direitos na esfera estadual é uma expressão de uma luta maior, que é política, contra o governo Bolsonaro. Como a JRdoPT está atuando no movimento através dessa perspectiva?
MD: A JRdoPT tem alertado que a política do governo de Eduardo Leite é a mesma de Bolsonaro: destruição da educação, dos direitos e do serviço público. Por meio de intervenções, panfletagens e outros fomos capazes de ajudar os estudantes a entender a situação e dar o tom nas mobilizações. Ajudamos os estudantes a entender que a luta vai além da solidariedade, pois toda a educação está sendo atacada. Bolsonaro e Leite são duas faces da mesma moeda aplicando a mesma política podre, e a juventude e a classe trabalhadora não podem aceitar isso.
JR: As entidades estão preparando uma greve nacional da educação para o dia 18/03. Como a juventude pode participar desse movimento defendendo seus direitos e os serviços públicos?
MD: Começa aprovando posições de apoio e participação nas entidades que estiverem presentes, realizando assembléias para fazer o mesmo nas suas escolas, universidades, mobilizando e dialogando nos bairros, em todo o lugar possível, e relacionando a data com a defesa das reivindicações locais. Podemos, por exemplo, lutar contra o fechamento de turnos em escolas do RS no dia 18/03 como defesa da educação e dos serviços públicos. A defesa dos serviços públicos é a defesa da escola, da universidade, do posto de saúde, etc. Logo, todos rumo ao 18/03!
JR: A UBES fará seu congresso entre 30 de abril e 3 de maio. Qual o papel da UBES na organização estudantil frente a essa destruição da educação pública promovida da esfera nacional até a municipal por diferentes governos aliados de Bolsonaro?
MD: A UBES é a principal entidade dos estudantes secundaristas. Ela deve estar presente no cotidiano dos estudantes, nas escolas, nas ruas, mobilizando e defendendo os direitos estudantis. Portanto, precisa lutar contra o governo Bolsonaro e todos que reproduzem sua política nos estados, sem aliviar pros governadores de esquerda que tem ajudado Bolsonaro como o Rui Costa (PT) na Bahia que também está fechando escolas. Ela tem que ser oposição de verdade e não ficar pedindo #ForaWeintraub como se trocar de ministro da educação resolvesse. É necessário dar um fim neste governo todo que é autoritário e obscurantista, inimigo da educação.